O “doutor Olivier” voltou a atacar. A expressão é do próprio Olivier da Costa sobre a aventura que é lançar o novo restaurante. Chama-se Mimi by Yakuza e é inaugurado esta terça-feira, 1 de julho. O chef foi contactado para ficar com o espaço do antigo Otro, na Rua Rodrigues Sampaio, e apresentar um conceito diferente para o local. Desta vez, decidiu criar um espaço distinto dos que já tem no seu reportório e dar continuação a uma das tendências do momento: o omakase.
“O Mimi apareceu, mais uma vez, através de uma consulta do doutor Olivier. O novo restaurante fica no lugar onde morava outro espaço, que estava doente e precisava de ajuda. Eu cheguei, fiz a minha operação e agora vamos ver como corre”, diz à NiT o chef, de 49 anos.
Com um espaço novo para explorar o conceito que quisesse, o empresário decidiu “premiar dois colaboradores”, o casal Joyce e Alex Hatano, e fez-lhes uma proposta de sociedade para gerirem o Mimi by Yakuza. A ideia era que ali fosse criado um espaço de omakase mas à sua imagem, algo “mais desconstruído”.
O termo traduz-se na expressão “ficar nas mãos do chef” e serve de base à experiência do Mimi. Os ingredientes utilizados deverão variar diariamente, consoante a disponibilidade e frescura dos produtos. O menu inclui peixe e marisco da costa portuguesa e dos Açores, ostra do Algarve, camarão cristal, robalo de Peniche, pargos de Sagres, lírio ou goraz.
A carta vai também incluir peças como atum bluefin e toro, wagyu japonês, wasabi fresco, vieiras da Noruega e trufa italiana. Algumas criações serão grelhadas no tradicional carvão japonês binchotan, conhecido por atingir altas temperaturas.
Assim que começou a pensar no projeto, Olivier decidiu que o foco seria o produto. “Somos um grupo grande, que compra muito peixe e muito marisco, por isso pedimos aos fornecedores, com quem temos já uma grande relação, que nos garantissem os melhores peixes”, adianta. “Pedi que sempre que aparecesse um lavagante de oito quilos, ou um robalo com mais de 8,5 quilos, nós queríamos. Sem olhar ao preço. O nosso objetivo é ter o que há de melhor no mercado nesse dia para servir no Mimi”, acrescenta.
Garantindo esta parte, Olivier deixa a preparação a cargo de Alex Hatano. “O melhor peixe é depois turbinado com trufa ou caviar. Quem cá vem, sabe que vai estar a comer o melhor peixe do dia, feito com técnicas diferentes e com vários mimos para os clientes, daí o nome”, refere o chef.
A refeição custa 98€ por pessoa, sem bebidas incluídas. Existe a opção de pairing de bebidas por 45€, que inclui cerveja japonesa Sapporo, vinhos, champanhe e saqué. As combinações dependerão dos peixes e ingredientes de cada dia. E o que sair dali irá funcionar como base para depois servir no Yakuza, outro dos espaços do grupo.
“O Yakuza foi a bíblia dos restaurantes japoneses em Portugal nos últimos 10 anos — o que fizemos toda a gente copiou, desde os niguiris, aos tacos e rolls. Agora vai ser difícil copiar porque o menu vai variar e será o laboratório para testar coisas novas para o outro espaço”, avança.
O Mimi tem capacidade para receber cerca de 30 clientes em simultâneo — 14 podem sentar-se ao balcão, enquanto os restantes podem ficar nas mesas que estão na mesma sala. A diferença é que, quem ficar na barra (pensada especialmente por Olivier para conseguir privacidade para quem for em casal), tem de lá estar entre as 20 horas e as 20h30 para conseguir assistir ao ritual, em que o chef explica cada passo dos pratos apresentados.
A zona da refeição fica no piso superior e, para lá chegar, terá de subir umas escadas, passar por um bar com algumas mesas, uma segunda sala e um corredor mais escuro e misterioso que acaba por envolver os clientes no ambiente do omakase.
O espaço foi pensado à imagem do grupo Olivier da Costa, com detalhes amadeirados, empoderados pelas pedras naturais e o requinte que o chef já nos habituou. A preocupação com a decoração é um dos elementos-chave que o empresário português destaca no sucesso dos restaurantes que cria.
Atualmente Olivier da Costa gere 36 espaços, distribuídos por sete países e três continentes. Sobre o segredo, o chef admite que não existe “nada de concreto”. “Não há uma receita e nem sempre é um sucesso”, afirma. “Há quem lhe chame sorte, toque de génio. Mas eu não penso nisso. Desenho um restaurante de forma a que o cliente goste. Os clientes são a base de tudo, as nossas estrelas. Posso não ser o melhor, mas o cliente Olivier sabe que quando vai aos nosso espaços, vai pagar, e vai comer produtos da melhor qualidade, ter o melhor serviço e jantar ou almoçar num espaço agradável e bem decorado”, continua.
O chef já tem aberturas previstas para 2026 e 2027 em Portugal e fora. “O grande foco é o território nacional, mas face à nossa estratégia em trabalhar com grandes cadeias hoteleiras, têm surgido desafios fora do País que temos agarrado”, admite. A próxima abertura está marcada para 17 de julho, no Algarve, com o Guilty a chegar à zona dos Salgados.
Carregue na galeria para descobrir o novo espaço de Olivier da Costa em Lisboa.