Marco Costa já teve vários restaurantes em seu nome, mas houve um em concreto que nunca conseguiu esquecer. Inaugurado em 2011, o Zé do Cozido tornou-se num ponto de encontro para quem vivia ou simplesmente passava pelas Olaias. Acabou por fechá-lo oito anos mais tarde, com o sonho de criar um espaço mais amplo e moderno.
Em 2024, depois de recuperar dos danos provocados pela pandemia, decidiu voltar ao local onde tudo começou. O Zé do Cozido reabriu em setembro com vontade de recuperar os sabores do passado, sendo que pelo caminho, o empresário lançou outro negócio, o Satori, especializado em cozinha japonesa.
Esqueçamos o sushi por momentos, porque aqui quem mandam são sabores fortes do cozido. Marco Costa cresceu no restaurante dos pais, o Harmonia da Beira, onde passava os tempos livres entre os tachos. Haveria de se formar em hotelaria e em 2009 foi trabalhar com os pais, que em 2011 fecharam o espaço com 33 anos para abrir o Zé do Cozido.
O conceito foi bem recebido e o espaço tornou-se pequeno para tantos clientes. Em 2019 o restaurante fechou e a família centrou as atenções no Harmonia, a funcionar no Areeiro, onde ocozido e os pratos típicos portugueses continuaram a ser as estrelas da casa. A pandemia mudou tudo e, entre vários obstáculos, o Zé do Cozido voltou em julho de 2024.
Quem entra no novo espaço nas Olaias, numa localização muito perto da primeira, sente que está a entrar num Zé do Cozido mais moderno, mas com o ambiente do passado. E assim que a carta é apresentada, qualquer dúvida que houvesse sobre estar no mítico restaurante lisboeta são dissipadas. Os pratos pensados em conjunto pelo cozinheiro e pela mãe, Maria da Natividade, foram recuperados para o novo local.
Uma das poucas diferenças é que o cozido à portuguesa ganhou um género de “dia santo” e é servido religiosamente todos os sábados. Além disso, continuam a trabalhar com peixe fresco para as espetadas de polvo (20,50€), o arroz de garoupa com camarão (42,50€) e comidas de tacho.
As carnes continuam a ganhar protagonismo no espaço. Há pratos mais típicos, como a Posta à Mirandesa (16€), o Bitoque da Vazia (12,50€) ou o Polvo à Lagareiro (16,50€), mas há também espaço para pratos “mais modernos”, como o bife de atum com cebolada (14,50€).
Quem não resiste a um bom bife pode ainda pedir um naco com 300 gramas da vazia (16,50€) ou do lombo (21€) e depois acrescentar o molho que mais gostar. A encabeçar a lista está o molho da casa, que é feito com uma receita secreta, seguido depois do molho à portuguesa, outro de cogumelos e natas e, por último, um cozinhado à base de três pimentas.
Durante a semana não faltam os pratos do dia, que sempre foram um dos chamarizes do espaço. De segunda a sexta-feira há dobrada, feijoada, mão de vaca com grão ou bacalhau. A média dos preços para estas propostas é de 12€, sem incluir bebidas, cafés ou sobremesas.
O renovado Zé do Cozido tem capacidade para 60 pessoas e é uma herança e, ao mesmo tempo, uma homenagem, ao local onde tudo começou: com António Costa e Maria da Natividade, no Harmonia da Beira, na Penha de França.
Após aberturas e encerramentos, Marco quer apenas continuar a fazer aquilo que gosta: ficar na cozinha a tratar “da sua comida de tacho”. No final responde pelo mesmo cognome de sempre, chef Xixas, e espera apenas quem lá vá possa recordar os pratos típicos que as mães e as avós cozinhavam no passado.
Carregue na galeria para descobrir o renovado Zé do Cozido.