Hoje parte da paisagem, o lago principal do Jardim do Campo Grande — ou Jardim Mário Soares, para os mais picuinhas — começou a ser construído em 1869. Rapidamente, as famílias endinheiradas o adotaram como espaço de lazer, para passeios românticos nos barcos a remo. E apesar de ter sido vítima do violento ciclone de 1941, foi recuperado em pouco tempo para se tornar num espaço central da vida dos lisboetas e da zona de Alvalade.
É precisamente nas memórias de infância que se apoiam os quatro amigos que desde 2023 decidiram agarrar no negócio da Casa do Lago, agora Lago Lisboa, implantada numa pequena ilha no meio da água, para o trazer de volta ao clima moderno da capital. Por ali cresceram e hoje, já adultos, quiseram ajudar a mudar o ambiente no jardim. De todos, apenas Nuno Fernandes estava previamente ligado à restauração.
“A cidade tem hoje tudo muito arrumado. Há mais de seis mil restaurantes na cidade e está tudo muito setorizado, tudo segmentado. Achamos que isso é limitador”, refere. “Estamos ao lado do bairro de Alvalade. Perto do de São Miguel. Estamos inseridos no Campus Universitário que tem praticamente todos os dias 12 mil pessoas na comunidade académica. Estamos próximos de Entrecampos. É o jardim mais frequentado de Lisboa. Isto é o centro da cidade.”
Quiseram, por isso, repensar todo o negócio e tornar o Lago Lisboa numa máquina versátil e multifacetada, para agradar “os avós que de manhã aqui passeiam com os netos”, aos “trabalhadores que querem almoçar à semana” e mesmo “aos jovens que ao fim do dia e à noite querem beber um copo”.
Como refere Nuno Fernandes: “Somos um bar. Somos um restaurante. Também somos um lounge. Não é nada que não se veja em cidades lá fora como Chicago, Sydney ou Nova Iorque — e Lisboa estava carente.”
A mudança foi feita de forma discreta ao longo do último ano e só agora sentem que está tudo verdadeiramente no ponto. O Lago Lisboa já faz parte da rotina de muitos dos locais que por ali passam todos os dias.
O espaço divide-se em três áreas distintas. Desde logo, o bar, com detalhes decorativos que combinam elementos dos anos 40 a linhas modernas. Há ainda um espaço desenhado como se fosse uma estufa, com vegetação que cobre todo o teto. E, por fim, a famosa esplanada sobre o lago, disposta à sombra da magnólia centenária.
O ecletismo reflete-se na carta, entre petiscos como ovos rotos (8€), ceviche de salmão (15€), choco frito (16€), tártaro (16€) ou gratinado de beringela (12€). Para refeições mais compostas, há bitoque à Lago (14€), costelinhs (24€), risotto de cogumelos e aipo (15€) e um par de sobremesas. Fora das refeições, a cozinha também funciona, enquanto serve tostas, waffles e até o já popular prego em bolo do caco (10€). Do bar saem cocktails de assinatura que são também as estrelas dos finais de tarde e noites.
Conte também com música ao vivo e animação, do jazz ao samba, numa seleção onde não há limitação dos géneros — e que tem lugar preferencialmente ao final de semana e fim de semana. Mas a música está sempre presente, sobretudo nos sunsets de verão, que têm entrada livre.
Outra das apostas são os “preços mais democráticos” para que o Lago Lisboa possa ser “frequentado por todos”. “Temos tido muita gente sobretudo à noite, que passa por aqui para beber um copo. Temos sempre música, mas a um volume que permita as pessoas conversar“, nota.
E conclui: “Isto que criamos aqui é também uma forma de homenagear uma cidade que é espetacular. Não é para ser apenas um café no jardim. Queremos ser muito mais do que isso. Queremos ser um espaço de convício.”
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