Ostras, pratos ucranianos e fado. Embora a fusão possa parecer insólita à primeira vista, tem uma razão de ser — mas já lá vamos. O Mushlya, inaugurado a 8 de junho na Mouraria, em Lisboa, resulta da fusão de uma das cadeias de restaurantes mais conceituadas da Europa de Leste, apoiada por uma ucraniana.
Ksenia Romanova, nascida na Rússia, cresceu na Ucrânia e posteriormente mudou-se para a Polónia, onde se formou em hotelaria. Com 32 anos, acumulou experiência em Angola, onde teve a oportunidade de aprender português.
“Há cinco anos, quando a empresa angolana fechou, decidi vir para Portugal. Tinha passado umas férias em Lisboa e fiquei impressionada. Como não tinha o obstáculo da língua, decidi mudar-me para cá e recomeçar”, conta a gerente à NiT.
Em Portugal, Romanova encontrou emprego no setor da restauração, área com a qual sempre teve ligação. Trabalhou com Fábio Gomes, ex-participante do “MasterChef Portugal” em 2019, e, posteriormente, no restaurante D. Afonso o Gordo.
“O meu objetivo sempre foi aprender e evoluir. Tenho muita vontade de evoluir e isso fez-me passar por diferentes espaços ao longo destes anos”, refere.
Com a invasão da Ucrânia pela Rússia em março de 2022, Ksenia decidiu tentar ajudar refugiados que escolhessem Lisboa como destino. A missão levou-a a conhecer outros ucranianos, que estavam dispostos a abrir um novo restaurante na capital.
“Eles falavam muito na vontade de abrir um negócio e decidiram tentar trazer uma das cadeias de restaurantes mais conhecidas da Ucrânia. Como sabia que eu tinha experiência no setor restauração, pediram-me ajuda e, mais tarde, convidaram-me para gerir o espaço”, adianta.
Em poucos meses, encontraram a localização ideal na Mouraria: um espaço amplo com dois andares, situado numa área turística.
“Tinha dois andares, era espaçoso e ficava numa zona muito turística. Fizemos algumas obras de remodelação e abrimos em junho.”
O nome Mushlya, que significa “casca de ostras” em ucraniano, está refletido na decoração do restaurante, com as paredes cravejadas com carapaças deste crustáceo e obras de arte alusivas ao mesmo. A principal atração do menu é precisamente este bivalve. Os clientes podem pedir ostras como entrada (1,99€) ou como ingrediente das sugestões que incluem peixe. Neste caso, o destaque vai para os pratos frios (23,99€): um combina camarões, búzios com molhos, cebola marinada e pão brioche e outra versão com tártaros, inclui ostras, camarões, três tipos de tártaros com molhos, cebola marinada e pão brioche.
Os apreciadores de camarões também podem optar por um prato que apresenta diferentes variedades, como o tigre, carabinero e argentinos (23,99€). Se preferir um prato individual, há opções de marisco na grelha, como mini chocos (10,99€), camarões argentinos (10,99€), bife de salmão (10,99€) ou atum (10,99€) e vieiras grelhadas (10,99€).
Para quem aprecia começar o dia com marisco, o Mushlya abre às nove horas para servir pequenos-almoços. As opções incluem panquecas com frutos-do-mar (5,99€), crepes com marisco (5,99€) e tostas com ovos Benedict, seja com salmão (8,99€) ou cavala (10,99€). Todos os pratos são preparados segundo as técnicas e métodos ensinados pelos chefs da cadeia ucraniana.
Para acompanhar as refeições, Ksenia recomenda o vinho branco da casa (16,99€), produzido na Quinta da Bairrada, ou um dos espumantes do mesmo produtor. Já os clientes que visitam o restaurante no início da manhã podem pedir uma limonada, sumo de maçã ou de laranja, a 1,99€ cada.
Apesar de ser um restaurante ucraniano, a localização num dos bairros lisboetas com mais tradição fadista, fez com que a gerência se rendesse “à música da saudade”. Por isso, todas as sextas, sábados e domingos, ouve-se no Mushlya a célebre frase: “Silêncio, que se vai cantar o fado”. E comer ostras, claro.
Carregue na galeria para ver algumas imagens do novo restaurante.