Quem chega à porta do Solar do Forcado, já sabe quase sempre o que vai pedir: o cozido de grão com rabo de touro. A especialidade percorre os 40 anos de história da antiga taberna nascida em 1985, mas que desde 2011 se apresenta renovada, com as vestes de restaurante tradicional.
Fundada por Lourenço e Joana Mourato em 1985, o restaurante de Portalegre é hoje comandado pelo filho Luís Morato. “Comecei a ir para a taberna com os meus 20 anos. Ainda me lembro de servir muito toucinho frito, salada de bucho e até ovos. Ajudei sempre os meus pais e quando morreram tive de assumir a gerência. Jamais pensei em abdicar desta casa”, recorda o proprietário de 46, que vou o espaço entrar para o Guia Michelin, não com as habituais estrelas, mas na categoria Big Gourmand, que distingue espaços “com boa comida a preços moderados”.
Conta com a ajuda preciosa de Maria do Céu, cozinheira de 56 anos que acompanha a casa quase desde o início; e que agora se faz acompanhar de Massbahia Douachi, marroquina de 47 anos que ajuda a preparar as especialidades alentejanas. “Ambas chegaram quando os meus pais ainda geriam a taberna. Conhecem tudo melhor que ninguém. Somos praticamente família”, conta.
A atenção dada à carne de touro bravo reflete-se na decoração, quase toda ela assente em motivos tauromáquicos, entre cartazes e fotografias de corridas. E tudo tem uma justificação: afinal, o fundador Lourenço era forcado e pelas paredes ainda sobrevivem algumas fotos desses dias aventureiros. Mas neste solar, é no prato que tudo se revela.
O cozido de grão com rabo de touro (14,50€) é nada mais nada menos do que “uma versão do tradicional guisado de grão português” ao qual decidiram juntar o rabo de touro. Os rabos, rijos, são então sujeitos a uma confeção lenta de duas a três horas, para amaciar a carne e potenciar o sabor.
“Muitas pessoas chegam até nós só porque querem provar esta carne”, nota, antes de apontar para um dos clientes habituais. “O Cesár Mourão já a provou e quando vem a Portalegre reserva sempre mesa no nosso restaurante”, refere com orgulho.
Muito procuradas são também as açordas alentejanas (3,50€), os rins de porco preto (12,50€), o cachaço de bacalhau confitado em azeite (13,60€) e as tiritas de porco alentejano (13€). Mas há um prato que, confessa Luís, qualquer curioso da gastronomia alentejana tem que provar: o toucinho frito (5,9€).
Para finalizar a refeição, no Solar do Forcado há doces regionais como os conhecidos fartes, feitos com farinha de amêndoa, gila e folha de obreia (4,20€) e o pudim de mel e azeite (4,20€). A acompanhar, pois claro, os famosos vinhos da região, numa carta com cerca de 60 referências, a maioria da Serra de São Mamede, também vendidas a copo.