Não é um espaço típico. Localizado em Campo de Ourique, em Lisboa, o Cícero Bistrot é uma celebração da arte, da gastronomia francesa e da vida cosmopolita. Não é só um restaurante, mas também não se trata apenas de uma galeria. É um conceito original que pode causar estranheza a alguns, mas que oferece uma experiência imersiva — enquanto faz a sua refeição tem a oportunidade de contemplar a coleção que Paulo Macedo, um dos sócios-fundadores, reuniu ao longo de 25 anos. O espaço abriu durante este mês de julho.
Como é que surgiu esta ideia? “Quem coleciona arte começa a ter algumas questões: guardá-las ou dar-lhes uso? A arte serve para que as pessoas a possam apreciar. Como é que eu poderia fazer alguma coisa com a minha coleção para que as pessoas a pudessem admirar? Achei que o restaurante era o modelo mais adequado. A junção das sensações trazidas pela arte e pela comida fez-me todo o sentido“, explica o colecionador à NiT.
O nome do restaurante remete para Cícero Dias, pintor modernista brasileiro do século XIX. “Tudo gira à volta dele. O pintor saiu do Brasil em 1932 e foi viver para Paris. Esteve em Lisboa de 1941 a 1944 e depois voltou para Paris. Viveu lá sessenta anos. A obra remete para o Brasil, mais foi tudo pintado em França.”
Paulo Macedo sublinha ainda: “Temos vitrais da artista parisiense Marianne Perettique, que fez o contrário: nasceu em França, mas mudou-se para o Brasil. Os dois artistas fazem o diálogo entre Brasil e França, que também passa por Portugal pela breve estadia de Cícero Dias”.
A gastronomia, maioritariamente francesa, está mais do que justificada. Mas “tem um toque brasileiro e ingredientes portugueses”, garante o sócio, justamente pela nacionalidade do pintor e pela sua passagem por Portugal. “Por exemplo, o borrego tem uma crosta de mel. Este mel é de engenho precisamente porque Cícero Dias nasceu num engenho de açúcar”
Os pratos mais elogiados da ementa são o borrego em corte francês com crosta de mel de engenho, quinoa com tomate seco, espargos, papaia desidratada, saladinha de rúcula e ervas (35€); o carabineiro e robalo do mar em molho de coco, azeite de dendê acompanhado por arroz basmati salpicado com salsa (39€); e a sobremesa, banana levemente panada em farinha de rosca, molho de chocolate negro da Amazónia e gelado de açaí (11€).
O responsável pelas opções gastronómicas é o chef Hugo Cortez, que passou pelas cozinhas do restaurante Eleven, do espaço de Henrique Sá Pessoa e do Hotel Boutique Wine and Books. Quanto aos vinhos, a carta é da responsabilidade do sommelier Rodolfo Tristão. São 21 obras espalhadas pelo restaurante de artistas como Cícero Dias, Marianne Perettiquem, João Câmara, Lula Cardoso Ayres ou Kllian Glasner. Todos originais.
O restaurante tem 40 lugares dentro e nove na esplanada. Carregue na galeria para ver alguns dos pratos que são servidos no novo spot lisboeta.