Ramia Abdulghani e Alan Ghunim vivam em Damasco quando a guerra civil na Síria ganhou proporções assustadoras. O casal de engenheiros informáticos pegou nos dois filhos e fugiu para o Catar, para depois se refugiar em Portugal.
Assim que chegaram a Lisboa tentaram encontrar trabalho e integrar-se, embora “as questões burocráticas” tenham tornado o processo “desafiante”. Com contratos de trabalho temporários na área de formação, Rami teve tempo para se dedicar à cozinha e à comunidade.
Em 2016 fez parte da organização do Festival Todos, pensado para refugiados e cozinhou vários pratos sírios, como o húmus (pasta de grão-de-bico), o falafel (bolinhas de grão-de-bico), o mutabal (beringela fumada com iogurte) e o Herraa Esbao, massa farfalle (em forma de borboleta) com lentilhas e grão-de-bico. A comida foi um sucesso e choveram elogios ao talento da engenheira.
A primeira experiência encheu o ego de Ramia, mas também a lista de encomendas. Sem mãos a medir, contratou outras refugiadas para ajudarem no negócio. Abriu uma empresa de catering, mas em poucos meses percebeu que seria mais fácil para dar a conhecer a cozinha síria se tivesse um espaço físico.
Cada vez com mais dificuldade em encontrar empregos com contratos longos, Ramia decidiu, com o apoio do marido, “testar a nova paixão”. Em 2019 abriu o Taybehh, que em sírio significa “delicioso”, em Moscavide.
Os últimos seis anos foram passados a apresentar os pratos típicos da Síria aos lisboetas. O negócio corria tão bem que em junho decidiram inaugurar um novo conceito: um take-away. “O nosso primeiro espaço fica numa zona mais periférica de Lisboa. Sentimos que precisávamos de nos aproximar do centro da cidade. Porém, não queríamos simplesmente replicar o conceito. Então optamos por ser um Taybbeh Express, focado numa das especialidades na nossa terra natal, o fatteh”, conta a engenheira informática à NiT.
Em árabe fatteh significa esmagado e na Síria é servido sobretudo ao fim de semana. É feito com camadas de iogurte, pão esmagado, tahini e arroz. Este foi um dos pratos que Marcelo Rebelo de Sousa provou quando esteve no Taybbeh e que muito elogiou. “O Presidente da República gostou muito da nossa comida, sobretudo do Fatteh Musakan, feito com galinha”, revela Ramia.
No Tayybeh Express, instalado na Penha de França, o menu tem apenas nove receitas da especialidade. “Queríamos chegar a todos. Por isso temos três vegetarianos, três de frango, dois de carne e um de camarão”, adianta a chef.
Dentro das opções que não levam proteína animal, Ramia destaca o fattet shamia (12,50€), com grão-de-bico, pão, molho de iogurte e tahini, cobertos com amêndoas torradas, salsa, romã e azeite. Na de frango sugere o fattet jaj (15,75€), com peito de frango marinado cozido, arroz amarelo, pão crocante e molho de iogurte e tahini, cobertos com amêndoas torradas, salsa, romã e ghee, uma manteiga clarificada. Para quem gosta de carne de vaca pode provar o koftah tahini (16,50€), que são bolinhas de carne picada assadas e cozidas com tahini e limão, servido com arroz e aletria.
No restaurante servem ainda saladas de quinoa (9,50€), bulgur (9,50€) ou hummus (8,50€) e sobremesas “para adoçar”. Um dos bestellers é o Bil Ãleeb (3,50€), que segundo a cozinheira é muito aparecido ao nosso arroz doce, porém este leva um extrato de água de rosa e de laranjeira.
Carregue na galeria para conhecer os pratos que pode provar no Taybbeh Express, na Penha de França.