Os domingos têm um significado diferente para a família de Rita Alambre. Enquanto alguns portugueses preferem descansar, ou passear, na casa da lisboeta, tudo é organizado de forma meticulosa para criar jantares temáticos. Todos os familiares têm a missão de levar os ingredientes necessários para um serão diferente — mesmo que isso signifique atravessar a cidade, sob uma chuva intensa, só para conseguir arranjar determinada especiaria.
Esta tradição levou-os a embarcar numa aventura de abrir um restaurante na Ajuda, em março de 2024, que correu melhor do que esperado. Um ano depois da estreia, inauguraram um segundo espaço, com o mesmo nome. O novo Manápula abriu a 11 de abril no Parque das Nações, em Lisboa, e continua a ser “uma extensão da casa da família”.
O novo restaurante tem uma área maior, por isso conseguiu expandir o menu e acrescentar outras criações da família. Agora, além das pizzas, há cinco pastas. A Em Primeira Mão (14€) é uma reinterpretação da carbonara, feita com spaghetti, guanciale, grana padano e gema de ovo. Já a Mão de Ferro (14€) foi uma aposta mais arriscada, pensada com base numa receita caseira da família que junta massa penne com natas, sumo de limão e grana padano.
No menu encontram-se 10 pizzas, todas com nomes ligados a expressões sobre mãos — a ferramenta indicada para comer a especialidade, tal como os responsáveis fazem, na própria casa, aos domingos.
Não deixe de experimentar a de trufa, que na carta se chama De Mão Beijada (15€), ou a De Mão Estendida (12,50€) de presunto, cebola roxa e mel. Quem gosta de ser surpreendido com propostas inesperadas, tem a Com a Faca e o Queijo na Mão (13,50€), que leva limão é uma ótima aposta. Qualquer que seja a escolha, a massa será sempre fina.
A parte dos doces está entregue a Rita. A terapeuta adora fazer sobremesas e uma das noras incentivou-a a prepará-las para o espaço. No Manápula há doses diárias de Dar a Mão à Palmatória (5,50€), um género de bolo de bolacha, mas sem manteiga e outras de Mãos Dadas (5,50€), um doce semelhante ao tiramisú, mas sem álcool. O Mão Morta, Mão Morta, Vai bater àquela Porta (5,50€) é outra das opções. Trata-se de um salame de chocolate em que as bolachas foram trocadas por suspiros.
Tudo isto pode se provado numa sala com luz natural, um espaço despretensioso com capacidade para 60 lugares, divididos por 30 no interior e outros 30 na esplanada. “Não queria nada muito chique. Sempre sonhei com um espaço familiar, onde todos podem fazer o género de programa que gosto de fazer em família. Mantive esta ideia no novo espaço, mas preferi trazer tons terracota, para ser diferente”, conta à Rita Alambre, de 55 anos.
Como tudo começou
“Eu e o meu marido somos doidos por cozinha e levamos os nossos momentos gastronómicos muito a sério. Houve alturas em que nos deslocámos até ao centro de Lisboa para comprar uma determinada especiaria”, revelou Rita.
A paixão pela culinária acabou por sair da cozinha do casal e levou-os a abrir uma pizzaria, na Ajuda. “Como terapeuta na casa dos 50 senti que estava na altura de ter um plano B para quando deixar a profissão. Não é que sinta que esteja para breve, mas acredito que os miúdos não queiram uma velhinha como terapeuta de educação especial e reabilitação daqui a uns anos, por isso aventurei-me”, recorda.
O casal não era propriamente inexperiente. No início dos anos 2000 abriram um espaço em Belém, o Mister Wrap, que acabou por não resistir à crise financeira de 2014. Mas Rita nunca mais esqueceu a experiência e quando passou pelo Largo da Paz, na zona da Ajuda, a paixão reacendeu-se.
“Vi um espaço incrível para trespasse. Falei com a assembleia, como gosto de chamar aos meus filhos, netos e marido e decidimos avançar.” O que Rita não contava é que corresse tão bem. Em menos de um ano já têm dois restaurantes e sonha, agora, com um terceiro.
“Quando abrimos no Largo da Paz, como era pequeno, deu para fazer uma prova de conceito e perceber se o que gostávamos de fazer em casa agradava aos clientes. Foi uma grande surpresa e, por isso, decidimos avançar para uma segunda unidade”, explica Rita Alambre.
A cozinha do novo Manápula funciona entre as 12h30 e as 15 horas e, depois, das 17 às 22 horas. Ao final da tarde, entre as 17 e as 20 horas, há happy hour com cerveja a 1,50€ e panninis a 6€.
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