O proprietário de dois restaurantes italianos muito conhecidos em Lisboa, Domenico Giorgi, foi detido esta quarta-feira, 3 de maio, por suspeita de pertencer à máfia calabresa. A detenção aconteceu no âmbito da Operação Eureka, levada à cabo, em simultâneo, na Europa, América do Sul e nos Estados Unidos. Foram apreendidos 25 milhões de euros em imóveis e bens, nomeadamente carros de luxo.
O empresário de 62 anos, também conhecido por “Berlusconi” e “Milionário”, é suspeito de ter criado nove empresas para branquear milhões de euros em tráfico internacional de droga angariados pela ‘Ndrangheta, a organização criminosa que opera na região de Calábria, em Itália (a máfia napolitana é a Camorra e a siciliana é a Cosa Nostra).
Domenico Giorgi geria na sombra uma rede de espaços de restauração, em Itália e Portugal, avança o jornal “Correio da Manhã”. É proprietário de dois populares restaurantes italianos no centro de Lisboa – o Al Garage, na Rua Castilho, e o Italy Caffe, na Avenida Duque de Ávila. Os estabelecimentos eram frequentados por figuras públicas de diversas áreas, como o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, futebolistas, cantores ou caras conhecidas da televisão.
A Polícia Judiciária (PJ) revelou que o italiano está “indiciado da prática de crimes de associação criminosa, de branqueamento de capitais e de tráfico de estupefacientes”. Em declarações ao “Correio da Manhã”, Luís Neves, diretor nacional da PJ, afirmou que Domenico Giorgi é “um dos principais elementos na esfera desta organização criminosa na área do branqueamento de capitais e fraude fiscal”.
Durante as buscas da PJ, os restaurantes de Giorgi, bem como outros espaços em Aveiro, Gaia e o La Porta, em Braga, estiveram encerrados. Durante a investigação foram apreendidos vários elementos de prova, como documentos, viaturas e dinheiro (cerca de meio milhão de euros). Os ativos de nove sociedades comerciais, incluindo cinco estabelecimentos de restauração, foram arrestados.
O “Milionário” colocou empresas em nome dos três filhos, sendo que dois deles também foram detidos durante esta ação policial que terá representado “um duro golpe” para a ‘Ndrangheta. A organização crimininal dedica-se há vários anos, se terá dedicado ao tráfico de cocaína em grande escala, entre a América do Sul e a Europa. Os portos de Antuérpia (Bélgica), Roterdão (Países Baixos) e Gioia Tauro, na Calábria (Itália) são apontados como as principais portas de entrada da droga na Europa. A operação criminosa movimentou mais de 2 mil milhões de euros e mais de 20 toneladas de cocaína.
Esta não é a primeira vez que Domenico Giorgi é investigado em Portugal. Já tinha sido alvo da atenção das autoridades policiais devido ao massacre de Duisburgo, na Alemanha. Uma guerra entre famílias da ‘Ndrangheta acabou com seis mortos à porta de uma pizzaria na cidade alemã. O inquérito acabou por ser arquivado em 2013.
Carregue na galeria para descobrir algumas das muitas figuras públicas que costumavam frequentar os restaurantes do italiano suspeito de pertencer à máfia calabresa.