A primeira coisa que salta à vista quando chegamos à porta é a palavra Michelin inscrita numa placa prateada, com 3 estrelas vermelhas, sobre a frase: “Este restaurante não tem nenhuma estrela Michelin”. Um statement, em forma de “nhecos”, que é uma herança da primeira encarnação do espaço que, pelas mãos de Vasco Gallego, se tornou num dos restaurantes icónicos da cidade de Lisboa. Fui lá algumas vezes e quando soube que a gestão tinha sido assumida pelo Grupo Olivier, fiquei com vontade de matar saudades e marquei mesa para jantar. O antigo XL, agora XXL, mantém o espírito desinibido e convida-nos — logo à porta — a entrar para um ambiente que parece desenhado à medida para um convívio entre amigos. De resto, na mesa atrás da minha estava um grupo de jovens atores e atrizes de novela, a comprovar este mesmo argumento. Deu para perceber porque a certa altura um deles levantou-se, deu um beijo na testa à namorada e disse: “o pequeno-almoço está ótimo, querida, mas tenho de ir andando porque tenho reunião com os italianos, por causa da venda da herdade.”
Parte do encanto deste novo espaço deve-se também ao staff, a começar pelo chefe de sala, o simpático senhor Jorge que nos recebeu com a cortesia e a afetuosidade de quem sabe que os clientes são a alma daquela casa. Fui jantar numa terça-feira normalíssima e espantei-me ao ver que parecia uma noite de fim de semana, com gente de todas as idades a ocupar as mesas — o que atesta que o XXL continua a ser um dos favoritos para uma boa refeição em Lisboa.
Antes de seguir para apreciações mais gastronómicas, temos de falar do elefante na sala. Todo o serviço de loiça veio inteiramente de antiquários, o que oferece um traço de originalidade a cada refeição. Olivier da Costa adquiriu serviços completos mas também peças soltas, como é o caso do majestoso elefante em madeira que é uma das primeiras peças que avistamos quando entramos no restaurante. Neste particular, a decoração segue o estilo sofisticado a que o restaurateur já nos habituou noutros espaços do grupo mas, simultaneamente, com uma atmosfera mais intimista que nos deixa bastante à vontade.
O X adicional desta nova versão é, de certa forma, um indício da forma como Olivier da Costa imaginou o espaço: “É um restaurante com comida simples, muito boa. É um sítio para se comer bem e estar à mesa com os amigos. Não gosto de empratar. Na minha mesa não há pobreza.” Por isso mesmo, quando pegamos na carta a abordagem deve passar por escolher com base na partilha, que foi de resto a mensagem que nos passaram, logo que nos sentámos. Foi isso que fizemos, porque somos bem-mandados e o resultado foi um repasto bem regado com uma das variadíssimas opções nacionais e internacionais, que o XXL disponibiliza na sua garrafeira. Gostava de partilhar qual foi, mas estava tão entusiasmado com o facto de a minha mulher — que não gosta de marisco — estar a comer um bitoque de lagosta que, honestamente, não me lembrei de registar o nome do vinho.
Ainda e sempre um bistrô chic, o XXL adota sabores tradicionais na carta elaborada por Olivier, mas também vários originais desenvolvidos pelo autor, onde não faltam as frituras ou os clássicos soufflés, legado do antigo XL. Algumas destas sugestões são o queijo panado, os croquetes de rabo de boi com mostarda de Dijon e foie gras e as gambas despenteadas com alho confitado. Nos soufflés a escolha pode variar entre o de peixe e camarão ou queijo e espinafres. São ótimas opções mas não pode sair do XXL sem experimentar as estrelas da companhia: a picanha de tamboril ou o bitoque de lagosta, há pouco referido e que, pelos vistos, tem o condão de fazer milagres no palato. Se ainda tiver espaço para uma opção de carne, pode escolher entre o bife XXL, o entrecôte, o frango de leitão ou o emblemático bife Café Paris.
Nas sobremesas, se lhe apetecer “um toque de requinte” não precisa chamar o Ambrósio, basta pedir o soufflé de Ferrero Rocher — que é uma perdição — ou as fatias douradas, daquelas de fazer lembrar as que a avó leva no Natal. Para terminar, os cafés são servidos com um cesto de pipocas com caramelo salgado, que é o toque final para nos sentirmos definitivamente bem aconchegados.
A partir de março passou a estar disponível a sugestão do mês, com propostas além do menu habitual que ficam apenas algumas semanas na carta. Os clientes, podem depois através de uma votação online, escolher os seus preferidos que permanecerão na ementa fixa.
O XXL é, sem dúvida, um local para partilhar sabores mas, acima de tudo, para partilhar histórias, gargalhadas e felicidade numa travessa. “Este restaurante não tem nenhuma estrela Michelin”, mas a verdade é que não precisa delas para nada.
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