Restaurantes

No novo Refeitório lisboeta viaja-se pelos melhores sabores (e produtos) nacionais

O mais recente restaurante d'A Praça, no Hub Criativo do Beato, promete cozinha portuguesa de conforto.

Durante décadas, era nos mercados que os portugueses encontravam tudo aquilo de que precisavam para viver. E é um pouco dessa vida que A Praça (sendo este o local onde se realizavam as vendas diárias ou semanais) levou ao Hub Criativo do Beato em 2022. Agora, o espaço conta também com um restaurante, ou melhor, um Refeitório.

O complexo militar que foi reabilitado e que deu origem ao espaço d’A Praça tinha ainda um segundo edifício por recuperar e é ali que hoje está esse “centro gastronómico”. Não é que por ali não se pudesse comer. Entre a charcutaria, a queijaria, a mercearia, a padaria, o bar e a garrafeira, tudo se podia comprar, mas também comer e beber no local.

O Refeitório pretende, no entanto, envolver os produtos nacionais num ambiente mais requintado — sem que se perca a informalidade. “Chamamos-lhe Refeitório porque era precisamente ali que ficava o antigo refeitório do complexo militar”, explica à NiT Cláudia Almeida Silva, fundadora d’A Praça.

“Queremos que o protagonista continue a ser o produto nacional, com um foco nos pequenos e médios produtores, que têm tão pouca visibilidade nos centros urbanos. Queremos dar um rosto a esses produtos, mostrar quem é que os faz”, nota sobre as ambições mais gerais do projeto. “Durante muitos anos houve uma desconexão muito grande sobre o produto e quem, na cadeia de valor, tem mais trabalho: é precisamente quem o produz. É por isso que lhes queremos dar destaque.”

O restaurante foca-se então numa cozinha portuguesa contemporânea, com um menu criado pelo chef Glediston Santos. Fala-se de cozinha de conforto, assente sobretudo no produto sazonal, de pequenos produtores. A grande maioria do trabalho já estava feita pel’A Praça, até porque é nos pequenos espaços já existentes que se encontram a maioria destes produtos que depois encontram o seu caminho até à cozinha do Refeitório.

“Também por isso quisemos ter um espaço amplo, com uma cozinha totalmente aberta, sem fronteiras para a sala: é uma forma de mostrar a importância da transparência, da informalidade, do contacto”, explica a fundadora de 50 anos.

Ainda que a base sejam os produtos nacionais, isso não impede que haja, aqui ou ali, incursões por clássicos de outras cozinhas. Mas nesta primeira carta invernal, predominam sobretudo os sabores de conforto e, sem surpresa, muitos produtos nortenhos, sobretudo transmontanos.

“Quando começámos a construir o menu do produto verificámos que havia essa predominância. Se calhar, chegando ao verão, vamos mudar e recorrer mais aos cítricos, ao Algarve e outras regiões”, nota. E é precisamente pela cenoura algarvia (7€) que arranca a ementa, cujas entradas viajam até aos peixinhos-da-horta (6€) e as ervilhas e ovo (8€), antes de um volte-face para sugestões mais robustas como a sangueira assada de Montalegre (7,5€) e os cogumelos e castanhas (8,5€).

De cogumelos se faz também aquele que tem sido “o prato mais aclamado” dos primeiros dias do Refeitório, o arroz de míscaros (16€), os suculentos cogumelos selvagens apanhados nas Beiras. Há também barriga de porco bísaro (18€) cozinhada lentamente e acompanhada com arroz cremoso. Não perca também o cabrito transmontano (64€), a coube lombarda e rabo de boi (17€) e a cataplana de peixe e marisco (42€).

Por fim, nos doces, o clássico Romeu e Julieta (5€), um leite-creme (4,5€) ou um crumble com fruta da época (4,5€). Tudo isto para acompanhar com uma pequena, mas curiosa carta de vinhos. A oferta foca-se em referências de baixa intervenção, de pequenos produtores e com muitas opções fora de fronteiras, da região do Jura, em França, aos Barolo italianos.

O Refeitório habita um espaço amplo, de cores simples, terrosas, do barro dos tijolos ao da olaria transformada em candeeiros suspensos. “Já no outro edifício tínhamos muitas peças de cerâmica e olaria e quisemos fazer aqui um tributo aos nossos oleiros, sobretudo os do Algarve”, explica Cláudia Almeida Silva. A parede foi, contudo, entregue ao artista plástico Francisco Vidal, que criou uma peça que encaixa na perfeição na decoração limpa e elegante do Refeitório.

Para o futuro, fica a promessa de novos pratos e cartas, sempre a mostrar o que de melhor de produz em Portugal. “Até porque quando o ingrediente é bom, sente-se logo no sabor, não é verdade?”

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FICHA TÉCNICA

  • MORADA
    Travessa do Grilo, 1
    1950-145 Lisboa
  • HORÁRIO
  • Almoços: segunda a sexta-feira, das 12h às 15h; Jantares: quarta a sábado, das 19h às 23h
PREÇO MÉDIO
Mais de 50€
TIPO DE COMIDA
Portuguesa

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