“Não há cabrito como o do Arcoense”, dizem os fiéis do prato que origina verdadeiras romarias até Braga. Entre eles estão nomes conhecidos, como Luís Montenegro e Rúben Amorim, que comandam uma lista invejável de famosos que por lá passam.
A viagem tem quase sempre um alvo bem definido, o cabrito pingado, que é uma das estrelas da casa. O prato, agora feito por Filipa Barroso, filha do proprietário Joaquim Barroso, inspira-se numa das receitas mais famosas no Minho, a Foda de Monção. “É feito no forno, onde o arroz é colocado numa assadeira de barro, com uma calda. Enquanto o cabrito assa, por cima de uma grelha, os sucos caem no arroz, que está previamente misturado com enchidos caseiros, como chouriço e bacon, e cozinham-no”, explica a cozinheira. O resto pode atribuir-se à própria qualidade da carne, criada numa quinta que a família comprou na Póvoa de Lanhoso. Uma porção para uma pessoa custa 25€.
Este prato é o “cartão de visita da casa” desde 1988, quando o Arcoense passou de um simples snack-bar a um restaurante. A história, caricata, é uma das favoritas da família. Tudo começou quando Joaquim Barroso veio de férias a Portugal, após estar emigrado nos EUA durante mais de um ano. Passou pela zona da Quinta da Capela, em Braga, e viu que um antigo snack-bar estava à venda. Assim que percebeu que ali se mantinha o Instituto da Mobilidade e dos Transportes, percebeu que havia “potencial para criar uma casa cheia”.
Sem qualquer experiência em restauração, o antigo carpinteiro decidiu comprar o espaço e manteve o nome do antigo proprietário, que era de Arcos de Valdevez, mas reformulou o conceito. “O meu pai sempre quis ter um restaurante, mas sabia que não queria servir diárias nem pratos sem qualidade. Esse era um ponto inegociável. A grande aposta era nas receitas tradicionais, com produtos bons”, conta a filha de 42 anos, que agora gere o negócio e comanda a cozinha, antigamente liderada pela tia, Zulmira Veloso.
Joaquim Barroso sempre teve mão para a cozinha, mas deixou o departamento entregue à cunhada para poder tratar “do resto” e estar sempre perto dos clientes. Os pratos seguem o receituário típico do Minho, com a diferença que na cozinha só entra carne de criação própria. “Temos uma quinta na Póvoa de Lanhoso que o meu pai comprou há cerca de 22 anos para a produção do porco bísaro. Entretanto, passou a criar também galinhas, cabritos, leitão, frangos. Desta forma, garantimos a qualidade de um produto caseiro e certificado”, explica a gerente.
Na impossibilidade de ter o mar à porta, garantem a qualidade com incursões diárias a Angeiras. “A matéria-prima tem muita qualidade, mas depois também nos distinguimos porque é tudo feito na hora, sem preparados”, revela.
Estas características têm servido de convite a muitas caras conhecidas. Pinto da Costa, Rúben Amorim e o plantel do Braga são clientes habituais, numa lista que conta ainda com nomes como Francis Obikwelu, Joana Vasconcelos e Vasco Palmeirim.
“Recebemos os clientes de forma igual. Alguns até se tornam amigos”, adianta Filipa Barroso. O atual treinador do Sporting Clube de Portugal, que a partir de domingo irá rumar ao Reino Unido para assumir o comando técnico do Manchester United, é presença assídua e um dos casos que se tornou “amigo da casa”. “O Rúben é daqueles clientes que já tem o nosso número privado e liga-nos sempre que quer vir cá almoçar com a família. Por norma pede o cabrito pingado ou então uma cataplana de robalo, que é outro dos favoritos”, conta Filipa Barroso.
Para os que, ao contrário de Rúben Amorim, não apreciam cabrito ou robalo, há cozido à portuguesa (24€), feito com o porco criado na Quinta do Rio, da família, e papas de sarrabulho, servidas com rojões à minhota (25€). Na carta, entregue numa Enciclopédia Médica da Família, encontra ainda prescrições para provar as pataniscas como entrada, rabo de boi estufado (26€), o polvo no forno (22€) para prato principal e Claudinos de Ovos Moles, uma Aletria ou o Pudim Abade Priscos para fechar a refeição.
E, para aconchegar todos os sabores fortes que já são característicos da comida minhota, os proprietários optaram por manter uma carta de vinhos nacionais, com foco no Douro e no Dão.
O Arcoense tem 80 lugares e está decorado de forma elegante e minimalista. Ali os protagonistas serão os cozinhados de Filipa, que desde os 18 anos passou a liderar o negócio com o pai.
Carregue na galeria para conhecer o pequeno restaurante que se tornou um dos favoritos de futebolistas, treinadores, presidentes de clubes de futebol e figuras políticas.