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Restaurantes

No Turvo, vale a pena fechar os olhos enquanto experimenta os pratos do chef Vasco Lello

O seu primeiro projeto a solo promete uma cozinha “sem filtros e com muita substância”. Os sabores portugueses brilham entre toalhas de papel e travessas de inox.

Partir do nome para chegar à linha orientadora do novo restaurante do chef Vasco Lello requer algum conhecimento vínico. “Inspirei-me nos vinhos mais naturais”, refere o cozinheiro e proprietário de 44 anos. “Quando não é filtrado, fica opaco, e apesar de não estar límpido, tem muita substância. É algo sem filtros. É o que é”, diz.

O Turvo, aberto desde o início de abril, marca o primeiro projeto a solo do chef que passou pelas cozinhas do Bica do Sapato, do Bairro Alto Hotel, do Sea Me ou do Lota D’Ávila, em Lisboa, e com estágios em locais de renome como o três estrelas Michelin, Arzak, ou o londrino Chiltern Firehouse. Mas, ao fim de mais de vinte anos a cozinhar para outros, decidiu que iria cozinhar só para si — e para os seus clientes.

“Sempre quis abrir o meu próprio restaurante, mas por uma razão ou por outra, nunca foi acontecendo. Era um sonho adiado”, recorda. Isso mudou nos últimos dois anos, quando teve “mais tempo” para pensar e planear. Até o espaço andava debaixo de olho, O Viseu, um antigo restaurante tradicional que frequentava, mas que encerrou depois da pandemia.

O que inicialmente seria feito com a companhia de alguns sócios, acabou por ser um “salto de fé” a solo. Já o conceito, esse sempre esteve mais ou menos bem desenhado na cabeça de Vasco Lello. Uma cozinha portuguesa com substância, “sem grandes pretensões a experiências gastronómicas ou menus degustação”.

“Quero que as pessoas tenham uma boa experiência, quando põem a comida no garfo e a saboreiam. É só isso”, aponta. De traço moderno e criativo, o menu dispensa as divisórias habituais. Pratos para partilhar ou para comer sozinho? “Depende”, ri-se o chef. “Já tive gente a vir cá e a comer sozinha o menu inteiro.”

Isso significa que a aventura arrancou nos croquetes de pato (4€) e na cabeça de xara (5€), até chegar a gamba rosa com brioche tostado (5,5€) ou ao lírio com ajo blanco (11€).

Entre as criações que mais orgulham o chef estão as chalotas assadas (7€), que não são mais do que um prato inspirado pelas cebolas caramelizadas no fundo dos tabuleiros. “Lembro-me que ao domingo, em minha casa, era sempre dia de peixe assado, algo festivo. E no fundo, estavam sempre essas cebolas. Adorava o sabor, estava ali concentrado. E isso deu-me a ideia de criar um prato vegetariano”, explica. As cebolas em várias confeções são temperadas com massa de pimentão, aromáticos, e depois assadas. No final, são servidas com um molho de assado, um puré e um pó de cascas.

Pode ainda provar escabeche de perdiz (8€), cachaço de porco confitado com guisado de feijão maduro (16€) e terminar com dois doces: pudim de ovos (8€) e mousse de chocolate (5€).

E essa mesma simplicidade estende-se à sala, com lugar para cerca de 30 pessoas e mais seis ao balcão, quando a procura assim o exige. O ambiente combina traços modernos com detalhes reaproveitados: cadeiras e mesas vieram de um antigo refeitório de igreja e foram restauradas, agora cobertas com toalhas de papel onde chegam travessas de inox. É nesse cenário despretensioso que se servem os pratos reconfortantes (mas com toque criativo) do chef Vasco Lello, sempre com substância e sem filtros.

Gamba rosa com brioche tostado.

FICHA TÉCNICA

  • MORADA
    Rua José Acúrcio das Neves, 18A
    1900-273 Lisboa
  • HORÁRIO
  • Quarta a sábado, das 19h às 23h
PREÇO MÉDIO
Entre 20€ e 30€
TIPO DE COMIDA
Portuguesa

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