Quem diria que Raimundo António de Bulhão Pato, grande apaixonado por poesia viria a marcar para sempre a história nacional. Não, não foi pela arte da escrita, mas pela famosa receita de marisco que ajudou a popularizar.
Raimundo não concretizou o seu desejo de ser tornar um poeta reconhecido, mas hoje o seu apelido não é estranho para nenhum português. Afinal, qualquer um associa o as palavras “Bulhão Pato” àquele prato simples que combina amêijoas e um molho cheio de sabor feito com azeite, alho, limão e coentros.
Não se deixe enganar: o prato não foi da sua autoria, mas sim de João da Mata, chef de cozinha do Hotel Central de Lisboa. João era um grande admirador do também ensaísta e memorialista. Como forma de o homenagear, passou a designar a forma que havia criado de preparar amêijoas com o apelido Bulhão Pato.
E não é que, além de ter inspirado o nome da proposta que tem sido já reconhecida internacionalmente, Raimundo deu origem também ao novo restaurante da Costa da Caparica? É verdade.
A três quilómetros da praia, o novo Crowne Plaza Caparica Lisbon recupera e reconverte o projeto hoteleiro Aldeia dos Capuchos — Hotel, Golf & Spa, aberto em 2007. Entre o passado e o presente, o hotel, o primeiro Crowne Plaza na área metropolitana de Lisboa, é gerido pelo do grupo Discovery Hotel Management (DHM), e aposta na temática do surf, bem patente nos renovados 227 quartos. Ao mesmo tempo evoca uma figura local que deu nome à receita mais famosa de amêijoas.
“Raimundo de Bulhão Pato foi um poeta que marcou a história da Costa da Caparica pelos seus gostos gastronómicos. Em linha com o ADN da DHM — fazemos questão de incluir no interior dos nossos espaços, culturas e tradições, de cada localização onde temos os nossos hotéis —, e por ser um restaurante assente nas raízes da região, fazia todo o sentido escolher este nome”, começam por nos explicar os responsáveis.
E não podiam ter decidido melhor. Afinal, o batismo gera sempre alguma curiosidade, e é esse, precisamente, o objetivo do grupo: “envolver os clientes na essência desta região”.
Curioso? Pois bem, o suspense acabou. Apesar de o Raimundo estar aberto em regime de soft-opening desde dezembro, a inauguração oficial, à semelhança do hotel, é esta quinta-feira, 23 de março. Não precisa de esperar mais para conhecê-lo. E nós podemos ajudar.
Aqui, o conceito é o de all day dining. “O principal objetivo é a liberdade dos nossos clientes, permitindo que decidam os seus horários, as suas rotinas, para que nunca deixem de se sentir em casa”. Esqueça, então, aquela ideia complexa da hotelaria tradicional, em que o almoço é servido entre as 12h30 e as 15 horas, ou o jantar só se come depois das 19h30.
João Pereira, diretor residente do Crowne Plaza Caparica Lisbon, com 35 anos de idade — dez dos quais ligados à hotelaria — garante que se adaptaram ao biorritmo de cada cliente, “que difere de pessoa para pessoa, quer seja em relação às suas preferências alimentares, ou ao horário em que as consomem”. Do lanche ao menu completo, pode pedir aquilo que lhe apetecer das 7h30 às meia-noite.
Choco da costa, panado em farinha de milho, maionese de coentros e limão, com batata ponte nova (13€), escabeche de legumes da época (7€), ou sopa rica de peixe e mariscos (frescos e comprado diretamente da lota, claro — 11€). As opções são várias e todas inspiradas em diversas tradições culinárias.
E se as primeiras foram pensadas para serem partilhadas, o peixe da costa com arroz à Raimundo (26€), o magret de pato e texturas de amendoim (22€), ou, “numa opção mais vegetariana”, o Wellington de grão-de-bico, com frutos secos, legumes da nossa horta, pera em vinho rosé, húmus de beterraba e folhas de aipo (20€) são os destaques dos pratos principais.
Independentemente de apostar nesses ou nas carnes frescas na grelha, pastas e risotos, pizzas, saladas, bowls e snacks, a certeza é uma. Todas são pensadas pelo chef Fábio Leonardo, “que vê a cozinha e os pratos que confeciona como uma forma de cuidar e unir pessoas”. O melhor mesmo é experimentar.
Basta conduzir 15 quilómetros desde o centro de Lisboa, e escolher um dos 300 lugares entre os “recantos inesperados” do Raimundo. “Podemos dizer que o restaurante se divide em duas grandes áreas, uma mais dedicada ao serviço de buffet, e outra com maior privacidade, para os clientes que procuram uma experiência de refeição à carta. Temos também uma zona de showcooking, que permite uma maior interação com o chef e com a sua equipa”, revelam.
No espaço foi criado um bar, ideal para um final de tarde, ou para tomar um aperitivo enquanto não passa à mesa. Difícil será escolher entre o chocolate de São Tomé (7,50€), ou o suspiro de maracujá (6€), duas das sobremesas que finalizam a refeição. Para tomar essa decisão, nem precisa de ficar no hotel. “O Raimundo recebe tanto os hóspedes, como outros clientes que não estão hospedados no Crowne Plaza Caparica Lisbon”.
Carregue na galeria para conhecer o novo espaço e algumas das propostas.