Em 1937, quando abriu, tornou-se um dos sítios de eleição de Teixeira de Pascoaes, um dos mais importantes pensadores contemporâneos da Saudade e da Portugalidade. Décadas mais tarde, passou a ser um dos locais favoritos de Mário Cesariny, poeta e pintor. Mais recentemente, Francisco Assis (professor, antigo eurodeputado e líder parlamentar do PS, entre 2009 e 2011) também amarantino, juntou-se ao leque de personalidades que, ao longo dos quase 90 anos de existência do Café Bar São Gonçalo, em Amarante, marcou, assiduamente, a vida e a alma do espaço.
Atualmente, as figuras ilustres do início do século já lá não entram, mas nem por isso o projeto perdeu o seu encanto. O São Gonçalo esteve fechado durante seis meses para obras de remodelação e reabriu a 8 de abril. Os novos proprietários (Miguel e João Pedro Antunes), deram-lhe uma atmosfera mais contemporânea, sem perder de vista o passado do espaço — e a aposta gastronómica foi renovada. O famoso café-bar de Amarante foi fundado em 1937, pelo senhor Belchior, como é conhecido na cidade.
“Sempre foi frequentado por classe média e média alta”, conta João Pedro à NiT. Em 1969, mudou para as mãos de Maximino Silva, que, em março de 2022, vendeu-o à dupla. Com um conceito diferente e uma nova visão para o espaço, os irmãos decidiram, então, dar-lhe uma nova vida — sem esquecer, claro, o passado da icónica casa.
“Abraçámos o desafio de tornar o espaço mais dinâmico e restaurar a aura de local de artes, aberto a velhos e novos públicos, mas, sobretudo, para reforçar o seu papel de sítio de referência — não só nacionalmente, mas também a pensar no público internacional. O Miguel ficou nos bastidores, e eu passei a ser o rosto do renovado Restaurante Café Bar – São Gonçalo”, diz João Pedro.
A inauguração contou com provas de vinhos, cocktails, doces tradicionais, pintura ao vivo e, claro, não faltou um jantar especial, pensado ao pormenor pela chef da casa, Ânia Robim. A noite terminou com um espetáculo exclusivo de Herman José — “um show íntimo, cheio de boa energia e muitos risos”, garantem os responsáveis — e festa, ao som de Tomás Hassler e Dango.
“A noite de reabertura foi a porta de entrada para um ano recheado de muitas surpresas”, asseguram os novos gestores. A dupla de irmãos, de 38 e 42 anos, não sonhava estar à frente de um café. Miguel e João Pedro deixaram-se seduzir pelo desafio do anterior dono, Maximino Silva.
Entre a ponte de São Gonçalo e a Igreja com o mesmo nome, não há dúvidas de que o projeto tem uma localização privilegiada. Talvez por isso, tenha ganho tanto reconhecimento. “O Café Bar sempre teve um papel importante na promoção de todo o tipo de eventos. Faz sentido recuperar esta vertente e desenvolver uma série de iniciativas e parcerias”, explica o empreendedor.
Para este ano, os dois têm já planeados jantares vínicos, concertos, sunsets de verão e festas temáticas. Mas não escondem que todo o processo está a ser “desafiante”. “O São Gonçalo é um espaço emblemático na cidade, o que acaba por implicar uma responsabilidade maior. As expectativas dos amarantinos estão elevadas.”
Ainda assim, asseguram que não vão baixar os braços. “Como estamos no centro histórico, todos os que visitam a cidade passam ou conhecem o nosso espaço. Daí a necessidade de oferecer um serviço de alto nível. Estamos confiantes no futuro. Acreditamos no projeto, nas pessoas que estão connosco e sabemos que podemos projetar a cidade de Amarante.”
Agora, quem ali entra é recebido com uma carta de vinhos que promete ser de excelência. Entre as propostas estarão nomes nacionais e internacionais, de carácter exclusivo, “que, a par com a gastronomia e os vários eventos agendados, voltarão a trazer para a ribalta este espaço”. E a ideia não fica por aqui. Afinal, ambicionam ampliar a oferta de sugestões e disponibilizar opções vindas de todo o mundo e para todos os gostos.
Já sobre a aposta gastronómica, a cozinha de fusão é foi a escolhida. “Queremos combinar pratos tradicionais portugueses, alguns típicos de Amarante, com aspetos especiais e inovadores. Possuímos uma carta com muita variedade e um menu de tapas bastante interessante. Tentamos que seja uma carta que surpreenda, satisfaça e ultrapasse as expectativas de quem nos visita”, revelam.
O mais difícil será escolher onde se sentar. Entre a Sala Amadeo, os pormenores da decoração se destacam — como os porta-guardanapos em forma de arco e a alcatifa clássica — à esplanada Eulália, há cerca de 70 lugares à escolha. “Estamos prontos para criar nos turistas a vontade e a necessidade de visitarem a nossa cidade e o nosso espaço”, deixam a promessa os fundadores.
A seguir, carregue na galeria para ficar a conhecer o renovado Café Bar São Gonçalo.
