Hoje, quem entra no Solar dos Presuntos já não é recebido por Evaristo Álvaro Cardoso —mas ninguém se vai esquecer dele. O próprio restaurante fez questão de o eternizar na memória de todos os clientes. Numa das paredes do terraço do restaurante há agora uma enorme escultura de Vhils com pais da casa — D. Graça e Sr. Evaristo, os fundadores do restaurante por onde passam famosos desde 30 de outubro de 1974. E todos vão poder vê-la a partir desta sexta-feira, 26 de maio, num novo conceito.
No centro de Lisboa, num jardim (quase secreto), entre plantas, arte e o amor dos fundadores do Solar dos Presuntos, há agora palco para concertos. Ali vão atuar tanto os nomes mais conceituados da música lusófona, como os melhores DJ de eletrónica — e até grandes promessas do fado. No meio disto tudo, claro, não faltarão cocktails de autor, vinhos e champagne, que acompanham a comida de assinatura do chef Hugo Araújo. Agora em versão de esplanada.
A renovação da casa já era conhecida. Afinal, prolongou-se durante seis anos. Pedro Cardoso, filho dos donos (de 55 anos), passou a gerir o icónico restaurante lisboeta, descobriu-se um cemitério romano e superaram uma pandemia. É caso para dizer que muita coisa mudou — e no verão de 2021 o público pode confirmá-lo.
Nas paredes da entrada continuam as fotos com as várias personalidades que ali fizeram refeições, as camisolas e as bolas de futebol oferecidas, caricaturas, pinturas e azulejos. A cozinha foi renovada e adicionada uma mesa do chef. Agora, tem mais um atrativo: o novo espaço exterior. “Vai ser uma referência da capital, tal como o Solar já o é”, garantem à NiT os responsáveis.
Chama-se Gracinha — “o nome da mãe de Pedro, da Dona Graça, como é carinhosamente conhecida” — e foi pensado como uma forma de homenagem. De forma simples, o novo spot pode definir-se como um jardim único, descontraído e cheio de animação.
“O Pedro e a Carolina Cardoso [filho e neta dos fundadores] fizeram obras no espaço exterior, a pensar nele como um complemento do Solar dos Presuntos, mas surgiu depois a ideia de criar um projeto em conjunto, que não fosse só de comida, mas com uma vertente mais cultural. Queríamos divulgar a cultura portuguesa e os projetos artísticos que achamos que merecem ter palco”, contam. À equipa juntaram-se, então, Miguel Caetano, José Maria Santa Lopes e João Francisco Fonseca, prontos para produzir um conceito promissor.
Ali, terá, numa versão de esplanada mais descontraída, a oferta de uma das cozinhas mais ricas do País: a do Solar dos Presuntos. Adaptada, claro, para quem quer uma refeição mais leve. O melhor é que enquanto pica, vai contar com uma programação diária e constante.
Há improvisos musicais, tardes de fado, concertos descontraídos e irrepetíveis, DJ residentes e convidados. Tudo dividido por dias da semana. Se às segundas-feiras o tema é “Ostras e Champagne” — com a estreia de uma referência francesa em Portugal —, às terças é a vez das mulheres subirem ao palco. Os finais de tarde vão ser animados por “grandes nomes do futuro do fado, com visões e interpretações diferentes desta arte”.
As quartas-feiras são dias de “Super Amigos”, que é como quem diz, de momentos mais íntimos. “É quando os amigos do Solar passam da mesa do restaurante para o palco do Gracinha. O artista vai lá como se estivesse em casa. Tanto pode contar histórias, cantar músicas, como tocar covers. É uma coisa muito próxima, a lembrar quase uma tertúlia musical. E nunca se saberá quem são os convidados”, revelam.
Os DJ — o residente e os convidados, “grandes nomes do panorama nacional e internacional de produção de música” — animarão as quintas e sextas-feiras. “Aos sábados vamos sempre homenagear música do mundo. Podemos ter tanto sons da América do Sul como de África, ou dos países vizinhos.”
Seja qual for o dia, a certeza é uma: “haverá sempre uma programação forte, muito ligado à lusofonia, já que também é esse o ADN do Solar dos Presuntos”. A comida essa, também seguirá a genética da família.
“Tem a mesma qualidade e exigência. Apenas foi adaptada a uma esplanada. A nossa estrela vão ser os bagels. Vamos ter o da sapateira, por exemplo, com 500 gramas de sapateira (29,50€). Lá está a tal passagem da comida do Solar, mas para um registo mais prático, de comer à mão.”
O bagel de queijo de Azeitão e presunto (18€) — “uma imagem muito ligada à marca” — e o de rosbife (19,50€), um dos pratos de eleição do Solar, juntam-se à carta. Como homenagem ao mar, o chef Hugo criou ainda uma sugestão com salmão e alcaparras (19). Mas vai ser pelo hambúrguer (21€) que muitos vão voltar à esplanada da capital. “Arrisco-me a dizer que vai ser o melhor de Lisboa. É maravilhoso”, garante João Francisco.
Para quem procura uma proposta mais fresca, as ostras (21€) são a escolha perfeita — além das saladas, claro (desde 18€). E para aqueles que preferem pedir para partilhar, há uma tábua com quatro bagels (85€) — “todos com os sabores do Solar”.
“Queremos que seja um espaço onde todos se sintam em casa, onde se pode estar uma tarde inteira a conversar e a ouvir música ótima, sem que se sinta o tempo a passar”, continuam a explicar os mentores do projeto. Enquanto isso, pode sempre pedir um dos cocktails de autor do Gracinha (desde 12€). E pode fazê-lo já esta sexta-feira, a partir das 14 horas.
A seguir, carregue na galeria para ficar a conhecer melhor o novo Jardim secreto do Solar, dos Presuntos, com 100 lugares sentados.
