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Famoso restaurante em Vila Pouca de Aguiar fechou por falta de pessoas para trabalhar

A falta de funcionários "com ou sem formação" no mundo da restauração tem impactado alguns negócios. Costa do Sol foi um deles.

O fim do verão trouxe mais dissabores do que seria de esperar a Trás-os-Montes. Após o encerramento do Lazaru’s e da Tasca do Zé Tuga, em Bragança, foi a vez do restaurante Costa do Sol, que faz parte do hotel Aguiar da Pena, fechar as portas. O espaço, conhecido pela carne maronesa certificada, serviu os últimos almoços a 1 de outubro.

Ao contrário do que aconteceu em Bragança, em que os proprietários não deram qualquer justificação para o encerramento deixando os colaboradores sem salários ou respostas, em Vila Pouca de Aguiar ficou “tudo em pratos limpos”. António Pinho, que inaugurou o hotel onde o espaço se inseria em 1979, decidiu fechar o restaurante quando se viu com falta de funcionários.

“Este espaço precisa de seis empregados para se manter aberto. Quando em setembro duas das funcionárias decidiram sair, por motivos pessoais, percebi que tinha chegado ao fim. Informei-os, paguei todos os direitos e devidas indemnizações e encerrámos este ciclo”, disse António Pinho à NiT.

A falta de pessoas é o único motivo apontado pela gerência para o encerramento do restaurante. António Pinto revelou que não conseguia contratar funcionários “com ou sem formação” para trabalhar. Cansado de procurar, percebeu que estava a altura de “fechar um ciclo”.

“Vamos focar-nos no hotel, onde apesar de tudo não temos falta de pessoal, porque cada um faz um turno direto. No caso do restaurante, como é repartido, fica mais difícil encontrar staff. Uma das funcionárias que saiu em setembro era das mais antigas e apenas cessou o contrato porque se mudou para a Área Metropolitana do Porto”, refere o dono do hotel com mais de 40 anos que, em 2011, decidiu abrir um restaurante ao público.

O Costa do Sol surgiu por sugestão do filho, Pedro, que via no local uma oportunidade para comunicar o hotel e apresentar as especialidades da região. Contudo, só conseguiram concretizá-lo em 2011, quando o inquilino que explorava o restaurante saiu. Fizeram várias obras de remodelação e começaram a apostar no menu. Em pouco tempo já tinham a casa feita, com clientes que se mantiveram até à data de fecho e que agora lamentam o desaparecimento de uma das casas populares de Vila Pouca de Aguiar.

A falta de movimento nunca foi um problema no Costa do Sol, pelo contrário. Por dia, atendiam cerca de 50 clientes e a maioria vinha pelo mesmo: a vitela maronesa grelhada, acompanhada de batatas fritas às rodelas e de couve salteada. A carne de origem portuguesa com Denominação de Origem Protegida pela União Europeia desde julho de 1996 é obtida da raça Maronesa, que se encontra nas montanhas do Marão, Alvão e Padrela. Quem lá ia, tinha a garantia do certificado da Cooperativa Agrícola de Vila Real de que ali se comia a verdadeira vitela desta raça e isso tornou-se num chamariz de novos clientes. Normalmente era seguida de um prato de presunto (6,50€) e alheira assada (5,50€), que eram sugeridos para entradas.

Quem não ia pela vitela, pedia o bacalhau à casa (22€) com cebolada e batatas fritas, ou outra das especialidades, o cabrito assado no forno. No final nunca faltava uma tarte de coco caseira e um vinho da região a acompanhar.

Para António Pinto “não é fácil fechar portas”, “sobretudo quando felizmente não existem problemas financeiros nem de falta de clientes”. Contudo, é pragmático e olha para esta decisão como um “ciclo que se fecha para outro se abrir”. Com o encerramento da Costa do Sol, que recebeu o nome pela incidência de luz natural nas janelas do restaurante, vai dedicar-se ao hotel da família, que construiu em 1979 primeiro para ser uma residencial e que depois foi evoluindo e transformado no que se conhece hoje.

O Aguiar da Pena, com três estrelas, “continua aberto e de boa saúde”, como garante António Pinto. O espaço foi renovado em 2022, tem 40 quartos e duas suites e disponibiliza piscina e bar.

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