Nem sempre os planos correm conforme esperado. Aos 30 anos, Segundo Farrell decidiu atravessar o Atlântico, deixar a Argentina para trás e abrir um restaurante em Lisboa. Foi assim que nasceu o La Joya Cantina, inaugurado a 19 de outubro, com um objetivo claro: criar uma daquelas pérolas escondidas que existem em todas as cidades.
A paixão pela cozinha começou cedo, inspirado pela avó, com quem passava grande parte da infância. Foi ela que o ensinou a escolher os melhores legumes da quinta e a recriar as receitas de família.
Naturalmente, Farrell decidiu estudar hotelaria, o que o levou até à cozinha de um dos maiores nomes da cozinha argentina e mundial, o lendário chef Francis Mallmann, numa experiência que lhe permitiu viajar pelo mundo. Por lá passou quatro anos, antes de se mudar para a Austrália, onde liderou a cozinha de um grupo hoteleiro.
Quatro anos depois, decidiu rumar à Europa, começando por Paris, onde mergulhou na gastronomia local. Depois de um ano, iniciou uma série de viagens pelas capitais europeias à procura da cidade perfeita para abrir o seu próprio negócio. Quando chegou a Lisboa e provou os pratos portugueses, soube que tinha encontrado o seu lugar.
Oito meses após, reuniu-se com dois amigos argentinos, Santiago Fasolo e Marcos Miguens, que já procuravam um espaço para abrir um restaurante. Farrell juntou-se à dupla e trouxe a sua visão para a La Joya Cantina. “O Marco tem uma empresa de catering na Argentina chamada EMME, portanto já tinha o know-how. Eles ficaram com a gestão do espaço e eu lidero a cozinha”, explica o chef à NiT.
Farrell sugeriu um conceito que mistura tradição argentina com influências italianas e espanholas. “A La Joya é uma fusão vibrante de tradição, arte e influência europeia, pensada para expatriados, turistas e habitantes locais em busca de uma experiência gastronómica autêntica e elevada”, descreve o chef.
O menu reflete as raízes argentinas de Farrell, com pratos como as milanesas (14€), empanadas (4,50€), gnocchi com sálvia e manteiga de limão (14€) e panquecas de doce de leite (5€). “São receitas intemporais que aprendemos com a herança italiana e espanhola do nosso país. A milanesa, por exemplo, segue a receita da minha avó: é marinada por 24 horas com alho e mostarda antes de ser frita e servida com limão”, revela.
Embora os clássicos tenham lugar de destaque, o menu também inclui pratos sazonais, com ingredientes frescos de cada época, garantindo uma experiência sempre dinâmica. “A nossa cozinha é despretensiosa, simples e acolhedora. Queremos que os clientes se sintam como se estivessem na casa da avó”, explica.
A La Joya também se posiciona como um destino para os amantes de vinho, com uma seleção de referências argentinas e rótulos naturais, com pouca intervenção, que harmonizam na perfeição com os pratos.
O espaço, com capacidade para 24 pessoas, foi desenhado pela artista Martina Quesada, que criou um ambiente íntimo e relaxado que privilegia o calor e conforto, a condizer com a comida, portanto.