Quando o hambúrguer vegan feito de plantas chegou a casa do amigo de Moisés Pozzi, o brasileiro recebeu uma reclamação. “Disse-me que se tinham enganado e que tinham entregue um hambúrguer de carne (risos)”, recorda o criador do Green Burger.
O sabor e o aspeto eram tão semelhantes que poucos davam pela diferença — e foi nessa fórmula que assentou o crescimento da marca que nasceu há um ano, sem ambição de abrir as portas da rua, mas que efetivamente o fez no início de junho.
Pozzi é jornalista, cineasta e um entusiasta de comida e de tudo o que envolve a promoção de um ecossistema sustentável. Preso pela pandemia, sem poder viajar, virou a criatividade para a restauração e idealizou uma hamburgueria assente em bons sabores, produtos orgânicos e sem espaço físico.
Seria uma dark kitchen, um restaurante virtual que funcionaria apenas com entregas ao domicílio. No espaço de um ano, tudo mudou. As vendas dispararam, o número de funcionários cresceu e o que era para ser uma coisa, na mente de Pozzi transformou-se noutra.
“Começámos a receber mensagens de pessoas que queriam saber onde era o nosso restaurante. Nunca quis uma coisa grandiosa, a restauração nunca foi a minha profissão principal”, nota o brasileiro de 42 anos. A oportunidade apresentou-se e agarrou-a.

Encontrou um pequeno espaço na Praça da Alegria e criou o primeiro Green Burger, num ambiente que pretende “ser um prolongamento” do jardim, numa decoração feita de bancos de jardim, postes de iluminação e muitas plantas.
As plantas são, aliás, parte do segredo do hambúrguer que é “o piloto do avião” que é o Green Burger. “As pessoas costumam dizer que os burgers vegan não têm sabor. Nós queríamos criar um que tivesse”, explica. “Há muita gente que prova o nosso Green e diz que é carne. Sabe a carne, mas não é.”
O hambúrguer é feito de uma mistura de vários ingredientes, alguns secretos, outros nem tanto. Tem uma forte componente de castanha de caju, óleo vegetal para ajudar na consistência e uma raiz que importam da América do Sul e que, dizem, está na base “do gosto”. Depois, o Green (12,4€) chega abrigado em pão vegan, queijo também ele vegan, pois claro, tomate, alface, cebola caramelizada e uma maionese de couve-flor.
Há outras versões tradicionais no resto da carta, mas sempre com uma atenção especial pelas carnes e vegetais biológicos. Pozzi chegou mesmo a fazer um estudo de mercado, que concluiu que, em média, as hamburguerias lisboetas incluem 35 por cento de gordura no blend dos hambúrgueres. “Nós só temos 17 por cento, a nossa carne é rica em proteína e tem baixo teor de gordura. E não usamos carne de porco”, nota.

Pode provar ainda o Clássico (11,4€) em pão brioche, com 170 gramas de carne, queijo cheddar, molho especial, alface, tomate e cebola caramelizada; o Brie (11,9€) com queijo brie, molho barbecue, cogumelos salteados e cebola crocante; ou o Tropical (11,9€), com queijo emmental, molho teriyaki, acabaxi, couve e picles de cebola roxa.
A preocupação ecológica não se fica pelos ingredientes locais e biológicos. Estende-se às embalagens, todas elas recicláveis.
Por enquanto, este será o único espaço físico da Green Burger, que está já a planear uma expansão para Cascais e para o Parque das Nações. A ideia é que sejam cozinhas para trabalhar apenas em delivery. Se quiser mesmo provar o inovador burger vegan sentado num banco de jardim, vai mesmo ter que passar pela Praça da Alegria.
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