Kelvin Muñoz tinha tudo planeado. Itália seria o destino final de uma viagem dedicada à descoberta de novas culturas e sabores. O que não previu foi uma paragem em Lisboa que mudou tudo — por causa de um amor à primeira vista. Acabou por trocar o roteiro italiano por um casamento com uma portuguesa e, em 2025, decidiu avançar com o seu grande projeto: abrir um restaurante na cidade que o conquistou.
Na Rua da Horta Seca, os toldos verde-azeitona denunciam um novo espaço com sotaque italiano. Mas o Grano Pasta Fresca não é um italiano qualquer. Criado por pelo chef colombiano, o restaurante celebra a pasta fresca — “a base de tudo”, assegura — com um toque pessoal e longe das amarras clássicas. Inaugurado a 6 de abril, mistura ingredientes portugueses e italianos, com influências da cozinha de autor e um leve sotaque latino.
O percurso de Kelvin começou na Colômbia, onde estudou cozinha e teve o primeiro contacto com a gastronomia italiana. Seguiram-se experiências em restaurantes da América Latina e do Brasil, antes de aterrar na Europa. “O objetivo era acabar em Itália. Mas assim que cheguei a Lisboa, há sete anos, a vida trocou-me as voltas. Apaixonei-me pela minha mulher e fiquei cá”, explica à NiT.
Já por cá, trabalhou em várias cozinhas italianas, como a do Leonetta, mas sentia que, por ser colombiano, nunca seria visto como alguém legitimado para cozinhar pratos italianos autênticos. A solução foi criar algo diferente: uma fusão entre Itália, Portugal e as suas raízes latinas. Sem deixar o sabor de lado.

O Grano Pasta Fresca tem apenas sete pratos principais, duas sobremesas e algumas entradas. “Menos acaba por ser mais”, diz o chef, que optou por servir apenas o que mais gosta de comer. Entre os destaques estão as amêijoas com nduja (14€), inspiradas nas à Bulhão Pato, mas com um twist italiano, e a bolonhesa com gema curada (18€), onde o enchido picante também é estrela.
Os raviolis de beringela com camarão e bisque (19€) são outra opção, embora o campeão de vendas seja o fetucine com leite de coco, cogumelos e trufa negra (22€). Já os paccheri com salsicha assada, açafrão e stracciatella (20€) são perfeitos para quem procura conforto num prato.
Nas sobremesas, Kelvin serve apenas duas, mas com assinatura própria. O tiramisú (7,50€) leva açúcar mascavado, reduzindo o açúcar em 60 por cento. Já os cannoli (8€) chegam à mesa recheados com ricotta de búfala e pistácio — uma versão mais equilibrada.
O parmesão, apesar de ser um favorito do chef, é evitado nos pratos principais. “É um queijo para se degustar individualmente”, afirma. Em vez disso, percorre as mesas com uma seleção de azeites portugueses, como o Santa Vitória do Alentejo, com pimenta-preta. “A alguns dos pratos gosto de adicionar este plus.”
Decorado por Madalena Tuna como uma cantina moderna, o restaurante tem 50 lugares, com um ambiente descontraído e confortável. E se já estiver a olhar para a agenda para marcar a visita ao espaço, tente fazê-lo em maio. Até ao final do mês o restaurante está a oferecer duas bebidas, pelo preço de uma, às quintas, sextas e sábados.
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