Se lhe apetece comer naan, tandoori ou tikki masala, pratos normalmente associados a restaurantes que se apresentam como representantes da cozinha indiana, o Gunpowder não é o que procura. O projeto de Harneet Bawe-ja, que abriu em 2015, no Reino Unido — onde, entretanto, inaugurou mais quatro espaços —, e chegou ao Chiado em novembro de 2022, pretende, desde o início, ir mais além e desmistificar uma série de preconceitos associados a esta gastronomia.
Trata-se de “uma abordagem progressiva à comida da Índia e não indiana. É redutor resumir um país tão grande, com tantas diferenças culturais e religiões, a um único tipo de comida”, começa por explicar à NiT o responsável. Acrescenta que o restaurante se concentra, “principalmente, em receitas ancestrais da costa entre Bombaim e Goa”. Os pratos de peixe e marisco são os de maior destaque.
Se visitar o estabelecimento no 13A da Rua Nova da Trindade, “pode esperar uma explosão de sabores e cores, bem como um menu cuidadosamente pensado que combina história e cultura com ambiente e técnicas sofisticadas. Utilizamos principalmente peixe e marisco portugueses, como pregado, cavala, robalo, peixe galo, lingueirão e santola, combinados com poderosos molhos e especiarias”, adianta Harneet, que sempre quis trabalhar na área. “Há um certo sentimento de satisfação e realização quando desfrutam do teu serviço e comida. Dá a sensação de que fizeste a diferença”, diz.
Quando decidiu avançar, a eleição de Londres como local de estreia. Mais tarde, a escolha de Lisboa para a expansão além-fronteiras, acabou por seguir o mesmo raciocínio: “há um amor pela comida nas duas cidades e ambas partilham uma longa história com a Índia”. Além disso, o proprietário ama Portugal. “Tenho vindo muito aqui nos últimos anos, especialmente para surfar”, partilha.
Na hora de fazer o pedido, o natural de Calcutá sugere os lingueirões grelhados com manteiga de Malvani (16€) — um povo que pertence ao grupo étnico de Konkani, originário de diferentes cidades costeiras a norte de Goa — e o pulao de marisco (20€), que junta a pesca mais fresca do dia a uma mistura secreta de especiarias do chef.
Para acompanhar, além de cocktails clássicos, há criações de autor, como o Goa to Bombay (19€), que leva Opihr Gin com infusão de maracujá, Grand Marnier, água de coco e xarope de caril. Na carta de bar depara-se ainda com uma série de licores, tequilas, vodkas e rums.
“Contudo, estou muito orgulhoso da lista de vinhos, composta na sua maioria por rótulos portugueses de diferentes regiões, e que o nosso pessoal esteja disponível para ajudar com o melhor par para cada prato”, comenta.
Carregue na galeria para espreitar os pratos que servem no Gunpowder, um espaço “quente e acolhedor mas, ainda assim, sofisticado. Tudo foi feito entre mim e o atelier português Falansterio. Utilizámos mármore rosa e madeira para dar uma vibe dos anos setenta com um aspeto contemporâneo”, conclui.