Quando contámos aos leitores qual era o restaurante que se ia instalar no jardim de Paço de Arcos, dando finalmente vida a um espaço icónico que, durante anos, foi deixado ao abandono, percebemos desde logo que seria difícil reservar mesa assim que fosse inaugurado. Não estávamos enganados. O número de visualizações e partilhas confirmou o que já sabíamos: os oeirenses estavam desejosos de voltar a aproveitar aquele espaço de localização privilegiada e, se possível, com boa comida.
O Madrasta abriu a 22 de março e, desde então, tem vindo a conquistar quem chega por curiosidade, e não sai sem prometer regressar. Foi o que aconteceu com a NiT , numa visita que, certamente, vamos repetir em breve. O fator novidade dá agora espaço à vontade de provar tudo aquilo que não conseguimos numa só refeição — e, acredite, fizemos um esforço para conhecer máximo de propostas que conseguimos. Mas já lá vamos.
Primeiro, importa perceber como é que este edifício, datado dos anos 50 do século XX, renasceu para se tornar naquilo que é hoje. O Grupo Non Basta ganhou um concurso da Câmara Municipal de Oeiras para explorar o espaço e, desde logo, percebeu que para pôr de pé o conceito pensado, teria que fazer obras estruturais. Para isso, contou com a ajuda de Inês Moura, responsável pelo projeto de arquitetura e design de interiores.
“O edifício lembrou-me muito as saídas das cidades para as casas de praia e a estética dos edifícios dos anos 50”, explica a arquiteta. Sendo um espaço tão querido e um marco no jardim onde está inserido, a sua reabilitação foi pensada de forma a manter a sua essência, dando-lhe uma nova vida, mas sem esquecer a memória do passado.
A inspiração do projeto veio da estética original do edifício e da sua relação com o jardim, como são exemplo as janelas de vigia, a pedra bujardada e as ligações entre áreas através de formas orgânicas e modulares. É isso que vai encontrar nas duas salas interiores (a de inverno e a de verão), com ambientes distintos, onde se sente a harmonia com o cenário envolvente, entre a utilização de cores como o azul petróleo, os tons verdes e terra, com o próprio verde do jardim e o azul do rio Tejo. Os sofás, as cadeiras e as mesas foram também desenhados pela profissional.
Tudo isto para que os clientes se sintam em casa, confortáveis, seguros e bem alimentados, tal qual faz uma madrasta. “Queremos desmistificar o estereótipo negativo associado a este conceito”, conta Frederico Seixas, um dos sócios responsáveis pelo restaurante.
Entre contos de fadas e histórias da vida real, a expressão madrasta é associada a características menos boas, sendo até utilizada como adjetivo para descrever situações que apenas trazem dissabores e tristezas. Para contrariar a ideia, a família do Grupo Non Basta dá todo o protagonismo a uma Madrasta que recebe, acolhe, alimenta e está presente nos melhores momentos à mesa.
O restaurante convida-o a passar horas à mesa, a pôr a conversa em dia e a aproveitar a companhia de quem lhe é mais querido. Com 80 lugares no interior e 100 na esplanada (o ex-líbris nos dias com bom tempo), não vão faltar oportunidades para aproveitar todos os cantinhos desta casa, que tem ainda um terceiro espaço, pronto a tornar-se num dos hots spots deste verão. O rooftop, que não existia no edifício original, “foi criado para aproveitar este espaço que é incrível, com esta vista maravilhosa”, refere Frederico Seixas.
Ali, ao sabor da brisa marítima, não serão servidas refeições, mas pode pedir petiscos e snacks para partilhar, assim como pizzas. Tudo isto, enquanto bebe uma cerveja, um copo de vinho ou um cocktail, já que o terraço terá um bar próprio, num espaço pensado para aproveitar os finais de tarde quentes de verão. O espaço vai abrir ao público ainda durante o mês de maio.
O Madrasta é o sexto restaurante do Grupo Non Basta, que tem também o Margarida, em Carnaxide, e outros espaços em Lisboa como o Pasta Non Basta, em Alvalade e nas Avenidas Novas, o Memória e o Província. A vinda para perto do mar faz parte da estratégia de expansão do grupo e da vontade de sair do centro de Lisboa e estar mais perto dos clientes que há muito pediam um espaço na Linha.
“O Madrasta é a casa de férias que todos sempre sonhámos ter. Com jardim e vista para o mar, e uma cozinha aberta a qualquer hora onde cabe sempre mais um. Um sítio onde podemos fugir do caos urbano sem sair realmente da cidade. Onde há sossego, mas nunca falta animação e boa energia. Com esplanada, rooftop e duas salas com ambientes distintos, o Madrasta é um restaurante para todos os dias, mas onde cada dia traz algo diferente e especial”, refere a empresa.
Afinal, o que serve esta Madrasta?
O conceito gastronómico do restaurante tem por base a cozinha mediterrânica, com algumas influências também das gastronomias portuguesa e italiana. Com uma oferta bastante alargada, há lugar para pratos clássicos, mas também para propostas mais criativas. “Estar em frente ao mar e ter na mente a ideia de uma carta democrática ajudou-nos a pensar em propostas que abrangessem os mais diferentes públicos”, explica Sérgio Carola, chef do Madrasta.
Nas entradas, começámos por provar o carpaccio de polvo (14€) que — temos de confessar — estava divinal, tal como os pastéis de massa tenra de camarão e choco com maionese de chipotle (9€, três unidades). Ficámos surpreendidos com o panuzzo de camarão (11€), um mini pão de massa de pizza com tártaro de camarão e rúcula, que também pode ser feito com polvo. Entre a vasta lista de opções, encontra ainda ovos rotos trufados com presunto (18€), cachorro de lavagante com maionese de chipotle (23€) e cogumelos pleurotus e vinagrete de ervas (11€), entre outras.
Passámos aos pratos principais e, entre as alternativas de carne, peixe e até vegetarianas, fica difícil escolher o que provar. Para começar, as opções de mar. Filete de pescada com arroz de coentros, limão e grelos (16€), bacalhau confitado com feijoca cremosa e chouriço (19€) ou tataki de atum com puré de batata-doce e pak choy (26€) são alguns dos pratos propostos.
Nas carnes, não se vai arrepender de pedir o carré de porco grelhado com espargos e molho béarnaise (16€) ou as costeletas de borrego grelhadas com molho de hortelã e grelos salteados (20€). No entanto, um dos pontos fortes do restaurante é o segmento dedicados aos pratos de arrozes e massas.
Entre as sugestões, encontra-se o arroz cremoso de lavagante (24€), o arroz de forno com magret de pato (22€) — que se tornou num dos nossos pratos favoritos —, o arroz de limão com corvina e amêijoas (22€), o tagliolini com trufa e gema confitada (18€) ou o ravioli de romesco com burrata e lavagante (22€).
Para quem não come proteína animal, as alternativas são cogumelos Portobello assados com molho de legumes caramelizados, ovo e batatas fritas; couve flor assada com molho romesco; ou caril de feijoca e legumes com arroz branco. Todos a 12€. Para os miúdos, foram pensados dois pratos à escolha: o esparguete à bolonhesa ou o filete de pescada com arroz de manteiga (ambos a 10€).
Há também 13 diferentes opções de pizza de fermentação lenta. “Decidimos ter aqui um estilo de pizza diferente dos nossos outros restaurantes, que têm a romana, com massa fina. Aqui decidimos fazer um upgrade e criar um uma pizza entre a romana e a napolitana, com uma massa diferente, muito crocante e saborosa”, conta à NiT, Frederico Seixas.
Para terminar a refeição, se ainda tiver um espacinho por preencher, pode deliciar-se com uma das sobremesas propostas no menu. Entre elas estão um croissant com pudim Abade de Priscos; um crème brûlée de laranja com gelado de baunilha; um creme de mascarpone, citrinos, compota de amoras e bolo de amêndoa; um bolo de chocolate três texturas; profiterole com praliné de pistácio e molho de chocolate salgado; e, como não podia deixar de ser, o tiramisù Non Basta (o nosso favorito).
Com um horário de funcionamento contínuo do meio-dia à meia-noite, pode passar por lá para almoçar fora de horas, petiscar qualquer coisa ao final da tarde, ou ficar para jantar e beber um copo, em qualquer dia da semana. No entanto, não vale a pena ir até lá sem reservar mesa antes, já que a novidade tem tido sempre casa cheia.
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