Restaurantes

Italy Caffe reabre esta sexta-feira depois de suspeita por ligação à máfia italiana

O dono Domenico Giorgi foi detido pelas autoridades no início do mês. "Estupidez. Vai tudo ser resolvido", garante o filho do empresário.
Está prestes a reabrir.

A 3 de maio não se falava de outra coisa no mundo da restauração em Lisboa sem ser da detenção de Domenico Giorgi. O proprietário de dois restaurantes italianos famosos na cidade — o Al Garage, na Rua Castilho, e o Italy Caffe, na Avenida Duque de Ávila —, foi detido nesse dia por suspeita de pertencer à máfia calabresa.

O empresário de 62 anos, também conhecido por “Berlusconi” e “Milionário”, seria suspeito de ter criado nove empresas para branquear milhões de euros em tráfico internacional de droga angariados pela ‘Ndrangheta, a organização criminosa que opera na região de Calábria, em Itália (a máfia napolitana é a Camorra e a siciliana é a Cosa Nostra).

Os estabelecimentos portugueses de Giorgi eram frequentados por figuras públicas de diversas áreas, como o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, futebolistas, cantores ou caras conhecidas da televisão. Durante as buscas da Polícia Judiciária (PJ), os restaurantes de Giorgi, bem como outros espaços em Aveiro, Gaia e o La Porta, em Braga, estiveram encerrados.

Esta sexta-feira, 19 de maio, porém, o Italy Café, o espaço que foi fundado em 2011 no Saldanha, volta a reabrir. “Abre hoje à noite, para jantares. A partir das 19 horas”, confirma à NiT um dos funcionários.

Sobre o motivo que levou ao encerramento temporário da unidade, o mesmo confirma-nos que o tema não está resolvido. “O dono ainda está preso em Itália. Mas o filho dele está aqui. Vamos abrir o restaurante como se nada se tivesse passado”, diz. Pelo que nos conta, “o dono também nunca estava no Italy”.

“Estivemos fechados porque a justiça italiana diz coisas que não devia. Coisas estúpidas”, defende depois Sebastiano, filho de Domenico Giorgi. “Vai tudo ser resolvido e ainda se vão dizer coisas boas sobre nós. Sim, porque até agora já se disse muitas coisas más — e tudo sem nos conhecerem.”

Também o La Porta, em Braga, voltará a funcionar este sábado, 20 de maio. “Foi tudo um engano e já está resolvido”, garantiu a funcionária que atendeu o telemóvel. “Amanhã ao almoço o restaurante já estará de portas abertas.”

A detenção aconteceu no âmbito da Operação Eureka, levada à cabo, em simultâneo, na Europa, América do Sul e nos Estados Unidos. Foram apreendidos 25 milhões de euros em imóveis e bens, nomeadamente carros de luxo.

No início do mês, a PJ revelara que o italiano estaria “indiciado da prática de crimes de associação criminosa, de branqueamento de capitais e de tráfico de estupefacientes”. Em declarações ao “Correio da Manhã”, Luís Neves, diretor nacional da PJ, afirmou que Domenico Giorgi é “um dos principais elementos na esfera desta organização criminosa na área do branqueamento de capitais e fraude fiscal”.

Durante a investigação foram apreendidos vários elementos de prova, como documentos, viaturas e dinheiro (cerca de meio milhão de euros). Os ativos de nove sociedades comerciais, incluindo cinco estabelecimentos de restauração, foram arrestados.

O “Milionário” colocou empresas em nome dos três filhos, sendo que dois deles também foram detidos durante esta ação policial que terá representado “um duro golpe” para a ‘Ndrangheta. A organização criminal dedica-se, alegadamente, há vários anos ao tráfico de cocaína em grande escala, entre a América do Sul e a Europa. Os portos de Antuérpia (Bélgica), Roterdão (Países Baixos) e Gioia Tauro, na Calábria (Itália) são apontados como as principais portas de entrada da droga na Europa. A operação terá movimentado mais de 2 mil milhões de euros e mais de 20 toneladas de cocaína.

Esta não é a primeira vez que Domenico Giorgi é investigado em Portugal. Já tinha sido alvo da atenção das autoridades policiais devido ao massacre de Duisburgo, na Alemanha. Uma guerra entre famílias da ‘Ndrangheta acabou com seis mortos à porta de uma pizzaria na cidade alemã. O inquérito acabou por ser arquivado em 2013.

Até ao momento, a NiT não conseguiu contactar os responsáveis pelo restaurante Al Garage.

Carregue na galeria para descobrir algumas das muitas figuras públicas que costumavam frequentar os restaurantes do italiano suspeito de pertencer à máfia calabresa. Aproveite e leia também o artigo para conhecer melhor um dos restaurantes de Domenico.

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