O fumo branco surgiu e o mundo católico ganhou um novo protagonista: Robert Francis Prevost é agora Papa Leão XIV. A escolha apanhou muitos de surpresa, deixou outros em suspenso, e trouxe mais uma inesperada pitada sul-americana ao Vaticano, apesar de o novo Papa ser norte-americano. É que apesar de ter nascido em Chicago, é também peruano, país onde viveu a última década. E, sem surpresas. aprecia tanto uma cerveja como um bom prato de ceviche.
Em 2014 foi nomeado por Francisco como administrador apostólico da Diocese de Chiclayo. Viveu na cidade peruana até 2023, ano em que foi elevado a cardeal e assumiu o cargo de Prefeito do Dicastério para os Bispos. Em 2015, obteve oficialmente a nacionalidade peruana.
Dos anos passados na América do Sul ficou a paixão declarada pela gastronomia local. A prova surgiu esta quinta-feira, 9 de maio, quando os sinos soaram na catedral de Lima e Salvador Oliva Ramos afirmava à AFP: “O Papa é peruano; é um sinal de que Deus está a enviar alguém que vai resolver os problemas do país. Ele come ceviche, macarrão, feijão com cordeiro, anticuchos.” Edison Farfán, bispo de Chiclayo, reforçou a ideia ao recordar os pratos preferidos do Papa Leão XIV: “Gostava muito de cabrito, arroz com pato e ceviche.”
Apesar de serem típicos do Peru, não é preciso sair de Lisboa para encontrar estes pratos. Na Praça das Flores, o número 46 acolhe o El Cebichero, restaurante especializado em ceviche. Mas desengane-se quem pensa que falta variedade, pois este surge em diferentes versões, todas elas bastante diferentes em termos de cor, textura e, principalmente, sabor, para o qual muito contribui “a mestria e criatividade da equipa que os prepara”, bem como “o uso de ingredientes frescos de elevada qualidade”.
Na carta destaca-se o Cebiche El Clandestino, uma mistura de mariscos e peixe-branco com creme de coentros (18€), o Tiradito Peruano, laminas de peixe branco banhados com creme cítrico de aji amarillo, uma malagueta do Peru (16€) e o Tiradito Mosto de Vieiras, peixe-branco, polvo e vieiras com creme de vieiras, kiuri milho e batata-doce (17€). E tudo pode ser saboreado num ambiente, com capacidade para 28 pessoas sentadas, descrito como “moderno, intimista, clean, elegante e, acima de tudo, confortável”.
Para provar os famosos anticuchos – uma espetada feito, normalmente, com coração de boi, mas que pode levar outros ingredientes – pode visitar A Cevicheria, do chef Kiko. No Príncipe Real, o menu propõe variações como a de barriga de porco preto (13,40€) ou a de vieira e milho baby (16,70€). Também ali há causas peruanas, quinotos de quinoa, tacos e outros pratos com inspiração sul-americana.

As espetadas na versão tradicional encontram-se também no Amaru, conhecido pela street food peruana, no Cais do Sodré. Os ceviches estão em maioria no menu, como seria de esperar, mas têm também as espetadas. Pode optar entre a de batata doce com salsa e pimentão fumado (5,50€), a de frango (6,80€) ou de coração de vaca grelhada com lima (6€).
O arroz com pato, outro dos favoritos, encontra no Chasqui, no Centro Comercial Roma. O restaurante pensado pela peruana Yudith Silva, tem dois chefs do mesmo país a tratar dos pratos. Ali, além do ceviche, encontra arroz con pato, feito com pato, arroz, ervilhas, pimento, coentros, espinafres e cenoura (6,49€); puca picante, com porco cebola, beterraba, arroz e amendoim (7,99€) ou o chicharron mixto, uma tempura com peixes, lulas, camarão, mandioca e salsa (9,99€).
O restaurante fica na zona do food court do Centro Comercial Roma e divide as mesas com os restantes projetos que ali existem. Ao todo, sentam-se 60 pessoas. Se ficou curioso com o nome, saiba que Chasqui é uma referência aos antigos mensageiros que corriam dezenas de quilómetros para entregar mensagens e objetos, como os sócios querem que aconteça com o espaço.