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Este é o tasco favorito de Pedro Nuno Santos: “Tem as melhores lulas do mundo”

À NiT, o líder do PS recorda a juventude passada no Furadouro e as muitas refeições em família, sempre bem acompanhadas de "um vinho branco maduro".

Um fino, uma travessa de lulas e um copo de vinho branco. Para os donos do Tasco, no Furadouro, em Ovar, o pedido é familiar, bem como a cara do homem que, por estes dias, calcorreia as ruas a tentar convencer os portugueses de que é a pessoa certa para assumir o cargo de primeiro-ministro.

Cheguei a viver sozinho no Furadouro durante algum tempo e, nessa altura, tinha o hábito de ir almoçar ao Tasco quase todos os dias. Os meus almoços lá são umas das boas recordações desse tempo”, conta Pedro Nuno Santos à NiT, enquanto confessa que o espaço é uma espécie de refúgio para comer e beber bem.

“As melhores lulas grelhadas do mundo, um fino e depois um vinho maduro branco”, recorda o secretário-geral do Partido Socialista sobre o pedido que faz quase sempre à mesa do restaurante que funciona perto da praia há quase 50 anos.

O Furadouro é local de romaria familiar por altura das férias ou fins de semana. Os pais têm mesmo uma casa de férias perto da praia e, portanto, as férias de verão eram passadas nos areais ovarenses, de onde Pedro Nuno Santos guarda memórias. Já em adulto, escolheu a mesma morada para se resguardar durante uns meses, confessa.

Carla Oliveira, cozinha do espaço e filha de uma das fundadoras, guarda recordações da família do cabeça de lista do PS. “Lembro-me da dona Maria Augusta e do senhor Américo, os pais, virem cá com frequência”, conta. A mesa era sempre reservada pela matriarca, junto do pai de Carla. “Ele já sabia do que é que eles gostavam”.

Os pedidos eram quase sempre os mesmos. Havia sempre peixe fresco na mesa, grelhado na hora, acompanhado com batata cozida ou as famosas lulas servidas com molho verde. Estas são duas das especialidades da casa que abriu por vontade das irmãs Rosa e Fernanda Maldade no ano a seguir à revolução. O Tasco foi inaugurado a 1 de abril de 1975. Mantém-se até hoje um negócio familiar.

As famosas lulas.

Carla Oliveira lembra-se de, ainda miúda, já andar pela cozinha a aprender os truques que hoje domina. Terminados os estudos, seguiu o caminho da área comercial, mas no início dos anos 2000 regressou ao restaurante onde cresceu — e onde decidiu trocar as secretárias pelos tachos. Hoje, partilha a gestão do espaço com dois irmãos e alguns sobrinhos, sempre com o mesmo objetivo: preservar a imagem de um restaurante tradicional, onde o peixe fresco e de qualidade continua a ser a estrela, tal como era no tempo da mãe.

Com 54 anos, Carla diz que aprendeu tudo com a mãe e com a tia. Um dos primeiros pratos que viu fazer, e que era um verdadeiro sucesso entre os clientes, foi a caldeirada de peixe (16€). Na época, era considerada a especialidade da casa, em parte por ser um clássico da região. “Os mestres fragateiros, que paravam aqui na costa, vinham de Lisboa e traziam muitas tradições e receitas da capital. Foram eles que ensinaram os ovarenses a arte das famosas caldeiradas”, explica.

Mas os tempos mudaram — e os pedidos também. Atualmente, o prato mais popular são as lulas grelhadas, servidas numa travessa em forma do molusco. “90 por cento do que vendemos atualmente são lulas, é uma loucura”, admite. Pedro Nuno Santos é um desses fãs.

O segredo “das melhores lulas do mundo”

“O segredo é não ter segredo”, garante Carla Oliveira, com a tranquilidade de quem sabe exatamente o que faz. As lulas grelhadas, prato estrela da casa, são servidas sem truques nem artifícios. “Limpamos muito bem e tudo o que vai para o prato é para comer. Depois é grelhada na brasa no momento em que o cliente a vai comer”, explica. Acompanhadas de batata cozida e molho verde, custam 27,50€ para duas pessoas ou 14,50€ para uma.

Além da especialidade, há outras propostas que não saem da carta: bacalhau na brasa (19,50€), servido com batata a murro e cebola, e açorda de gambas (18,50€). Nos peixes ao quilo, o preço depende do que chega à lota: há dourada (45€), robalo (49,50€), linguado (65€), pargo (55€) e corvina (48€). Pedro Nuno Santos é cliente habitual e, quando não opta pelas lulas, prefere um peixe fresco grelhado. “Sempre que está por perto faz-nos uma visita. Normalmente diz-nos que está cansado de outras comidas e quer algo mais simples”, conta Carla. Para terminar a refeição, há sempre espaço para o tradicional pão de ló de Ovar, servido em formas individuais.

Quem quiser fugir aos doces mais típicos pode escolher entre outras opções clássicas como serradura e natas do céu. Mas também há sobremesas originais criadas pela casa. Uma delas é a pêra transtornada (5,90€), uma variação da pêra bêbada, cozida com espumante. Há ainda a torta de cenoura (4,80€) e o doce da Vareirinha (6,70€), descrito como “uma homenagem às mulheres de Ovar”, que é, na verdade, um cheesecake feito com bolacha de Lótus.

Para acompanhar, Pedro Nuno Santos costuma escolher um vinho maduro branco. Ainda assim, há uma carta vasta, com referências que vão do vinho da casa ao Barca Velha e ao Pêra Manca. “Fazemos questão de ter vinhos de todas as regiões do País, incluindo Açores e Madeira”, sublinha Carla.

O restaurante tem capacidade para 100 pessoas, mas convém reservar — tal como faz a família do líder do PS. “Todos adoram o Tasco. Toda a família vai lá”, conclui.

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