Restaurantes

O chef russo, a namorada e o amigo ucraniano que abriram um restaurante em Lisboa

Longe dos seus países por razões diferentes, conheceram-se em Portugal e resolveram criar o São Rabanete.
Visão geral da sala do São Rabanete.

Vladimir Berdyshev deixou a Rússia em 2014, mas não gosta de falar do assunto. “Saí por razões políticas”, conta o chef à NiT, preferindo focar a conversa no amor pela terra que o recebeu. Nesse mesmo ano, o chef mudou-se para Lisboa com a família. Tinha estado na capital pouco antes da mudança e apaixonou-se pelo clima, tão diferente do frio da sua Moscovo natal. “O que posso dizer após nove anos a viver aqui? É o melhor País do mundo. Simplesmente adoro-o!”

O sócio ucraniano, o também cozinheiro Ihor Palievskyi, começou por sair de Kalush para a República Checa, em busca de oportunidades profissionais. Esteve lá oito anos, mas nunca tirou da ideia encontrar um destino geográfico mais enquadrado com os sonhos que tinha. A resposta estava em Portugal, onde se instalou em 2013 — até hoje.

Os dois conheceram-se em Lisboa, em 2018, num restaurante. Deram-se tão bem que a ideia de montarem o seu negócio começou a preencher-lhes as conversas. Contudo, esta história fica incompleta sem referirmos que havia já uma terceira voz nesses diálogos: Varvara Chaiko.

Ela saiu de Moscovo em 2018, para acompanhar a família no projeto de ida para outro país. “Tão longe da Rússia quanto possível”, sublinha Vladimir, que só conheceu a conterrânea em 2020, já em território nacional. Ambos estavam ligados à restauração, mas Varvara trabalhava na gestão dos projetos. Os dois têm, seguramente, mais interesses em comum, porque pouco depois do encontro em Lisboa tornaram-se namorados.

O casal e o amigo ucraniano estavam em sintonia para darem um rumo profissional às vidas, inaugurando o São Rabanete a 8 de agosto deste ano, com comida do leste europeu na base do menu. Quanto ao nome escolhido, simboliza a união dos três imigrantes, porque cresceram perto de… adivinharam.

Descobrimos que quando éramos miúdos andámos todos perto de hortas de rabanetes. E outra coincidência: quando íamos de férias para as casas das nossas avós que moravam no campo, tanto na Rússia como na Ucrânia, elas também os cultivavam. Gostávamos de os comer crus quando tínhamos fome, tipo snack.”

Quando encontraram o sítio adequado para albergar o negócio – Santos – surgiu logo a inspiração para a palavra extra. E assim se santificou o vegetal, num batismo perfeito para o novo restaurante: São Rabanete. Amén.

Vladimir, de 41 anos, é o chef, Ihor, de 40, é sous-chef, e Varvara, de 35, gere o negócio. Há mais de uma década que todos trabalham na área, mas só agora se lançaram numa aventura por conta própria. “O nosso conceito foi criar um menu com comida que conhecemos desde sempre e adoramos. Queremos partilhar estes pratos perfeitos com o público.”

O chef procura surpreender os clientes com a harmonia de sabores nos pratos, assim como algumas novidades fora da carta, que confeciona ao ritmo da criatividade de cada dia. No menu fixo, os destaques iniciam-se com duas variantes do clássico borsch: vegetariano (couve, pimenta-doce, batata, cenoura, cebola, beterraba, iogurte grego e coentros, pão artesanal, 7€) ou com carne (acrescentada com o respetivo caldo à versão vegetariana, 9€). Por mais dois euros, pode juntar salo (pedaços de carne de porco curada com gordura subcutânea).

Outros pratos típicos são gravlax (salmão curado em sal e açúcar, com molho caseiro e pão artesanal ou batatinhas, 11€), draniki (panquecas de batata com molho de cebola, cogumelos e coentros em creme de leite e picles caseiros, 8,50€) e bliny com salmão (panquecas finas com salmão curado e iogurte grego, 10,50€) ou carne (panquecas finas com carne de vaca, cebola, verduras e iogurte grego, 9,50€).

O chef aponta ainda como experiências imperdíveis o tártaro dourado (dourada curada, mamão, manga, cebolinho e molho de laranja, 8,50€) e os risottos de cogumelos (arroz com manteiga, vinho branco, tomate, cogumelos, parmesão, curcuma e coentros, 12€) e peru (arroz com manteiga, peru, vinho branco, tomate, parmesão, curcuma e coentros, 13€).

Nas sobremesas, as syrniki (panquecas de queijo, 10€) são o grande destaque da carta. Para acompanhar os pratos, há compot (2,50€), um bebida não alcoólica, quente ou fria, com mistura de frutas frescas fervidas em água adoçada. Perfeita para acalmar o efeito dos shots de vodka (3,50€), para quem quiser uma refeição mesmo à moda do leste da Europa.

A seguir, carregue na galeria para ver mais imagens do São Rabanete e também dos pratos que poderá provar por lá.

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FICHA TÉCNICA

  • MORADA
    Rua Santos-o-Velho 62
    1200-813 Lisboa
  • HORÁRIO
  • 12 às 23h (terça a sexta)
  • 13 às 23h (sábado e domingo)
PREÇO MÉDIO
Entre 10€ e 20€
TIPO DE COMIDA
Internacional

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