Em “Comer, Orar e Amar” Julia Roberts parte numa viagem de autodescoberta. Liz Gilbert, a personagem, escolhe Itália como a primeira paragem e o roteiro tem um objetivo bem definido: devorar todos os pratos típicos. Pizzas, massas, foccacias, vinho e gelado. Tudo. Por Lisboa, é possível usar o mesmo método de cura n’A Focazzeria, na Rua das Pretas, aberta oficialmente desde o início de outubro, onde brilham na carta propostas frescas “e bem italianas”.
Alexandre Martins, empresário lisboeta e dono de vários projetos de restauração na cidade, decidiu desafiar o melhor amigo, Pedro Camacho (44 anos), para abrirem algo diferente. O grande objetivo passava por criar um local que permitisse a locais e turistas provar “o melhor de Itália no coração de Lisboa”, mas que não fossem obrigados a sentar e a esperar por uma refeição completa.
Lançaram-se então numa aventura pelos restaurantes italianos, na tentativa de trazer os melhores sabores para rechear as foccacias. “Na Baixa não se encontram opções do género, por isso queríamos encontrar um local, perto da Avenida da Liberdade, para receber este conceito ligado ao pão italiano. Encontramos o espaço e depois de várias obras abrimos, em soft opening, em abril. Os últimos meses foram passados a afinar detalhes e a perceber o que funcionava”, conta o gerente do espaço, que já passou pelo restaurante Animal, também na capital.
Pedro Camacho trabalhou durante duas décadas na área do fitness, até que a pandemia lhe trocou as voltas. Com os ginásios fechados, decidiu aceitar o convite do amigo para deixar o exercício físico e dedicar-se à restauração. Embarcou na aventura no Animal, para gerir a cozinha, a sala e o bar, e ali recebeu todas as bases de que precisava para agora ficar à frente do novo projeto.
“Este espaço é muito pequeno, pensado para quem gosta de uma refeição prática e saborosa ou mesmo de comer enquanto caminha pela cidade”, explica. E se ao início tinham uma montra carregada de queijos e enchidos italianos, com o passar dos meses e uma óbvia lista de favoritos por parte dos clientes, decidiram reduzir o número de produtos. Agora apostam numa carta mais curta que junta as famosas sandes a pizzas e sobremesas típicas como os cannollis.
A focaccia, a estrela do restaurante que tem apenas 13 lugares, é feita com uma massa preparada por um fornecedor italiano e depois terminada no espaço. Os clientes podem escolher entre a Morning Bite (9€) recheada com húmus de grão, queijo feta, pico de galo, cebola crocante, ovo e alface; a Goat (9€) feita com queijo de cabra, cebola caramelizada, nozes e azeite de trufa, ou a de Mortadella (9,50€) com pistácio, stracciatella, pesto e mortadela.
Os fãs de clássicos podem sempre apostar na Prosciutto Cotto (9,50€) com maionese de salsa, stracciatella, mozzarella fior de latte, alface e o presunto italiano. Os vegetarianos têm a Roasted Veg (8,50€) feita com burrata, beringela, pimentos, azeitonas, tomate e zest de limão, ou a Ms Salad (8,50€), recheada com húmus de beterraba, coentros, lima, cenoura, couve e tomate. Os legumes usados chegam todas as manhãs dos mercados locais e os enchidos e queijos viajam diretamente de Itália.
As pizzas são também feitas no momento, em frente aos clientes e a lista de propostas tem alguns dos clássicos mais conhecidos como a Margherita (10€), a Diavola (12€) com salame ventricina, cebola roxa e mil picante caseiro e a Funghi & Bacon (14€) feita com creme de carbonara, cogumelos, mozarella fior de latte, bacon, ovo e zest de limão. As propostas mais originais encontra a Chicken (14€) com tomate, mozarella fior de latte, tomate, frango, jalapeños, cebola caramelizada, coentros.
Para sobremesa, ou lanche, porque no que toca a doces não há horas nem regras, há cannoli (4,50€) recheado com ricotta e pistacchio, uma pizza de Nutella com leite condensado a avelã picadas (10€) e, claro, o clássico tiramisú (6€).
Tudo é feito de forma rápida, para comer e andar. Caso esteja com pouca vontade de mastigar em andamento, pode aproveitar para se sentar e apreciar os mármores antigos que decidiram deixar no interior e beber um copo dos vinhos naturais da lista (entre 6€ e 8€). “Fomos seletivos e criamos uma carta com uma seleção de cinco tintos, onde incluímos um Tourónio, por exemplo, quatro brancos, onde se destaca o Marel e orange wine, todos naturais”, específica.
Sem álcool há opções de chás frescos do dia, feitos no espaço. As propostas variam, normalmente, entre frutos vermelhos, camomila e laranja ou outros sabores mais cítricos.
O nome do espaço surgiu da junção de focaccia e pizzaria e, segundo o proprietário, tem sido alvo de comentários por parte dos turistas italianos. “Têm elogiado muito os sabores e a confeção e há até quem pense que o nome foi dado em engano ou em homenagem a um prato que existe em Bari e que se trata de uma focaccia revistada a tomate”, conclui Pedro Camacho.