2024 foi um grande ano para Noélia Jerónimo. Na gala do Guia Michelin de 25 de fevereiro, viu o seu primeiro restaurante fazer a estreia na lista de recomendações Michelin, e em setembro abriu o seu segundo espaço em Olhão. O Marina com Noélia fica no Real Marina Hotel & Spa e tornou-se numa das maiores surpresas dos últimos meses.
A chef já tinha recebido várias propostas para emprestar o seu talento a novos projetos. No entanto, mudar-se para Lisboa ou Porto e ficar longe da família era impensável. Recusou vários convites pelo mesmo motivo, mas quando a proposta veio precisamente do Algarve, perto de casa, decidiu aceitar. “Estava na hora de me colocar à prova e mostrar-me”, disse na altura a algarvia de 54 anos à NiT.
O princípio base da sua cozinha manteve-se inalterado: trabalhar com o melhor que o mar e a ria dão diariamente. A aposta pareceu de tal forma certeira que o novo restaurante do Algarve acabaria por ser o vencedor na categoria de Melhor Restaurante, na edição de 2025 dos Prémios NiT, com 24 por cento dos votos dos leitores — numa categoria que contava com espaços como o Palatial, que ganhou uma estrela Michelin esta terça-feira, 25 de novembro, o Vibe, o ÀCosta e o Deli Comporta, do grupo JNcQUOI.
Feliz e emocionada com a distinção, a chef algarvia atribuiu o sucesso ao seu trabalho e ao da equipa “incrível”, onde os produtos comprados no mercado e nas lotas locais são os protagonistas. “Sou a cabeça do Marina com Noélia, mas o Bruno Sousa está à frente e a fazer um trabalho excelente”, refere. E continua: “Foi um tremendo esforço deixar um pouco de lado a casa mãe, o Noélia Jerónimo, para me entregar a este projeto que queria muito que brilhasse e postasse na diferença. É um restaurante pensado para o meu público, mas sobretudo para os algarvios, que queremos que visitem o restaurante e saiam daqui felizes”.
O menu do Marina com Noélia é inspirado “no mar e na ria” e estará muito dependente do que houver no mercado de Olhão. Uma coisa é certa — é tudo fresco e com o cunho pessoal da cozinheira, de 54 anos, que se mostrou sempre bastante entusiasmada com o projeto.
O crudo de robalo (20€), o arroz de lingueirão (26€), a raia alhada (23€) e o bacalhau à Brás (29€) são alguns dos pratos em destaque. Relativamente à lista de sobremesas, sobressaem o pudim Abade de Priscos e citrinos (8€) e a mousse de chocolate com caramelo de azeite (8€). No entanto, durante estes primeiros meses, o destaque foram para os croquetes de pescada. “É uma simples entrada, que tem feito um sucesso tremendo no restaurante. É capaz de ser a especialidade mais pedida”, diz.
O restaurante recebe até 100 pessoas em simultâneo, que se podem dividir pelos 30 lugares interiores e os 70 da esplanada. A chef não esconde o entusiasmo por receber o Prémio NiT, sobretudo porque reconhece o trabalho dos colegas que enfrentou na votação. “Acredito que não deve haver luta entre nós, nem disputa de lugares. São todos excelentes. A única diferença é que sou mulher”, admite.
Com esta distinção espera receber “mais prestígio e clientes”. “É fundamental faturar para manter vivo um negócio, mas aquilo que sempre quis é ser feliz, ao fazer pessoas felizes. É isso que tento fazer nos meus espaços”, conclui.
