Conhecido pelo ambiente bairrista e a mestria nos grelhados, o Restaurante Palmeira foi uma referência para os moradores dos Olivais durante mais de três décadas. Famílias, amigos e vizinhos costumavam reunir-se na Praça da Viscondessa para provar a famosa fraldinha, a especialidade da casa.
Com uma palmeira à frente (daí o nome), era um daqueles espaços que todos os locais conheciam e recomendavam. O chef Pedro Soares, que cresceu nos Olivais e recorda com saudade as idas ao Palmeira quando era miúdo, não imaginava que um dia seria responsável por continuar a escrever a história do negócio. O nome mudou, o conceito também. A essência, essa, permanece intacta no novo Solar da Gula.
A paixão de Pedro pela cozinha despontou cedo, influenciado pelo pai. “Sempre que ele cozinhava, estava perto dele, a cheirar e a provar tudo. E, quando eu tinha 17 anos, foi ele que me empurrou e incentivou a tirar um curso na área.”, partilha, em entrevista à NiT, o chef, de 42 anos.
A partir daí, abriram-se várias portas. Teve a oportunidade de trabalhar na restauração de cadeias hoteleiras de renome, como o SANA Hotels, e chegou a viver uns tempos no Reino Unido, onde trabalhava no Ferrari’s Italian Restaurant. De regresso a Portugal, uniu forças com o sócio Marcelo Tomás, também chef, e abriram, na altura da pandemia, o primeiro restaurante na Amadora, o Batalha dos Sabores.
“Tudo começou quase como uma brincadeira. Fomos a um restaurante de picanha à discrição e pensámos que conseguíamos fazer melhor do que aquilo. Fomos fazendo experiências, e as pessoas começaram a gostar das nossas inovações”, explica.
Com o sucesso do negócio, a dupla decidiu embarcar num novo desafio. A oportunidade, contudo, surgiu de forma inesperada. “Um dos nossos fornecedores disse-me que o Palmeira, que eu conhecia bem, estava à venda. Fomos ver o espaço, que já era muito antigo, e acabámos por ficar com ele”.
Pedro descreve o restaurante nos Olivais como “uma vila dentro da cidade”, um espaço que “encanta qualquer um”. Sabia que deveria manter a proposta de cozinha tradicional, mas também ambicionava modernizar o conceito.
Assim, no início do ano, fecharam as portas e procederam a uma renovação total, mantendo apenas o chão de mármore. Após dois meses de trabalho intenso, reabriram em março como Solar da Gula, com uma nova ementa. “Antes, oferecíamos grelhados simples; agora, temos um leque mais diversificado, sempre centrado na cozinha tradicional portuguesa”, destaca o chef.
O mote do espaço — “a gula é o pecado que amamos” — reflete-se nas opções do menu, com pratos para todos os gostos. As sugestões para abrir as hostilidades incluem queijo assado com mel, alecrim e frutos secos (6€), ovos rotos com presunto, aioli de pimentos e crumble de farinheira (8€) ou cogumelos com linguiça assada e queijo da ilha (6€).
Entre os mariscos e peixes, destacam-se as lapas da Madeira grelhadas (15€), o choco frito à Gula, (14,50€), o polvo à lagareiro (16,50€) e o arroz de marisco à Gula (42€ para duas pessoas). Os apreciadores de carne podem pedir a bochecha de porco estufada com migas de farinheira (14,50€), a fraldinha de novilho com chimichurri (14,50€) ou o bife chorizo (18€).
Quanto às sobremesas, o chef optou por não oferecer opções fixas, variando conforme os dias, entre o cheesecake, bolo de bolacha e sericaia (de 3,50€ a 4€). O Solar da Gula está aberto para almoços e jantares, e oferece uma happy hour das 15 às 19 horas, com cocktails a 5€.
Com capacidade para cerca de 140 clientes, o restaurante possui duas salas interiores e duas esplanadas, uma das quais coberta. É numa dessas salas que vão acontecer os espetáculos de fado ao vivo, uma adição que complementa a essência “portuguesa” do espaço.
A programação das noites temáticas arranca a 29 de outubro, com o fadista Artur Batalha, com a intenção de dedicar todas as sextas-feiras ao fado daí em diante.
Carregue na galeria para ver algumas imagens do espaço e dos pratos que pode pedir por lá.