Restaurantes

“Dia de Fúria” no Burger King: clientes contestam fotos enganadoras dos hambúrgueres

Cadeia está ser processada por divulgar imagens pouco realistas dos produtos. Ao melhor estilo Michael Douglas, sem armas, claro.
Agora na vida real.

Quem se lembra da icónica cena de Michael Douglas no filme “Um Dia de Fúria”, de 1993? Aquela em que William Foster entra num restaurante de fast food e pede para comer algo da carta de pequeno-almoço, mas que, ao ver o pedido recusado, passa-se e agarra numa arma. Pede depois um hambúrguer “macio, com cinco metros de altura”, e, em vez disso, recebe “uma coisa magra, com ar deslavado” — o que só piora a situação. Pois bem, nos Estado Unidos aconteceu uma parecida — mas sem armas nem ataques de fúria. Ali, vários clientes chateados com as imagens enganadoras do Burger King decidiram atacá-lo. Desta vez, por meios judiciais.

Quantas vezes olhou para a foto de um hambúrguer de uma grande cadeia de fast food e pensou que não correspondia à realidade? Se já lhe aconteceu várias vezes, é mau sinal — para si e para a empresa. Por um lado, o consumidor sente-se enganado e desiludido com o pedido, por outro, o restaurante pode sofrer consequências legais pela ação considerada enganadora. É precisamente o que está a acontecer com o Burger King.

Um juiz dos Estados Unidos da América rejeitou a tentativa da rede norte-americana de encerrar uma ação judicial que alega que os seus hambúrgueres Whopper parecem maiores nos menus do que são na realidade. Assim, e segundo avançou a agência de notícias Reuters, a marca deve mesmo enfrentar um processo.

Os clientes juntaram-se e, numa ação coletiva, acusaram a cadeia de fast food de retratar os hambúrgueres como tendo ingredientes que “transbordam o pão”. Os queixosos consideram também que as imagens fazem os produtos parecer 35 por cento maiores e que contêm mais do dobro da carne daquela que é depois realmente servida.

O Burger King, anteriormente, já tinha argumentado que não é obrigado a servir hambúrgueres que sejam “exatamente como nas fotos”, mas o juiz norte-americano Roy Altman considerou que era ao júri a quem cabe a tarefa de “dizer o que as pessoas razoáveis pensam”, cita a Reuters.

Altman, no entanto, rejeitou as alegações de que a marca havia enganado os consumidores através dos anúncios online e de televisão, tendo em conta que não encontrou nenhum em que o Burger King prometesse um “tamanho” ou “peso” de hambúrguer e que depois não o servisse.

Segundo um porta-voz da insígnia, as alegações em causa “são falsas”, citou a “BBC”. O mesmo referiu que “os hambúrgueres grelhados retratados nos anúncios são os mesmos usados ​​nos milhões de hambúrgueres Whopper que se servem aos clientes em todo o país”. O site do Burger King descreve o Whopper como “o hambúrguer que governa todos eles”, que contém carne “realmente carnuda” e outros ingredientes.

Simultaneamente, algumas das empresas rivais, como McDonald’s, a Taco Bell e Wendy’s, encontram-se a enfrentar processos do mesmo género nos EUA.

No início deste ano, a Taco Bell foi processada por vender pizzas e wraps que supostamente continham metade do recheio anunciado. No ano passado, um homem em Nova Iorque propôs uma ação judicial coletiva contra a McDonald’s e a Wendy’s, na qual acusou as duas empresas de práticas comerciais injustas e enganosas. O processo alegou que os hambúrgueres do McDonald’s e da Wendy’s, em materiais de marketing, eram, pelo menos, 15 por cento maiores do que são na realidade.

Já no Reino Unido, a Advertising Standards Authority (ASA) analisou uma reclamação relativa a um anúncio de 2010 a um dos hambúrgueres de frango do Burger King. “Nesse caso, o hambúrguer não era tão gordo e não tinha tanto recheio como o mostrado no anúncio e, por isso, o spot foi proibido”, disse uma responsável pela comunicação da ASA, à BBC.

“Os consumidores devem poder confiar nos anúncios que veem e ouvem. Não devem ser materialmente enganosos, não devem ser ambíguos e não devem exagerar ou omitir qualquer informação importante”, acrescentou.

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