No novo restaurante de Lisboa existem duas cozinhas distintas. Estão separadas no espaço e a razão é fácil de perceber. De uma saem peças de sushi preparadas com todo o cuidado e rigor. Na outra são confecionadas carnes que foram maturadas no próprio restaurante, pelo que a coexistência seria compicada. Depois de dois anos de preparação, o Mattë abriu na zona de Santos no passado dia 18 de junho.
Esse foi o tempo que o responsável, Gustavo Neves, 24 anos, esteve em viagem por vários países a ter ideias para o projeto que viria a abrir este ano. “Sempre quis fazer algo diferente, um fine dining que não tivesse só mesas e cadeiras”, explica à NiT. Viajou entre 2018 e 2020 para provar vários pratos e também ver o que se fazia lá fora no que respeita à decoração.
“Consegui fazer refeições em restaurantes onde é preciso marcar com cinco meses de antecedência. Estive em Nova Iorque, Londres, Chicago e até no Dubai.” O mundo da restauração não é algo novo para o jovem. Desde os 18 anos que trabalha com o pai nos projetos que tem na Margem Sul, o Verde Amarelo, no Seixal e na Caparica. Agora estava na altura de se aventurar sozinho no projeto e na criação de um conceito, que no fundo são dois num só.
De um lado fica a cozinha dedicada ao sushi, onde está um chef que já trabalhou nas cartas do Hikidashi e do Yakuza. Do outro está a arca de maturação onde as carnes ficam no ponto certo antes de serem cozinhas no forno Josper.
A área do sushi é a única que tem lugares ao balcão. São dez as pessoas que ali se podem sentar e pedir um menu exclusivo, que não está disponível noutra área, nem mesmo na gaiola, o espaço que todos querem reservar.
Este menu chama-se Omakase. Pode ter nove ou 12 momentos, custa 45€ ou 65€. Aqui não escolhe nada. Fica completamente nas mãos do sushiman à medida que vê tudo a ser preparado. Depois tem sempre o menu de sugestões mais tradicionais. Há gunkan, sashimi, niguiri, hosomaki e uramakis.
Aos almoços existem dois menus. Um custa 18€ e junta 13 peças, ceviche ou sunomono e uma bola de gelado. O outro fica a 22€ com 19 peças, ceviche ou sunomono e gelado também. “A maioria das pessoas começa sempre no sushi e termina na carne.”
É mesmo isso que também pode fazer. As carnes são de “criação de autor”, como nos refere Gustavo, já que são maturadas no próprio espaço. São vários cortes de vaca galega. Tem o entrecôte (28€), o chuletón (70€/kg), as short ribs (20€), que são cozidas durante 12 horas, ou a presa de porco, com picles de funcho (18€).
Para acompanhar tem batatas fritas aos cubos com flor de sal e cebolinho (5€), salada com morangos, rabanetes e vinagrete (5€), ou o puré de batata doce com especiarias (5€).
O restaurante esteve em obras durante seis meses. O projeto foi pensado pelo arquiteto Romeu Martins, sempre com ideias de Gustavo. Neste momento tem 38 lugares, mas pode chegar aos 80, casos não existam restrições devido à Covid-19. A gaiola é dos espaços mais procurados. Tem capacidade para 10 pessoas. O mármore foi um dos materiais mais usados.
O nome, Mattë, acabou por fazer sentido. “Queria algo que fosse curto e fazer de dizer em todas as línguas. Os dois t’s e o trema acabou por ser uma alusão às duas cozinhas que temos.”
Quem manda nisto tudo?
Nome: Gustavo Neves
Idade: 24 anos
Prato favorito: niguiri e tataki de wagyu
Convença-nos a vistar este espaço: “É uma experiência gastronómica em termos de comida e de espaço. É um conjunto desses dois fatores aliado às duas cozinhas que temos.”
Carregue na galeria para conhecer melhor o novo Mattë.