Durante duas décadas, Albano Homem de Melo foi diretor da cadeia H3, em Portugal e competia (de forma saudável) com o amigo de infância João Noronha Lopes, antigo CEO da McDonald’s Portugal. A experiência nestas multinacionais levou-os, juntamente com um terceiro amigo, Paulo Lameiro Martins, a querer inovar e criar um produto um produto tipicamente português que fosse aceite em qualquer parte do mundo.
Inspirados no típico frango no churrasco, em 2021 abriram o primeiro espaço Vira Frango, dedicado ao frango desossado. Em cinco anos abriram mais quatro espaços em Lisboa, mas sempre a pensar “em grande escala”. Agora preparam-se para se lançar no franchising e elevar a especialidade portuguesa ao nível dos famosos hambúrgueres.
Para desenvolver um produto que fosse capaz de ir além-fronteiras, foram às raízes da receita tradicional. “Somos apreciadores de frango e continuamos a comer noutros restaurantes, pelo que nos inspiramos nessas propostas de sempre. Queríamos, contudo, algo que pudesse viajar e voar mais alto. Pensamos então no frango desossado, para que possa ser apreciado em diferentes ambientes e situações, já que é prático e não suja as mãos”, explica Albano Homem de Melo, de 47 anos
Albano e João Noronha — que foi candidato à presidência do Benfica e, dizem os rumores, poderá voltar a candidatar-se já este ano — eram os sócios com vasta experiência na restauração. Paulo trabalhava na área dos investimentos da banca. Decidiram juntar as diferentes aptidões e apostaram num novo negócio que sempre teve em mente o mercado internacional,
Passados cinco anos perceberam que tinham tudo o que era preciso para levarem o produto para o estrangeiro. “Demos por concluído o desenvolvimento do conceito da marca e das condições para franchisar e percebemos que estávamos prontos para seguir o sonho e aceitar novos convites e desafios para levarem o Vira Frangos para o mundo. Portanto, passamos ao seguinte passo: reunir e eleger proativamente os mercados e parceiros certos para avançar”, refere.
A ideia estava assumida desde que abriram a primeira loja, em 2021, nas Amoreiras. “Mal abrimos já pensávamos como uma multinacional e perguntávamos muitas vezes que como seria nos EUA, ou noutro país e trabalhamos também nessa função.” Embora tivessem admitido que este seria o passo maior a dar, foram cautelosos: quiseram garantir que tinham um negócio bem estruturada por cá, um produto e com garantia que poderia “viajar” sem perder qualidade. Depois passaram a tratar das embalagens, do backoffice e do próprio modelo de negócio.
A cada etapa concluída perguntavam: “Isto funciona em cinco restaurantes e em três mil?”. Isto ajudou a delinear o projeto de franchising em diferentes modalidades: delivery, loja física, take-away, catering e balcão em shopping. Atualmente, estão preparados para entrar no mercado em Espanha, Médio Oriente e EUA, com o frango desossado que se tornou popular em Lisboa.
Na lista de características que fazem deste frango um sucesso, o responsável aponta, igualmente, o facto de ser “bastante eclético, já que agrada a pessoas de todas as idades” e de se poder ser “produzido em restaurantes de pequenas dimensões, sem libertar grande gorduras ou cheiros, pois não se usa fumo”.
O resultado desta mistura de mais-valias é um produto diferenciado que não quer, porém, ocupar o espaço de outros. “A ideia nunca foi que este modo de fazer frango se tornasse regra, até porque continuamos fãs de todas as outras. Não queremos tirar o lugar de ninguém, mas sim oferecer uma nova possibilidade. Achamos, sim, que podemos ser embaixadores do frango lá fora e estamos a fazer o possível para chegar a outros países. Esperamos anunciar algo neste sentido até ao final do ano. Certo é que, nos próximos meses, vamos inaugurar outras lojas em Portugal, inclusive, fora da Grande Lisboa, onde já temos seis”, adianta.
Nestes espaços vendem cerca de 900 mil frangos por ano, que são de origem portuguesa “sempre que possível”. Pode pedi-lo com diferentes molhos, sendo o com limão e flor de sal, que pode ser simples ou pincelado com manteiga torrada (7,55€), o picante (7,95€) e o da casa (7,95€) “os mais populares”. A receita do último é um segredo bem guardado, mas Albano revela que envolve ingredientes como o alho, o vinho branco e o colorau. Para abraçar a públicos mais variados, apresentam propostas com abacate e iogurte (8,55€), trufa e parmesão (9,5€).
Em Lisboa vão manter-se as cinco lojas físicas, mas estão a estudar a expansão para a Grande Lisboa e depois para o Porto. Entretanto, contam com a parceria com a Glovo para “cobrir uma maior área da capital” e levar o frango desossado à casa dos portugueses.