Apesar de ter chegado à cidade há um ano, o Renaissance Porto Lapa Hotel já faz parte da vida de todos os portuenses (e não só). Sempre teve uma agenda cultural preenchida, um rooftop ideal para finais de tarde com amigos e um bar com cocktails que surpreendem à vista e no paladar. Ainda que já tivesse um restaurante aberto ao público e a hóspedes, com aposta na gastronomia portuguesa, o espaço não contava com um conceito específico que convidasse a experiências diversificadas — e inesquecíveis.
A 27 de setembro a história gastronómica do hotel portuense tomou um novo rumo. O L’Égoïste abriu, com um conceito que de egoísta tem apenas o nome, porque o objetivo é oferecer uma experiência sensorial para ser partilhada à mesa. O protagonista da carta é o receituário tradicional português, que é desafiado por uma dupla que apresenta novas técnicas e onde a criatividade e a originalidade são o prato do dia.
O chef Duarte Batista inspira-se nas suas mais variadas vivências e memórias de infância para criar pratos com sabores tradicionais, mas cheios de cores. “Quis criar pratos que convidassem a uma viagem de sabores pelo nosso País. Do Algarve à Beira Baixa, por terra e por mar. Há uma junção de ingredientes improváveis, mas que conseguimos que combinassem na perfeição. Há ainda uma alargada oferta de pratos vegetarianos, que apenas demonstra que os pratos saudáveis não têm de ser aborrecidos, mas antes cheios de cor e sobretudo, sabor”, começa por explicar à NiT o chef.
Já a oferta que é a favorita de muitos — e que vem adoçar a refeição — é dirigida pelo chef pasteleiro Ricardo Tiago, que apresenta uma reinterpretação fora de série dos tradicionais doces portugueses. Tal como acontece nos salgados, também há combinações improváveis de doces, como o pudim Abade de Priscos com grelos e um granizado de gin tónico.
A viagem pelos sabores portugueses reinterpretados começa logo nas entradas. Nelas, destacam-se a sapateira recheada (24€), um tributo às cervejarias e marisqueiras portuguesas, acompanhada por panquecas salgadas, em vez das tradicionais tostas de pão. A homenagem à indústria conserveira nacional apresenta-se com o prato composto por cavala picante das Conservas Pinhas (17€), com puré de cenoura e caril e pickles caseiros.
“Um dos maiores desafios foi trazer um prato típico do Porto. Sejamos sinceros. A escolha óbvia era uma francesinha, mas há tantos restaurantes especializados e com algumas das melhores propostas, que o objetivo passava por fazer algo realmente diferente e que não tenha sido apresentado até agora”, admite o chef Duarte.
E foi isso mesmo que fez, numa versão arrojada da portuense francesinha (22€), apresentada num pão panado frito numa manteiga de ervas aromáticas e recheado com o queijo e fiambre. Porém, mantêm-se os tradicionais enchidos, com o molho, que permanece um segredo do chef, e que denota sabores fumados e a malte.
Os peixes e os mariscos, vindos diretamente do mar da Póvoa de Varzim, dão as boas-vindas às escolhas dos pratos principais, onde as espécies mais frescas e sazonais do Atlântico se fazem acompanhar por migas de coentros e o molho de caldeirada poveira (33€), feito à base de cebola, alho, tomate e pimento. Da Costa Vicentina chega o carabineiro, cozinhado a baixa temperatura e acompanhado por um puré de feijão-branco alentejano, algas, spirulina e um guisado de marisco composto por gambas, búzios e lingueirão (45€).
As opções vegetarianas dividem-se entre a massada de fregola com cogumelos silvestres, uma viagem à memória do chef Duarte, que costumava ir apanhar cogumelos com a avó quando era miúdo. É apresentado assim um duxelle de cogumelos, cogumelos salteados e caldo de carqueja (27€) num empratamento que simula a típica névoa nas manhãs de inverno durante a apanha da espécie na Beira Baixa. Há ainda um gnocchi de beterraba com legumes baby e caril verde de manjericão (24€), um prato sem lactose, glúten ou sulfitos.
Tendo como mote o espírito informal da partilha, a irreverência nas confeções e ingredientes portugueses conhecidos em todo o mundo, o chef pasteleiro Ricardo Tiago criou e reinterpretou receitas, propondo um novo universo de sabores para os amantes de sobremesas. Para os que não dispensam o chocolate na hora de encerrar a refeição, o chef convida a um Mergulho de Chocolate (12€), onde o puré de batata-doce surge coberto por uma mousse de chocolate negro 72 por cento temperada por sumac e kalamansi, garantindo um toque cítrico e fumado de uma sobremesa que combina com os dias mais outonais.
A viagem por Portugal do L’Égoïste Bar & Restaurant estende-se ainda à oferta de bar com “Native”, uma carta de cocktails de assinatura inspirados nos ecossistemas portugueses, onde o lagostim, o licor de bolota ou a tangerina são alguns dos ingredientes presentes em bebidas elaboradas e complexas com e sem álcool. Às sextas-feiras e sábados, a programação cultural é garantida com live acts de DJ’s e música ao vivo.
Carregue na galeria para conhecer as propostas do L’Égoïste. A estação de metro da Lapa fica a poucos passos do restaurante do Renaissance Porto Lapa Hotel.