Desde que vestiu a jaleca, a vida de Hélio Gonçalves tem sido uma verdadeira correria. Formou-se na Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa e fez estágio com António Bóia, passando também pela cozinha do Belcanto. Após essa experiência, viajou para Singapura, onde conquistou uma estrela Michelin e realizou o sonho de trabalhar no segmento do fine dining, após “ter estabelecido as bases portuguesas”.
Regressando a Portugal em 2019, passou a gerir os espaços gastronómicos do Sublime Comporta, até que a sua perspetiva começou a mudar. “Comecei a sentir que se calhar não era bem aquilo que queria, que não ia ser feliz nos próximos anos. E que com 34 anos, começava a ser altura de definir agora o que irei fazer nos próximos 20, 25 anos, o que terei pela frente se a saúde permitir”, explica. “Sou uma pessoa muito prática.”
Em 2023 começa então a trabalhar no sonho: um restaurante só seu, uma marisqueira moderna, que está atualmente ainda em fase de obra. Acontece que entre o arranque e a inauguração, há espaço para preencher e talento para pôr em prática — e nesse interregno surge o convite para criar outro projeto: o Isco, a funcionar desde abril, na zona da Bica.
“Foi um convite de um amigo. O espaço estava fechado e a localização é muito interessante. Queremos valorizar o produto português, ao trabalhar com bons fornecedores, de porco preto, de peixe”, explica o chef. “Sei que há muitos turistas que vêm cá e que acabam por não ter acesso a casas que usam realmente produtos portugueses. Por vezes, há casas tradicionais onde se come bem, mas depois há coisas que não fazem sentido. A batata não é assim tão boa. O pão idem. O azeite não tem qualidade.”
Exemplo? As ostras, que podem ser do Sado ou da Ria Formosa, que o chef considera serem um com exemplo de produto a exibir. “A nossa cultura das ostras é recente, mas faz todo o sentido para o público estrangeiro perceber que existe. É uma ostra de qualidade, carnuda. Foi logo uma das primeiras coisas que coloquei na carta”, nota.
Pode também provar choco de Setúbal (12€), açorda de camarão (17€), camarão ao alho (14€) e pica-pau do lombo (9,5€). Para algo mais elaborado, pode optar pelos secretos de porco preto com gambas (19,5€) que são já um dos bestsellers, bem como o arroz de carabineiro (65€ para duas pessoas) ou o peixe do dia com arroz de amêijoa da Ria Formosa (20€).
Mais uma vez, o foco está na qualidade do produto, ao invés de optar por manobras criativas desnecessárias nas reproduções tradicionais. “O prato de secretos é uma evolução da carne de porco à portuguesa. Procuramos um produto de mais qualidade. O secreto tem ali uma gordura extra que acaba por emprestar ao camarão, que por sua vez se dá com o porco preto. É uma combinação que funciona muito bem.”
Por fim, nas sobremesas, os clássicos: leite-creme (3,5€), mousse de chocolate (5,5€) e um morgado do Bussaco (5,5€). Tudo complementado com uma pequena carta de vinhos que percorre o País, do Douro a Lisboa, com forte representação da região dos verdes.
Carregue na galeria para ver mais imagens do Isco, o novo restaurante da Bica.
