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Restaurantes

Na melhor tasca de Lisboa há “pratos cheios a preços para o bolso dos portugueses”

Matéria-prima de qualidade e pratos baratos? Vasco Moringa garante que é possível. "Basta baixar os lucros."

A tasca carrega o nome de Miguel, mas por estes dias é Vasco Moringa, o filho de 28 anos, quem comanda as operações do dia a dia. Foi sua a ideia de investir os esforços da equipa na segunda participação no Tascando, o concurso que procurou descobrir as melhores tascas de Lisboa e Porto. E este espaço com três décadas de história, no Areeiro, foi o mais votado na capital.

“No ano passado não ficámos no pódio. Gostámos da experiência, mas eu não estava cá e o meu pai não liga muito às redes sociais. Nem investimos muito na entrega dos flyers. Este ano foi diferente e trabalhámos para isto”, declara com orgulho. Grande parte do esforço foi investido no prato que levaram a competição: o bife do lombo à Tasca, que custa 15€..

Qual o segredo? Nenhum em especial, para lá da “qualidade da carne”. “É uma carne nacional, vai ao prato muito mal passada. Só precisa de três ou quatro minutos na brasa”, justifica. O acompanhamento é composto por esparregado caseiro e umas batatas bem crocantes por fora e macias por dentro.

Na cozinha, só se trabalha com brasa e grelha, uma homenagem ao passado da casa que nasceu como Churrasqueira Júlio Bravo, há cerca de 30 anos, sob o nome do avô de Vasco.

Eventualmente, o negócio passou para as mãos do pai, Miguel, que há 15 anos decidiu remodelar a casa e a batizou de Tasca do Miguel. O espaço ganhou fama entre os moradores do bairro, que enchem as mesas onde se servem mais de 150 refeições diárias. “Chegamos a rodar duas e três vezes as mesas ao jantar”, garante Vasco, que assumiu as rédeas do restaurante devido aos problemas de saúde do pai. “Nada de muito grave”, assegura, mas que não permitem grandes veleidades perante o duro trabalho de sala e da cozinha.

Vasco é a terceira geração a assumir a casa, que deixou para trás os frangos assados. Hoje, a carta enche-se de pratos da cozinha tradicional, com um enorme foco “na qualidade dos produtos”. A carne é entregue duas vezes por dia, para garantir frescura. A rotina é quase sempre a mesma: a passagem matinal pela Praça do Chile para trazer o peixe mais fresco; e as visitas diárias do peixeiro à casa.

“Prefiro trabalhar assim e cortar coisas da lista quando não temos produto fresco, do que estar a comprar para sobrar e ter comida a saltar de um dia para o outro”, sublinha o responsável.O bife do lombo que deu a vitória no Tascando

Apesar de ter crescido no restaurante, a ver o pai gerir a casa, Vasco fez-se homem na Marinha. Licenciou-se na Escola Náutica e formou-se em pilotagem de navios. Mas não resistiu ao apelo familiar quando foi chamado para ajudar. “Tive que largar o meu trabalho para dar ao meu pai os meus braços”.

Tasca que é tasca, é promessa de prato cheio a preços baixos. Mas quando a qualidade da matéria-prima é requisito obrigatório, como é que se sobrevive a esse equilibrismo? “Diminuindo os lucros”, aponta Vasco.

“Dou o exemplo do nosso cozido à portuguesa, que vem num prato tão cheio que a malta quase sempre manda para trás. Custa 8.5€. Preferimos vender 100 a esse preço do que dez cozidos a 10€. Os nossos pratos não são caros. São pratos para o bolso dos portugueses.”

O cozido é a especialidade das quintas-feiras, embora os restantes dias da semana ofereçam pratos para todos os gostos. O bacalhau cozido com grau é estrela à segunda-feira; final da semana desponta o bacalhau à lagareiro e ao fim de semana há feijoada. Terças e quartas-feiras são “mais livres” e nas sugestões do dia tanto surgem umas facas como uma cabidela ou um choco frito.

Miguel e Vasco Moringa

É, sobretudo, uma casa feita para portugueses, locais, caras familiares que tratam por tu cada um dos funcionários. “Estamos habituados aos clientes e eles a nós. Às vezes a malta vem aí comer um bife e pede mais um bocadinho de batata, e nós mandamos. Desde que não abusem muito.”

As duas salas estão quase sempre cheias e ainda há uma pequena esplanada para ajudar nos dias mais quentes. “É isso que nos permite também funcionar com estes preços baratos, mas mantendo a qualidade do produto”, assegura.

“E a força da equipa, claro. Sem cada um deles, era impossível fazer o que fazemos.”

FICHA TÉCNICA

  • MORADA
    Rua Egas Moniz 45A
    1900-214 Lisboa
  • HORÁRIO
  • Das 11h30 às 15h30 e das 18h30 às 23h. Fecha ao domingo.
PREÇO MÉDIO
Entre 10€ e 20€
TIPO DE COMIDA
Portuguesa, Grelhados

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