Brasil, Macau, Cabo Verde, Angola, Goa e Timor. Parece a letra da música dos Da Vinci “Conquistador”, mas são os países da lusofonia que vai encontrar à mesa do Geographia, o novo restaurante de Lisboa — que está desde esta segunda-feira, 30 de julho, em soft opening junto ao Museu Nacional de Arte Antiga e do Largo Dr. José Figueiredo, entre Santos e Alcântara. O objetivo foi homenagear a cozinha portuguesa através dos países que por ela foram influenciados.
“Quisemos mostrar muito do que os portugueses trouxeram ao mundo através de alguma fusão”, explica à NiT Rúben Obadia, um dos três sócios do novo Geographia e que também é responsável pela agência de comunicação Message in a Bottle. A ele juntarama-se Miguel Júdice — que tem outros negócios na cidade, como o Naked, e fora de Lisboa, como a Quinta das Lágrimas — e Lucyna Szymanska, que é responsável por uma das maiores agências de modelo polacas, a D’Vision.
Já eram amigos há algum tempo, mas nunca tinham tido um negócio juntos. “Conseguimos o espaço em dezembro, ainda antes de termos o conceito. Aqui funcionava o Lumar, um restaurante com picanha e comida africana.” Em março, começaram as obras, já com a ideia definida do que queriam fazer.
“Encontrámos em Lisboa restaurantes de todo o mundo, como mexicanos e asiáticos, mas nenhum que elogiasse a gastronomia portuguesa que está espalhada por vários países”. As receitas chegaram com a ajuda de familiares de amigos dos países por onde passaram os portugueses durante a altura dos Descobrimentos.
Para entrada há dim sum de Macau com pimentos doces (6,50€), fritos de quatro continentes, um croquete de carne, um pastel de bacalhau com mandioca, um de massa tenra com sardinha e outro de tapioca (6€) ou a salada moma tiomorense, com frango, batata doce, grão, banana, amêndoa e laranja (7€).
Nos pratos continuam as referências a vários países. É o caso do caril de camarão de Goa servido com arroz de coco (14€), a moamba de peixe de Angola (13€), a galinha do campo com caril de amendoim (14€) ou a picanha com baião de dois, uma mistura de feijão e arroz e mandioca frita (16€).
Para terminar há quindim com sorbet de capirinha (5€), mousse de chocolate de São Tomé com salame (5€), leite creme com abacaxi caramelizado (6€), e o Melhor Pão de Ló do Universo, que Miguel Júdice leva para todos os seus espaços. Durante os dias de semana há menu de almoço a 14€, com direito a entrada, couvert e um prato da carta que já está definido — a partir de setembro será sempre uma criação nova. Já aos sábados, daqui a algumas semanas, vai arrancar um menu especial de almoço com feijoada.
O restaurante tem duas salas e capacidade para 50 pessoas. O chão é o original do antigo Lumar. As mesas e as cadeiras também foram restauradas para o novo Geographia. Na primeira sala, assim que entra, tem a zona do balcão e numa das paredes está a ilustração de um rinoceronte, que é também o logotipo do restaurante. “Mais uma vez o objetivo foi simbolizar o cruzamento de culturas da expressão portuguesa que inspira o restaurante.”
Este é um desenho de Albrecht Dürer do animal chamado Ulisses, que foi oferecido pelo governador da Índia a Afonso de Albuquerque e que depois o enviou ao rei Dom Manuel I. O rinoceronte chegou finalmente a Portugal em maio de 1515, altura em que D. Manuel I o quis enviar para o Papa da altura, Leão X. O animal nunca chegou vivo a Roma, só a sua carcaça. O barco afundou-se na costa de Itália durante a viagem.
O rinoceronte é o Ulisses e o macaco, que está numa das colunas no meio da primeira sala, chama-se Magalhães, que foi buscar o nome ao navegador Fernão de Magalhães. O rinoceronte está também presente na segunda sala, aí numa escultura mais pequena criada pela ONG Ocean Sale, que usou como material o plástico de chinelos apanhados nas praias do Quénia.
Os vinhos Geographia são de pequenos produtores e o café que usam é um blend de arábias e robustas vindas de Timor, Angola, São Tomé e Cabo Verde.
Carregue na galeria para conhecer alguns dos pratos do novo Geographia.