Todos conhecemos pessoas ao longo da vida que nos inspiram e consideramos mentores. Podem ser os nossos pais, amigos, namorados e, claro, professores. Luís de Jesus, de 33 anos, atribui esse papel ao chef Chakall. Juntos, colaboraram em diversos projetos, como o Prime Beach Club, no Algarve, e o Luz by Chakall, em Benfica (Lisboa).
“O chef Chakall ajudou-me muito e tenho extrema consideração por ele. Apesar de ter tido muitas pessoas que me ajudaram, essas fizeram-no a um nível mais profissional, enquanto que ele me apoiou também pessoalmente”, conta Luís à NiT. A 18 de outubro decidiu embarcar numa aventura que andou a ser idealizada durante seis anos. Chama-se 1143 e é a materialização da sua independência. “Gosto bastante de bases portuguesas e da história do País”, explica. Foi neste mesmo ano que se assinou o Tratado de Zamora, que marcou a emancipação de Portugal.
O restaurante situado em Vale da Pinta, uma freguesia no Cartaxo, é gerido por si, mas também contou com a ajuda da namorada que lhe deu muito apoio. Conheceu Ana Fernandes “numa festa da terrinha”, em Tagarro, e estão juntos há 11 anos. “Ela deu-me muita energia”, revela o também cozinheiro.
“No início foi uma loucura, mas tinha a necessidade de perceber até onde é que consigo ir”, aponta. Fora dos projetos do Chakall, já trabalhou na Madeira, Angola, Lisboa, Porto, entre outros. No entanto, esta é a primeira vez que não tem ninguém acima de si, o espaço é da sua inteira responsabilidade. “Aqui defino o meu trajeto e objetivos.”
Abrir naquela pequena localidade também foi um risco porque, ali, “não existe quase nada”, e os espaços como aquele eram, até outubro, nulos. Mesmo assim, teve uma primeira semana “fortíssima”, e desde então que nunca teve um restaurante vazio. Além disso, Ana é natural dali e, no passado, era ela que sempre o acompanhava para os diferentes destinos onde trabalharia.
Não aposta apenas na gastronomia portuguesa, mas sim “na cozinha em português”, tal como se lê no slogan do espaço. “Fui buscar pratos típicos portugueses que se espalharam pelo mundo”, realça. A tempura (7,15€), por exemplo, é muito popular no Japão, mas a sua origem é nacional. “Eles tiveram inteligência de a criar com mais profundidade”, explica. Também vai encontrar “aqueles pratos esquecidos” como o pastel de massa tenra recheado com carne de vaca e molho (6,15€).
Algumas propostas mais insólitas juntam-se a pratos mais típicos de um Portugal passado. Um dos seus favoritos é a bola de Berlim com santola e alga nori (7,85€). “É o mais amado e odiado” e foi inspirado pelo chef Luís Baena, com quem também já trabalhou. Para os mais tradicionais, pode sempre pedir o caldo de espinhaço (3,50€), feito com a coluna do porco. É um prato mais antigo e que os nossos avós comiam. A francesinha, que custa 12,75€, também viajou do norte para o Cartaxo. Bitoque de Seitan à Portuguesa (16,95€), enchidos fumados (6,50€), e açorda de camarão (15,15€) são outras das propostas.
A carta foi totalmente pensada por Luís ao longo dos seis anos que passou a idealizar o projeto. “Queria comida com bases e molhos fortes. No início é difícil porque os clientes não compreendem”, mas atualmente já é um dos spots a visitar naquela região, e ele mesmo faz um esforço para ir ao encontro daquilo que as pessoas procuram.
No início de 2023 pretende lançar um “menu mais dinâmico”, desta vez com propostas que se popularizaram no continente americano. O seu objetivo é um: “chegar à alta cozinha”. Este não é, contudo, o único plano para o próximo ano. Também pretende construir uma esplanada para onde pode levar os seus animais — ele próprio tem cerca de dez. Por enquanto, o 1143 afirma-se como um restaurante “acolhedor” com 22 lugares e que o fará sentir-se em casa (no início o seu nome seria Sala de Estar).
Carregue na galeria e fique a conhecer melhor o 1143, o novo restaurante do Cartaxo — e alguns dos pratos que lá poderá provar.