O conceito do novo Mula começou a desenhar-se nos almoços da administração do grupo Mercantina. O chef Natanael Silva apresentava muitas vezes propostas de cozinha portuguesa que não estavam nos menus de outros projetos. “Um dia dizia que ia fazer sopa de cação, no outro migas — pratos que eram sempre bem recebidos. Às tantas começámos a pensar que podíamos fazer disto um espaço”, explica o chef à NiT.
A base evoluiu — e muito — e o Mula acabou por surgir em Alvalade não apenas como um conceito de gastronomia nacional, mas sim latina, já que acaba por ter também pratos de influência brasileira, espanhola, peruana ou mexicana. “Entre 60 a 70 por cento são pratos portugueses. Estão na base do projeto, mas sempre apresentados de uma forma diferente.”
De há uns meses para cá, quem passasse pela Mercantina de Alvalade percebia que na porta ao lado estava a ser criado mais um projeto do grupo. Os papéis a anunciar que ali viria a abrir um restaurante foram retirados esta quinta-feira, 19 de maio, antes da hora de almoço. Ali funcionou durante vários anos uma sucursal de um banco. Agora é um restaurante moderno, com direito a esplanada própria.
“É um espaço cosmopolita, por isso quisemos trazer diversas culturas. Não é para um público em específico, é para todos”, explica José Bartolomé Duarte, um dos responsáveis pelo grupo Mercantina. O nome não aponta diretamente para o conceito — é um tributo a uma colaboradora que faleceu.
“A Leonor Moutinho foi, durante muitos anos, criativa no grupo Mercantina. Era uma pessoa muito querida e quando começámos a pensar num conceito dizia que se tinha de chamar Mula. Mais do que uma homenagem, é um gesto de cumplicidade, é uma forma dela estar aqui connosco”, diz António Sousa Duarte, outro dos sócios do grupo.
Este é o segundo restaurante que a Mercantina abre em plena pandemia. Depois do Maat Café, no museu MAAT, e com vista para o Tejo, surge o Mula em Alvalade. “Não é fácil, arriscámos bastante, conhecíamos os riscos e mesmo assim não ficámos parados”, continua Sousa Duarte.
No logótipo do restaurante, que se encontra por cima da porta à entrada, além de Mula lê-se ainda “food, life, friends”. “Apostámos na comida, queremos que seja um espaço vivo e que junte vários amigos para partilharem pratos à mesa”, explica José Bartolomé Duarte. A decoração do espaço segue esta ideia e junta mais uma vez Tiago Silva Dias e Teresa Beirão da Veiga, que colaboraram nos outros restaurantes do grupo.
“Queríamos um conceito ligado à ideia de oásis, trazer um pouco dessa frescura, tranquilidade e estilo de vida”, continua. No interior existem duas salas cheias de plantas e sofás corridos. A esplanada própria — é o único restaurante do centro comercial de Alvalade que tem um espaço exterior exclusivo — também segue esta linha com muitas espécies verdes.
É aqui que podem começar os jantares mais cedo. A partir das 17 horas o espaço abre apenas no exterior com cocktails e uma seleção de alguns dos petiscos que fazem parte da carta. O Mula funciona ainda aos almoços e jantares.
Quando chegou o momento de criar o menu, no que às sugestões nacionais diz respeito, o chef sempre as teve sempre muito presentes. Muitas são pratos a que teve acesso através das três avós que diz ter. “Tenho uma do norte, uma de Lisboa e outra do Alentejo. Duas são as mães dos meus pais, a terceira veio emprestada da minha mulher”, conta Natanael Silva. Fez ainda algumas pesquisas para finalizar a ementa. Porém, nem todas as receitas foram criadas pelo chef. As farófias, por exemplo, são da Tia Albertina, e é desta forma que estão identificadas no menu.
“É uma amiga que faz umas farófias fantásticas. Convidámo-la a vir partilhar o segredo connosco”, conta José Bartolomé Duarte. Ainda não falamos dos restantes pratos, mas já que estamos na sobremesas, vale a pena falar da mousse de chocolate. “É servida na mesa, à colher, junto dos clientes. É finalizada com flor de sal e um toque de azeite”, explica o chef.
Falando dos salgados, os peixinhos da horta (6,50€) e a croqueta basca para começar (6,50€) são algumas das sugetões. O gaspacho à Andaluzia (4,50€), uma sopa de cação com pão alentejano (14,50€), uma moqueca de peixe e camarão (16,50€), ou o entrecosto frito com migas (13,50€) são outras propostas.
Importa ainda falar do couvert. Junta pão de trigo Barbela e manteiga caseira. “Recebemos natas e fazemos a manteiga todos os dias.” Existe ainda um paté especial que muda entre o almoço e o jantar. Pode ir de uma sugestão com muxama de atum a outra de cogumelos, por exemplo.
O Mula é o novo conceito do grupo Mercantina. Abriu em Alvalade, mas os responsáveis não deixam de parte a hipótese de ser replicado noutra zona.
Carregue na galeria para conhecer melhor o novo Mula.
