As longas filas de espera que se aglomeram junto à porta de um pequeno restaurante na Estrada Nacional de Sintra dizem quase tudo o que há para dizer sobre o Cabra Macho, o pequeno tasco que abriu em março de 2023 e que é alvo de romarias. Por lá, enfileiram-se portugueses e turistas à procura dos petiscos “à moda antiga”. E se odeia filas, mas adora um bom petisco tradicional, temos boas notícias: a taberna tem agora um quiosque noutra zona da vila.
Por detrás do negócio estão o casal Sarah e Simão Lima, bem como o irmão deste último, Duarte. O trio abriu o primeiro tasco num dos “locais mais improváveis de Sintra” e o sucesso levou-os a ponderar sobre um novo empreendimento.
“As filas que se formam aqui à porta e o tempo de espera desmotivam muitos clientes a ficar, por isso precisamos de encontrar soluções. Em setembro abrimos a cervejaria no piso superior do Cabra Macho e agora criamos um quiosque, onde podem encontrar as nossas famosas sandes”, conta Simão de 33 anos à NiT.
A solução que procuravam surgiu noutro negócio do qual são proprietários, o Velho Oeste. O local, amplo o suficiente para receber uma área de lazer com sofás, escondia uma porta secreta para um espaço ainda sem utilidade. Os sócios reconheceram o potencial da sala e criaram um quiosque, com porta independente, onde, desde 26 de novembro, vendem apenas os bestsellers do Cabra Macho.
“Costumo dizer que agora somo o McDonald’s português, porque servimos as nossas sandes juntamente com o nosso vinho, o Melhor que Merda, em menos de um minuto. Não há fila de espera e tem estacionamento”, adianta o proprietário.
Das 13 sandes disponíveis do menu destaca-se a Sandes da Patroa (4,20€), que Simão revela que é a mais vendida do Cabra Macho. É feita com pernil, queijo da serra e linguiça comprada no Mercado do Bolhão. Logo a seguir, a ocupar o segundo lugar do pódio das favoritas, surge a Sandes de Ranholas (4€), que combina linguiça fresca, queijo, fiambre e ovo estrelado. O pão é caseiro e feito seguindo a receita da avó paterna, minhota, com que os irmãos passavam as férias grandes.
“Somos alfacinhas, mas grande parte de nós ainda é de raiz minhota. O nosso pai é de Vila Praia de Âncora e sempre fizemos quilómetros para passar férias e comer bem. É ainda na terra natal dele que compramos o peixe fresco para a nossa sandes de filete, feita com peixe fresco. O nosso staff delira com a qualidade”, diz.
Do norte, mas de Amarante, chega o vinho caseiro a que a família chamou de Melhor que Merda e que tem sido um sucesso no primeiro espaço. “Trata-se de uma referência de transição. Não é um vinho branco, nem um tinto. Somos nós que o fazemos, leva apenas uva e começou com uma brincadeira numa tasquinha em Baião, onde parávamos sempre que íamos ao Minho para comer e beber. Em conversa, sugerimos começar a fazer lá o nosso vinho e assim foi”, revela. O Melhor que Merda é servido a copo no novo espaço. Cada dose custa 2,20€, mas Simão garante que vem “a transbordar”.
O quiosque está aberto de terça a sábado das 12 às 19 horas e é um projeto pensado para Duarte e Simão, que foram pais recentemente e querem ter mais tempo para a família. “Estamos todos os dias no espaço porque queremos fazer a casa, adoramos o conceito e divertimo-nos a trabalhar. Mas quando saímos daqui desligamos”, diz.
Neste novo espaço também não há tempo a perder, nem lugares para sentar: “É entrar, provar os nossos amendoins à discrição, escolher a sandes, comer, provar as farófias e andar”.
O nome do espaço, que continua a provocar reações, tem uma explicação simples e resulta de uma situação peculiar. “Cabra Macho é uma expressão utilizada no Brasil, especificamente na Bahia, onde me casei. No nosso casamento religioso, o pastor referiu-se à minha mãe como cabra macho, o que me deixou indignado. Ninguém deve chamar cabra à minha mãe, especialmente no dia do meu casamento”, partilha Simão.
“Entretanto, compreendi que a expressão é usada para descrever uma mulher forte. Não se trata de um machão, como diríamos aqui, mas sim dessas mulheres antigas que trabalham duro e fazem tudo sem receios, a ponto de poderem ter barba e parecer homens. De uma situação que me deixou frustrado, e que comentei com várias pessoas, acabei por guardar o nome. Não é uma referência a alguém específico, mas algo que me ficou gravado na mente.”
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