Em 2023, saíram mais de 35 mil refeições de uma pequena cozinha nos Anjos, em Lisboa. O responsável pelo feito da dark kicthen é Bertrand Bizot-Espiard. O francês de 47 anos é apaixonado por pratos tailandeses, coreanos e vietnamitas. O sucesso do negócio de delivery que criou levou-o a abrir um espaço onde pudesse receber os fãs da sua cozinha de fusão. Picoas foi o bairro escolhido para receber o Street Chow, um restaurante de especialidades asiáticas.
Bertrand mudou-se para Portugal com a mulher e os filhos em 2018. Nascido em Dijon (França), sempre teve o sonho de ser cozinheiro. “Era a minha paixão”, conta à NiT. No entanto, sabia que se continuasse a viver naquela região não ia conseguir seguir o rumo profissional que ambicionava trilhar. Passou pelo Luxemburgo, mas foi em Estocolmo que decidiu assentar. Viveu na Suécia durante 10 anos, onde “trabalhou na área financeira”, que lhe deu bases para agora gerir o negócio.
Porém, a profissão não o fazia feliz. Com saudades da criatividade que podia usar livremente na cozinha, decidiu mudar-se com a família para a Tailândia. Enquanto lá esteve ficou fascinado pela cultura gastronómica daquele país. “Os pequenos restaurantes, com comida local, abertos de manhã à noite, com pessoas a comerem no meio rua. Aquilo era incrível”, recorda.
Quando voltou para o norte da Europa, sentiu saudades do calor e da simpatia das pessoas que tinha conhecido no sudoeste asiático. Porém, o que o deixava mais ressentido era a profissão. Bertrand queria voltar à cozinha.
“Adoro a street food asiática e sempre sonhei ter um restaurante do género.” O cozinheiro não conhecia o nosso País, mas durante os anos que viveu em Borgonha e no Luxemburgo, conviveu com as comunidades portuguesas e tinha ficado impressionado pela forma como descreviam a terra natal. Quando começou a pensar para onde se queria mudar, decidiu “fazer umas pesquisas sobre Lisboa” e em pouco tempo tinha a decisão tomada. “Percebi que aqui havia espaço para fazer o que queria, tinha recebido feedback positivo relativamente à educação dos miúdos e, claro, o bom tempo também ajudou”, admite.
Em poucos meses organizou a mudança da família para capital e assim que chegou, lançou-se no ramo dos vinhos naturais. Em simultâneo começou a desenhar o projeto do Street Chow. “Precisava de uma cozinha industrial onde pudesse confecionar pratos de diferentes origens: Basag (da cozinha coreana), Grain (da vietnamita) e Pthai (da tailandesa). O objetivo era ter uma dark kitchen e trabalhar apenas como delivery. Encontrei-a nos Anjos, durante o primeiro confinamento de 2020.”
Enquanto uns olhavam para a pandemia assustados, por não saberem o que podia acontecer, Bertrand viu uma oportunidade de negócio. “As pessoas encomendavam muita comida para casa, por isso, foi um sucesso”, conta à NiT.
Nos dois últimos anos o negócio cresceu e, em agosto de 2023, abriu um restaurante em Picoas. “Nos primeiros meses estivemos em soft opening, para percebemos como ia correr, quais os pratos que funcionavam melhor e os horários em que devíamos apostar”, detalha.
No início, Bertrand assegurava a cozinha sozinho, entretanto, contratou um sous chef, especialista em cozinha asiática. A seguir, aproveitou o final do ano para limar algumas arestas e entrar em 2024 “com outro ritmo”.
“Esta zona é muito central, com muitas empresas e negócios. A hora de almoço é muito forte e, depois, ao final da tarde, podemos apostar no bar, para quem gosta de beber um copo ao fim do trabalho. À noite continuámos a ser procurados para quem gosta deste tipo de cozinha. Por isso, trabalhamos ininterruptamente do meio-dia às 23 horas”, explica.
O lista de sugestões inclui bowls vietnamitas cheias de cor, pad thai de camarão (13,90€), tofu (12,90€) ou peito frango crocante (10,90€). Porém, o bestseller continua a ser a Bo Bun de leitão (11,90€), uma salada de massa de arroz que leva também cenoura, pepino, couve roxa, cebola frita, alface e um molho especial. O hambúrguer de frango (11,90€) é outra das estrelas do menu, assim como arroz frito (4€). Seja qual for a escolha, Betrand garante: “Irá sentir que poderia estar do outro lado do mundo, a provar um prato típico numa qualquer rua apinhada de food trucks”.
Para acompanhar a refeição há cocktails e limonadas especiais que harmonizam com os sabores fortes dos pratos. O Kyoto Sour (8€), por exemplo, leva sake, limão, Tabasco e toranja. O Sakura Frozen (8€) é feito com rum, lima, folhas de lima, agave e morangos. Para quem não gosta deste género de bebidas, têm ainda uma vasta linha de vinhos naturais e espumantes.
Se não dispensa um doce no final, peça uma tapioca peal coconut (4,50€), com leite de coco e banana; ou um mango sticky rice (4,50€), uma espécie de arroz-doce com manga.
A decoração do espaço ficou a cargo do atelier do arquitetura Arkstudio, responsável por alguns restaurantes que Bertrand tinha como referência em Lisboa. O Street Chow tem capacidade para receber até 20 pessoas no interior, onde também existe um balcão com bancos altos. A esplanada tem mais 20 lugares.
Bernard sublinha ainda que o espaço é inclusivo, com pratos pensados para as diferentes necessidades alimentares e acessível a animais de estimação.
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