“Este é um desafio um bocadinho diferente. O espaço já existia, ou seja, criei um conceito para um espaço que já existia, um espaço moderno, jovem e então criámos um menu de fine dining na mesma — não fazia sentido outra coisa aqui —, mas um pouco mais dentro daquilo que é este espaço, um pouco mais moderno, mais divertido, mais jovem, mais simples.”
Foi assim que o chef Ricardo Costa apresentou o novo Mira Mira by Ricardo Costa, o mais recente restaurante do WOW. De facto, o espaço já existia com um conceito diferente e reabre a 20 de abril com a assinatura do chef, conhecido por ter conquistado duas estrelas Michelin no restaurante Gastronómico do The Yeatman.
O desafio conquistou o chef, que aqui abre o seu primeiro restaurante fora de um hotel. Além de estar a poucos metros do seu restaurante estrelado, está inserido no WOW, onde é possível encontrar várias opções gastronómicas diferentes, e muito próximo do Cais de Gaia, onde também existem diversos restaurantes.
“Pelo facto de ser um espaço mais moderno, ter esta luz toda, ser muito clean, estar neste sítio com esta vista fabulosa, inspirou-me para que seja um pouco diferente do The Yeatman”, diz, destacando que aqui vai ser possível encontrar “pratos mais simples, complexos a nível de sabor mas mais simples a nível visual, com três ou quatro coisas por prato”.
Embora com um conceito de fine dining um pouco diferente do Gastronómico, este novo Mira Mira by Ricardo Costa aproveita para tentar encontrar o seu público, encerrando à terça e quarta-feira para aproveitar que o outro restaurante fecha ao domingo e segunda-feira, ou até apresentando-se como uma alternativa quando, em época alta, o Gastronómico estiver mais cheio. O chef explica ainda que este é um restaurante com menos formalismos e pensado também para quem não tem ou não quer gastar tanto tempo numa refeição.
“O grande desafio aqui talvez seja a gestão da matéria porque quando compramos um peixe inteiro temos que gastar o peixe inteiro, não dá para cortar só uns pedaços pequeninos e o resto vai para outro outlet”, justifica em relação às diferenças deste espaço de rua quando comparado com um que esteja inserido num hotel.
Sem deixar de lado conceitos como a sazonalidade ou a cozinha nacional, o chef aposta numa carta mais leve e onde pode brincar mais com os sabores. Assim, pode contar com dois menus de degustação intitulados “Colheita”, numa alusão ao vinho e ao momento que vive na carreira. Ambos os menus têm um custo de 150€ por pessoa, sendo que um deles é totalmente vegetariano e o outro inclui carne e peixe.
No caso desta versão com carne e peixe, por exemplo, a degustação começa no exterior do espaço, com vista para o Douro, numa viagem através dos aperitivos: Fish & Chips, Bola de Berlim & Queijo, Echalota & Foi gras e Mexilhão (que inclui perceves e camarão da costa). Já no interior, são servidas mollejas com Bloody Mary de crustáceos e acelga; canellone de santola com pepino fermentado e espuma de jalapeños com milho doce frito no topo; tártaro de lagostim temperado ao momento e acompanhado com maçã verde Granny Smith, pele de frango e caldo de dashi; e salmonete com carpaccio de polvo, puré de pimentos e caldo de pimento assado, com salada de Primavera.
Depois destes momentos, a experiência junta o habitual pão tradicional — que chega quente à mesa — com manteiga caseira e azeite, característico do chef. A partir daí, o menu continua com feijoada de sames de bacalhau com camarões da costa e um taco de bacalhau de meia cura com óleo de chouriço; e ainda borrego de leite assado com beringela, romesco e spring onion.
Passando ao lado doce da experiência, o chef apresenta a homenagem às suas origens através dos ovos moles nitro, passando depois à laranja sanguínea com açafrão e pistachio e finalizando com um taco de chocolate que chega ainda morno à mesa. Antes de dar por terminada a experiência, chega ainda à mesa uma infusão especial do chef ou o café.
Para quem preferir, pode optar por um menu com apenas quatro momentos à escolha (80€ por pessoa) ou por pedir alguns dos pratos à carta. Aqui, estão disponíveis também presunto de bolota Grande Reserva (35€), à Brás de lavagante com salsa e azeitona (75€), toffee, cacao e fava tonka (28€) ou uma seleção de queijos nacionais, compotas caseiras e pão de frutos (35€).
A juntar à carta criada pelo chef Ricardo Costa, há uma extensa carta de vinhos para acompanhar os pratos que conta com cerca de 70 vinhos diferentes, maioritariamente nacionais. A aposta tem opções de pequenos produtores, referências biológicas e de agricultura regenerativa.
Nesta fase de abertura, o restaurante vai abrir apenas aos jantares, entre as 19 e as 23 horas, mas o chef prevê conseguir alargar o horário aos almoços de fim de semana a meio do verão. Quanto à questão de estar ou não à procura de uma estrela Michelin também neste Mira Mira by Ricardo Costa, o chef tenta fugir à pressão.
“Gostávamos, mas isto demora sempre o seu tempo. Qualquer restaurante com uma, duas ou três estrelas tem que ter consistência e isso é o mais difícil que temos na restauração. Manter a consistência ao longo do tempo é o mais difícil”, diz, acrescentando ainda: “É muito difícil ter uma estrela, é mais difícil ainda ter duas e quase impossível ter três, pelo menos em Portugal. Por isso, vamos trabalhar com todo o rigor, toda a disciplina que sempre faço e depois, no final, fazemos as contas. O mais importante é a consistência de todas as equipas, temos que ter um equilíbrio de sala, vinhos, cozinha para que isso possa acontecer. Acreditamos que em breve poderemos fazer um bom trabalho, mas esta gente precisa de ser formada.
Carregue na galeria para descobrir mais sobre o espaço e os pratos.