“Homem do bis” na seleção, médio e capitão do Futebol Clube do Porto. Agora, Rúben Micael “distribui jogo” noutro tipo de campeonatos. Deixou o futebol aos 34 anos e fundou um império de restaurantes na Madeira.
O madeirense, atualmente com 37, tem sete conceitos na ilha. O portfólio inclui dois espaços onde servem pratos gourmet, um take-away, uma marisqueira e um de comida tradicional portuguesa. A aposta na diversificação é simples: “Não queria ter negócios concorrentes, sobretudo numa ilha”.
A curiosidade de perceber como funcionava a “máquina” por trás de um restaurante levou-o a entrar no mundo da restauração. Porém, a decisão de avançar não surgiu por acaso.
“Quando fiz 30 anos, um dos meus melhores amigos aconselhou-me a pensar no futuro”, recorda. “Sabia que o futebol não ia durar para sempre, claro, mas tinha chegado a hora de planear a reforma.”
A decisão sobre o que iria fazer quando deixasse os relvados foi fácil de tomar. No entanto, sabia que o seu lugar não era na cozinha, nem iria envolver-se na realização dos menus, por exemplo. “Dentro de campo e no balneário sempre assumi papéis de liderança, como capitão ou subcapitão. Gosto da parte da tática, de pegar em coisas complicadas e descomplicar. Gosto do backoffice, de liderar equipas e de ajudar a tirar uma empresa de uma situação mais frágil”, conta à NiT.

O primeiro restaurante que comprou, há cerca de sete anos, foi o Forte. “O primeiro investimento, em 2017, serviu para aprender tudo sobre a área. Tanto com os chefs, sobre os pratos que as pessoas mais gostam, por exemplo; como com os diretores e os restantes funcionários. Depois foi olear a máquina e orientar a equipa para o sucesso.”
Atualmente é exatamente isso que faz. Gere uma empresa com 150 pessoas, de financeiros, criativos e entendidos nas diferentes áreas de negócio para o ajudarem a cumprir a sua missão.
“Sem eles nada disto seria possível.” Já investiu cerca de oito milhões em restaurantes e a tática é sempre a mesma: agarrar em negócios instáveis, perceber o que não está a funcionar e colocá-los no caminho do sucesso.
O Forte de Santiago tornou-se num marco da ilha, por estar inserido na fortaleza homónima, com vista para o mar. O gosto pelo investimento nesta área continuou a crescer e Rúben Micael continuou a somar oportunidades.
Em sete anos tornou-se proprietário do Armazém do Sal (2018), da cadeia Tourigalo na Madeira (2021), o Leeno’s Bar & Restaurant (2022), a Taberna do Ruel e a Marisqueira Tropicana (ambos em 2023).
O antigo futebolista deixou de distribuir jogo nos relvados para liderar um grupo de restaurantes. “Normalmente pego em negócio com dívidas ou situações financeiras muito complicadas e frágeis e levanto-os. Nada me dá mais prazer”, garante.
As apostas certeiras
Os primeiros dois restaurantes que abriu apostam na cozinha gourmet. Porém, são bastante distintos. Um deles, o Armazém do Sal, faz parte do Guia Michelin, o que lhe dá outra projeção. E o Forte é procurado sobretudo para eventos. “Organizámos cerca de 25 casamentos por ano naquele espaço.”
A compra dos Tourigalos foi um tiro no escuro. “Sabíamos que queríamos ter dentro da empresa um restaurante take-away com aquela comida de domingo à noite. E, quando avançamos com a aquisição, estavam numa situação mesmo frágil, com uma dívida gigante. O pior é eliminar velhos vícios para implementar medidas que geram receita e tornam o negócio sustentável. Sejam na parte financeira, de serviço ou em algumas receitas”, detalha.
Quando os espaços começaram a mostrar uma evolução, decidiu então ficar com mais um restaurante, desta vez numa das zonas mais turísticas, perto dos principais hotéis da Madeira. “Quando a oportunidade de abrir o Leeno’s surgiu, não restaram dúvidas, tínhamos de agarrar. O conceito assenta mais na cozinha tradicional portuguesa e fazia todo o sentido”, explica.
Em 2023, juntou a Taberna do Ruel e a Marisqueira Tropicana ao portfólio da empresa. “A equipa analisa os investimentos e, depois, tomámos as decisões em conjunto. No ano passado investimos em dois conceitos muito diferentes.”
O próximo passo, revela, “é inaugurar um restaurante de raiz”. “Já estamos em negociações para o espaço, porque queríamos instalar-nos na zona do Jardim do Mar e criar algo relacionado com o mar. Falta-me um spot de peixe no grupo”, explica. Chegar a Porto Santo é outro dos seus objetivos. “Continua a ser no arquipélago da Madeira, o local onde quero continuar a crescer”, sublinha.
Carregue na galeria para descobrir os diferentes restaurantes do antigo futebolista Rúben Micael e alguns dos pratos que servem.