Luxo, cozinha de autor, vinho e arte. Se tivéssemos que resumir em poucas palavras o novo restaurante de Braga, este seria um bom elenco inicial. O novo projeto de Thomas Lima, com Rui Filipe a comandar a cozinha, chegou para marcar uma posição e, quem sabe, fazer em Braga o que ainda ninguém fez: garantir uma estrela Michelin para a cidade.
À primeira vista pode até pensar que está a entrar numa exposição de Joana Vasconcelos. Há peças com cor, formas inusitadas, ficando apenas a faltar as valquírias. Quem chega ao Palatial, que abriu a 5 de janeiro, encontra um restaurante elegante e sofisticado, obra da decoradora Paula Brito — a decoradora de Cristiano Ronaldo e personagem do documentário “Soy Georgina” — e do arquiteto Mário Sequeira.
“Todo o espaço foi planeado ao ínfimo detalhe, para oferecer o máximo de conforto e bem-estar apresentando-se com extrema elegância num cenário idílico preparado para surpreender”, adianta Sara Fernandes, diretora do departamento de relações-públicas do restaurante. Esta sofisticação acaba por denunciar também o significado do nome escolhido para o espaço. “Palatial em inglês tem uma relação com ‘palácio’, é muito usado para descrever casas em Beverly Hills, por exemplo. Mas em português remete para palato. É uma palavra que funciona tanto em português como em inglês, é como se fosse o palácio do palato”, explica.
À mesa chegam os menus de degustação pensados pelo chef Rui Filipe — que já passou pela Fortaleza do Guincho, em Cascais, Costes em Budapeste, A Cozinha de António Loureiro, Guimarães e Six Senses Crans Montana, na Suiça, onde estava antes de se mudar para o Palatial — com base “no receituário tradicional”. Os clientes podem escolher entre o Tradição (90€) com cinco momentos ou o Inovação com sete (120€). Qualquer um tem a possibilidade de fazer uma harmonização vínica que pode ir dos 50 aos 90€.
Os outros trunfos (para quem pede à carta) são a Codorniz foie gras e alcachofra (20€), para entrada, o Salmonete com Lula Gigante dos açores e ervilhas (36€) ou o Pombo (37€), servido com beterraba e cogumelos silvestres. Já para fechar o melhor será provar Ruibarbo (12€) de frutos vermelhos e sabugueiro. “Quisemos apostar numa carta que se divide entre o mar e a terra, conjugando produtos locais e sazonais em técnicas tradicionais, valorizando a cozinha sobre as brasas, bem como o forno a lenha tradicional.”
Seja qual for o menu que escolher, durante o jantar, o suspense lidera toda a narrativa. Primeira surpresa: há uma sala privada para quem quiser experimentar os menus de degustação num momento mais íntimo. Segunda surpresa: no exterior foi construída uma piscina para tornar a área da esplanada (ainda) mais convidativa, que infelizmente é também meramente decorativa.
Os pormenores decorativos que prendem a atenção multiplicam-se. As bancadas em pedra contrastam com o balcão em madeira. Materiais como o mármore na cozinha ou as peças decorativas mais elegantes tornam o ambiente mais aconchegante. Já os azulejos coloridos dão o toque final de ousadia e diversão, confirmando a ideia de fine dining inerente a todo o projeto.
A acompanhar os pratos “carregados de tradição”, mas com um “toque especial”, existe uma variedade de vinhos nacionais e internacionais escolhidos por Thomas Lima e os sommeliers. “É um género de fio condutor, que faz uma relação àquilo que preparámos na cozinha”, admitem. “Queríamos algo exclusivo, com qualidade e diferenciador. Temos referências portuguesas, francesas, italianas e até da África do Sul.” Podem custar entre 14,50€ — como é o caso do Varvaglione Primadonna Chardonnay — e 795€, o valor de uma garrafa de Bruno Giacosa Barolo Faletto Riserva.
Na porta ao lado há ainda a garrafeira, onde são apresentadas provas de vinho, workshops e sessões de esclarecimento. “Naquele espaço só clientes podem comprar os vinhos que servimos no restaurante, ou então prová-lo juntamente com o queijo e alguns fumados de Burgos.”
O Palatial assume-se como uma referência incontornável na cidade. “É marcado pela diferença em muitas vertentes”, admitem, ao mesmo tempo que não negam que querem chegar à estrela Michelin.
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