“Tenho uma paixão enorme pelo Porto. A minha mãe e os meus avós da parte da minha mãe são do Porto e já há muitos anos que tenho estado à procura de um projeto incrível no Porto em que pudesse ter a oportunidade de trabalhar com amigos, com pessoas que têm a paixão pela cidade, pelo nosso País.” É assim que o chef Nuno Mendes começa por explicar à New in Porto a sua ligação com a cidade.
Embora as suas raízes e a infância sejam de Lisboa e do Alentejo, o chef já percorreu o mundo e tem passado muito do seu tempo nos últimos anos em Londres, onde conseguiu conquistar duas estrelas Michelin. Ainda assim, tinha esta ideia muito presente de abrir um espaço no Porto, um sonho que se tornou realidade desde 16 de fevereiro com o Cozinha das Flores, do qual é diretor criativo.
O espaço fica no Largo de São Domingos, mesmo no final da Rua das Flores, e inclui-se num projeto mais ambicioso, o The Largo, do qual fazem parte o bar Flôr e um hotel, que abrirá ainda este ano. Ao contrário do que toda esta apresentação possa fazer imaginar, o conceito do restaurante pretende ser simples e descontraído, juntando a qualidade dos produtos e do serviço com alguma diversão e estilo boémio.
“A Cozinha das Flores é um pouco uma homenagem à cozinha, é um espaço também criativo, confortável, boémio e divertido”, começa por dizer Nuno Mendes, acrescentando: “Uma cozinha aberta, muito inspirada pelo produto do norte, é um espaço onde começamos uma viagem agora à procura e à descoberta do receituário e da tradição do norte e isso é um pouco o nosso guião para o trabalho que estamos a fazer aqui. Fazê-lo também de uma maneira descontraída, num espaço caseiro, com uma identidade única e amigável. Um sítio onde as pessoas podem estar descontraídas e sentir que estão na nossa casa”.
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Um dos detalhes que o chef mais destaca é o facto de o espaço estar virado para a rua e ligado a ela diretamente. Isso faz com que o restaurante, o bar e, no futuro, o hotel sejam independentes entre si mesmo que façam parte de um mesmo projeto enquanto, ao mesmo tempo, aumentam a ligação à cidade e aos portuenses.
“Temos a dualidade de ter um projeto que é um restaurante e um bar de rua, mas depois vamos ter uns quartos por cima. Gosto muito da ideia de conseguir criar um momento que, em vez de ser um restaurante onde temos 2h30 para entreter as pessoas, aqui temos 24 horas e acho que se podem fazer coisas muito giras com isso.”
Embora se trate de um espaço com um certo nível e cozinha de autor, não pretende ser demasiado formal. Antes pelo contrário. Decorado em tons escuros de madeira mas com luz quente, dá a sensação de casa que o chef quer passar e de um ambiente que, embora requintado e elegante, não é imponente. Mesmo que uma das paredes esteja decorada com uma obra de azulejos de Siza Vieira.
Com um menu dinâmico e que pretende que vá evoluindo ao longo do tempo, o Cozinha das Flores aproveita os produtos locais e nacionais, baseando-se neles tanto na carta de comida como de vinhos. A ideia passa mesmo por destacar as qualidades dos produtos portugueses e do receituário do norte do País.
“É um menu que vai mudando muito, mas são pratos interessantes. Os alicerces da nossa cozinha aqui são o produto, a tradição e, logicamente, um bocadinho da técnica que vamos aprendendo”, aponta, dizendo ainda: “Estamos a usar a grelha de uma maneira um bocadinho diferente, em vez de estarmos diretamente a cozinhar a alta temperatura, estamos a usar a grelha para fumar, para gentilmente passar os produtos pela grelha para dar um toque de fumo, um toque de sabor ao tipo de carvão e de madeiras que usamos para a grelha”.
Os pratos podem ser partilhados ou pedidos individualmente e os snacks estão disponíveis tanto para o serviço no restaurante como no bar. Ao contrário da ideia que possa haver de um restaurante de autor, aqui não há menu de degustação, cada um é livre de pedir os pratos que quiser.
Assim, no menu vai poder encontrar alguns snacks como bola de Berlim com recheio de grão e frutos secos (6€), tosta de novilho maturado com nabo kohirabi marinado em tinta de choco (8€), pão de ló com camarão da costa e balchão (7€) ou pastel de nata de nabos com caviar (9€). No restaurante, as entradas começam com cogumelos silvestres com crepe de acelgas e ervas frescas com caramelo de cogumelos (14€), lírio curado com beterraba assada em sal e algas cozinhadas à bulhão pato (17€), lula gigante dos Açores com feijoada bruta de sames (16€) ou carabineiro gentilmente grelhado com açorda e molho das cabeças (19€).
Nos pratos principais há aipo assado e grelhado com jus de aipo, queijo de São Jorge e nozes (22€), robalo de mar selvagem confitado, servido com canja de nabos (25€), presa de porco com couve portuguesa, alheira molhada e caldo de cozido (28€) ou lombo de vaca maronesa grelhado, com cebolas tenras, nozes tostadas e tutano (33€). Se preferir partilhar, há ainda opções como arroz do Sado servido caldoso com lavagante azul de Matosinhos (85€) ou costeletão maturado, fumado e grelhado (90€ o quilo). Para acompanhar tudo isto pode pedir ainda esparregado de nabiças e couve-flor (6€), folhas tenras de alfaces e mostardas com vinagre de framboesa da última época (6€) ou batata shiba com temperos da casa (6€).
“Oxalá que os portuenses tenham orgulho no que fazemos aqui”, remata Nuno Mendes.
Carregue na galeria para descobrir mais sobre este novo restaurante.