Restaurantes

O 2Monkeys não tem carta, nem sala de jantar. Ali come-se “o que aparecer” ao balcão

O novo restaurante de Lisboa "não é de hábito ou standard. É de diversão." Sempre, claro, com "o melhor da comida".
A antiga equipa.

No final de junho revelámos um dos segredos mais bem guardados da capital: o Black Pavilion. O restaurante do Torel Palace descrito, simultaneamente, como “um oásis urbano” e “uma varanda aberta sobre Lisboa”. E se lhe disséssemos que o hotel (por vezes, também ele visto como um labirinto semi desconhecido) guarda um segundo recanto? Pode parecer mentira, mas não. Passando pela discreta entrada ninguém diria, mas é verdade.

Numa cidade cheia de turistas, os espaços tranquilos onde não há confusão são autênticos achados — existirem dois no mesmo espaço é um fenómeno ainda mais raro. Estes, porém, pouco têm a ver um com o outro. Um fica no cimo do hotel, outro escondido no rooftop. Um abriu a 1 de abril, o outro a 28. São tão diferentes que se comlementam.

Jantar na cozinha. É esta a proposta do segundo restaurante do Torel Palace Lisbon. Este, desta vez, um fine dining que quer acrescentar diversão a toda a experiência. “Os clientes sentem-se dentro da cozinha e acompanham todo o processo, desde a preparação e empratamento ao momento final”, explica à NiT o chef Vitor Matos, responsável pelo novo projeto.

Na cave do Torel Palace Lisbon, esconde-se um dos restaurantes mais exclusivos de Lisboa. Com capacidade para 14 pessoas, o 2Monkeys leva a alta cozinha ainda mais longe ao proporcionar um jantar diferente, num ambiente descontraído que convida à interação. 

No seu primeiro desafio na capital portuguesa, Vitor Matos junta-se ao chef Francisco Quintas para conduzir esta jornada. O par deixa clara a preferência por produto da época e de alta qualidade. “Respeitamos ao máximo o seu sabor e realçamos a sua essência recorrendo a técnicas o menos invasivas possível. Ao criarmos combinações surpreendentes, procuramos proporcionar uma experiência memorável,” explica o chef consultor. “É uma cozinha de poucos passos, onde tudo acontece ao vivo. Queremos dar a conhecer os ingredientes e os fornecedores.”

O nome, esse, deixa espaço para a imaginação —  polémica. “É um pouco controverso. Parece que estamos a chamar os chefs de macacos. Torna-se algo redutor. Mas não. É muito abrangente, no sentido de pudermos brincar com as pessoas, e aligeirar o conceito. É por isso que chamamos de fun fine dining. Queremos que todos se sintam como se viessem jantar à nossa cozinha. E tem de ser realista, verdadeiro. Ali há fumo, cheiros, movimentos”, explica.

Durante o jantar, o suspense e o entusiasmo lideram toda a narrativa. Primeira surpresa: não há sala de jantar. São todos convidados a partilhar um enorme balcão montado em redor da cozinha. Esta não será propriamente uma novidade, é verdade. Sabemos que outros restaurantes fazem o mesmo, mas em alta gastronomia ainda é uma raridade e contribui para criar uma atmosfera diferente.

No 2Monkeys também não existe opção de carta — apenas um menu de degustação de 14 momentos, que estão longe de estar fechados. Todos eles seguem o ritmo da natureza e vão mudando sazonalmente. Além dos pratos, os participantes poderão ainda optar por uma harmonização vínica (100€) sugerida pelo sommelier da equipa. A reserva é obrigatória e o menu tem um custo de 150€, sem bebidas.

Ali “não existe o chef Vítor Matos, nem o chef Francisco Quintas”, diz. “Não existem os meus pratos meus e os dele. Tudo é pensado e decidido a meias, e é da nossa cabeça que surge o que se come aqui”, continua. Da mesma forma, também não há regras relativamente aos sabores ou estilo de cozinha. “Podemos alterá-los sempre que nos apetecer.”

E se o ambiente se quer de alegria e brincadeira, Ingrid Koeck, uma das sócias da Torel Boutiques, garante que a “seriedade é a cozinha”. “Não queríamos criar um espaço normal, de hábito, standard. Não. Aqui nem existe uma sala. Criámos um balcão, só para 14 pessoas. Ali podem ver a comida a ser preparada, numa espécie de conexão entre a cozinha, os chefs e os clientes. Nada de ficarem silenciosos. Mas a comida tem de ter sempre uma qualidade elevada. O melhor do melhor”, garante.

É caso para dizer que nada ficou deixado ao acaso. Os exemplos são vários. As bancadas em pedra contrastam com o balcão em madeira. E materiais como o mármore na cozinha ou o tapete em juta natural que tornam o ambiente mais aconchegante. Já o tecido colorido, com palmeiras e ramagens, dá o toque final de ousadia e diversão, confirmando a ideia de “fun fine dining” inerente a todo projeto. Na cozinha está, nada mais, nada menos, do que “um dos melhores fogões do mundo, feito em Itália e à medida”.

“No fundo, é um projeto de amizade. O meu primeiro e único em Lisboa, que só é possível graças ao companheirismo entre mim e o Francisco”, resume o chef Vitor a mais de 300 quilómetros da capital.

As Torel Sunset Sessions são outra das novidades que se juntaram ao Black Pavilion e ao 2Monkeys. Arrancaram no dia 15 de junho e vão acontecer todas as quintas-feiras até final de julho. Kokeshi, Sheri Vari, Señor Pelota ou Rafael da Cruz são alguns dos nomes que prometem animar os finais de tarde, das 18h30 às 21h30. A entrada é livre.

Em breve será inaugurado mais um edifício com quartos, que se vai juntar aos dois palacetes do século XIX que compõem atualmente a oferta do hotel. “Estamos a renovar o prédio ao lado, que tem um rooftop que vai ser aberto pelo público. É um dos pontos mais altos da cidade. As pessoas poderão ir lá com copos de espumante e aproveitar o momento especial”, revela Ingrid. Embora não haja ainda uma data prevista para a abertura, a empreendedora garante que a inauguração acontecerá este verão.

Parece que é mesmo como a sócia diz: “É um projeto infindável. Estamos sempre a fazer coisas. Queremos criar espaços não só para os hóspedes do hotel, mas para outros que nos possam visitar. Honestamente, acho que não há espaço em Lisboa que tenha um espaço como este. É mesmo diferente”, assegura.

A seguir, carregue na galeria para conhecer o novo restaurante da capital.

FICHA TÉCNICA

  • MORADA
    R. Câmara Pestana 23
    1150-199 Lisboa
  • HORÁRIO
  • Terça a sábado das 19h30 às 23h
PREÇO MÉDIO
Mais de 50€
TIPO DE COMIDA
Fun Fine Dining

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