Aqueles que cresceram no Brasil no final da década de 90 e início dos anos 2000 devem-se lembrar do programa “Yo!”. Era transmitido na MTV e foi o primeiro programa do país dedicado apenas ao rap. Marcelo Zaccariotto foi um dos produtores. Agora com 47 anos, passou 20 no mundo da televisão. No entanto, sempre teve um gosto pela cozinha. “Quando era jovem lá no Brasil, devia ter 16 ou 17 anos, a minha mãe tinha um negócio de crepes e fazia muitos eventos e festas”, conta à NiT. A 29 de junho abriu a primeira pizzaria da Secret Oven.
Veio para Portugal em 2018 e viu que o mercado da TV era muito mais pequeno no nosso País. Já tinha um currículo bastante cheio e não havia oportunidade de evolução nessa indústria. Além disso, tinha uma filha, o que o levou a diminuir o volume de trabalho. Como sempre foi fã de culinária, fazia todo o sentido apostar neste ramo.
“Em setembro de 2019 fui a Nápoles para tirar um curso de pizzas napolitanas. Voltei com a ideia de abrir uma pizzaria em Lisboa.” A pandemia da Covid-19, contudo, tinha planos diferentes. Alugou um espaço mas percebeu que o melhor era abdicar daquele projeto, após os primeiros casos de infeção pelo mundo. “A pandemia tirou-me do jogo”, recorda.
Em meados de 2020 teve outro filho e mudou-se para a Ericeira. Durante o verão começou a pensar num outro negócio relacionado com a pizza, após ter visto um vídeo de YouTube de como as poderia fazer numa churrasqueira, algo que tinha em casa. Transformou-a num forno improvisado e começou a vender as suas primeiras criações aos amigos. No espaço de dois meses a Secret Oven, nome dado por ser “meio clandestino”, tinha cerca de 400 encomendas por mês.
A 29 de junho abriu o seu primeiro restaurante, também na Ericeira, porque em casa começou a ser difícil responder aos pedidos dos clientes. Todas as pizzas são feitas de massa mãe, ou sourdough. A fermentação dura cerca de 30 horas. Apesar de serem napolitanas têm uma diferença crucial: são feitas com ingredientes portugueses. A farinha de moleiro é de Alenquer, o sal de Rio Maior e o queijo de Odivelas e Setúbal.
“A Ericeira tem muitos estrangeiros, e eles estão habituados a pizzas de sourdough. Têm uma digestabilidade maior e não pesam muito no estômago, são leves”, explica Marcelo. Destaca a de Margherita (13€), que leva tomate chucha orgânico e queijo mozzarella fumado. A Diavola (12€) também é muito apreciada por quem lá passa. É feita com tomate, mozzarella, salame picante, tomate chuca e óregãos.
A par destas tem outras propostas como a de cinco queijos, com mozzarella, gorgonzola, scamorza, tallegio e grana padano. Custa 13€. Como criações da casa tem ainda a Lusa (13€), inspirada em Portugal. Leva tomate, mozzarella, ricotta, fiambre, óregãos, azeitonas e cebola roxa. “Outra que se vende muito bem é a Zucchini. É muito simples mas deliciosa”, garante. Tem um preço de 12€ e tem molho de ricotta da casa, mozzarella, curgete e grana padano.
O restaurante tem cerca de 30 lugares e tudo se come à mão. A decoração “não é luxuosa”, mas sim acolhedora. Também tem a opção de delivery. No futuro, pretende tornar-se numa cadeia que chega a vários pontos de Portugal. Para um futuro próximo prevê duas aberturas: em Peniche e Cascais. “Quero encontrar locais que tenham sempre esta vertente do surf, porque tem corrido bem”, confessa.
Carregue na galeria para descobrir a nova pizzaria da Ericeira.