Esta semana, cerca de quatro meses após a inauguração do Escama, na Parede, em Cascais, só se tem falado sobre este restaurante nas redes sociais. E os motivos não são os melhores. As “declarações misóginas” — assim descritas pelo próprio espaço num comunicado divulgado esta sexta-feira, 9 de setembro — de Pedro Silva Carvalho (34 anos), geraram uma onda de reações negativas que culminaram no afastamento do profissional.
“Não nos revemos no que foi dito, pelo que este era o único caminho a seguir”, disse à NiT Henrique Silva (34), o outro sócio, que agora passou a ser único. Em causa estão as frases utilizadas por Silva Carvalho para justificar a ausência de mulheres na equipa, numa entrevista à revista “Time Out”.
“Não sou apologista de mulheres a trabalharem em restauração”, começou por dizer. Acrescentou: “Já estive responsável por muitas, muitas pessoas, e as mulheres são muito conflituosas a trabalhar em restauração”.
Polémicas à parte, há muito mais para dizer sobre este Escama, e é inevitável falar do elemento que sai do projeto. João Assunção, o gerente, conta que Henrique e Pedro eram amigos há muito tempo e sempre quiseram ter um negócio em comum. Quando surgiu a possibilidade de construir algo de raiz, não hesitaram. Meses depois abriram o espaço, fruto da experiência de ambos em gestão. O primeiro mais ligado à organização de eventos; o segundo já com experiências na parte do peixe e marisco.
Aqui, usaram as respetivas vivências para “criar uma marisqueira diferente”, como João diz. “Hoje em dia, infelizmente, a maioria das marisqueiras estão paradas no tempo há muitos anos. É uma situação que começa a mudar, mas ainda acontece bastante. Tudo é grelhado, frito ou até apresentado da mesma forma. Muda só a qualidade e o preço. Queríamos algo distinto, sem nunca abdicar da qualidade”, acrescenta.
Esta aposta é visível tanto no espaço, luminoso e elegante, quanto na carta, que muda a cada quatro meses, pelo compromisso de trabalhar com produtos de época. Assim, não faltam os clássicos, claro — a amêijoa à Bulhão pato (23€), as gambas à guilho (20€) e a sapateira (35€/kg) são exemplos —, mas há um toque de originalidade dado pelas mãos do chef Miguel Garcia, que chega de São Tomé e Príncipe, onde tinha a cargo a cozinha dos hotéis HBB.
Nos pratos principais, uma das estrelas é o que chamam “uma espécie de bacalhau” (18€). Trata-se de um “bacalhau reagrupado com granola e alga nori, que leva molho hibisco e é acompanhado com batata rosti, bimis e cenouras baby para fugir aos tradicionais legume salteado e batata a murro”. Tamboril em noisette (16€) e tataki de atum (18€) são outras opções a considerar.
Para sobremesa, a NiT sugere que peça o bolo de bolacha (6€) ou o gelado caseiro (4€).
Carregue na galeria para espreitar o Escama e os pratos que servem.