O que é que Thomas Cecchetti, Marco von Ritter e Yann Rotundo têm em comum? Além de serem todos estrangeiros que se apaixonaram pela capital, são também donos de vários restaurantes na Baixa e, agora, juntaram-se para abrir mais um espaço em Lisboa. Chama-se Pippo e é um local onde os três decidiram misturar um pouco da cozinha dos seus países natal.
Cecchetti, italiano de 36 anos e Ritter, suíço de 44, são amigos de longa data. Juntos, abriram o Ippolito & Maciste, um wine bar na Rua da Esperança. A poucos passos, em março de 2023, Yann Rotundo, de 33 anos, abria na mesma rua o Maluca, um espaço conhecido pelos pratos de partilha.
Os três acabaram por tornar-se amigos e a ideia de unirem esforços acabou por surgir naturalmente. Quando Cecchetti e Ritter fecharam definitivamente o bar em Lisboa para o levarem até à Ericeira, decidiram que essa podia ser uma oportunidade para criar algo novo na capital — com a ajuda de um novo parceiro. Entre avanços e recuos, acabaram por fechar o conceito (e o nome) no Pippo, em soft opening desde 12 de julho.
A localização do novo espaço nunca foi uma questão em aberto. Sabiam bem o que queriam. “Vivemos na zona de Santos e gostamos do ambiente familiar e de comunidade que quem vive aqui partilha. Queríamos abrir cá um espaço onde os clientes habituais pudessem beber um copo e petiscar alguma coisa.”
A escolha do espaço aconteceu de forma inesperada, durante um jantar de amigos “entre muitos copos”. “Sabia que este espaço estava disponível e à uma da manhã enviei mensagem ao proprietário para ficarmos com ele. Começou com uma brincadeira de amigos e acabámos com um restaurante num local incrível, que mantém ainda a traça original e onde conseguimos receber 30 clientes”, diz Cecchetti.
O Pippo, que só será inaugurado oficialmente a 17 de outubro, é um “mix entre um bar e um restaurante”. “Abrimos à tarde para que quem trabalha ou vive na zona possa passar e beber um copo e, se quiser, prolongar a bebida e ficar a jantar”, explicam.
O nome, diminutivo de Filippo, é uma homenagem a um amigo italiano em comum que vive em Roma e “faz uns super cocktails”. “Além disso, combinava com Ippolito, o nome do nosso antigo espaço, onde nós os três nos conhecemos”, referem.
A carta de snacks é curta, mas “tem um pouco de tudo”. Para acompanhar com uma imperial ou um copo de vinho natural, sugerem pão de fermentação natural, manteiga de alho e manjericão (4,50€), bolinhas de parmesão com tomate San Marzano e anchova (4,50€) ou um taco vegetal com porchetta e pimento (7€).
No campo das pizetas (pizzas com cerca de 20 centímetros e feita com farinha italiana) destacam a clássica carbonara com provola fumada e guanciale (11€) e outras mais originais como a de almôndegas e atum fresco, tomate e beringela (14€) ou a de creme verde, kale e stracciatella fumada (12€). No Pippo, a tradição não entra. “Tentámos colocar a nossa identidade nas receitas e usamos ingredientes frescos portugueses e outros, como o queijo e a farinha, trazemos diretamente de Itália”, explicam.
A ideia passa por “pôr toda a gente a partilhar comida”. “Não temos propriamente entradas ou pratos, porque queremos que seja uma experiência, onde todos provem algo diferente. O objetivo é que venha tudo para a mesa e partilhem entre amigos.”
Este desejo é visível também na carta de bebidas. “Não temos os cocktails habituais num espaço italiano. Desenhámos uma lista onde se destacam as infusões que fazemos cá. É o caso da tequila infundida com habanero ou Negroni com infusão de café.” As criações são assinadas por Roni Hernandéz, o barman que todas as semanas faz algo novo com as frutas da época.
Tal como nas bebidas, também a comida vai mudando consoante a estação. “Preferimos ingredientes sazonais e a ideia é ir acrescentando pratos novos à carta. Por exemplo, assim que chegar o inverno queremos ter pratos mais de conforto”, avançam.
A decoração do espaço também muda com frequência. Os sócios decidiram começar com algo simples onde se destacasse os tetos e paredes no tijolo original. Depois foram adicionando detalhes retro, como as cadeiras quadradas, num tom de madeira mais sóbrio. Porém, um dos responsáveis adora arte e objetos vintage e vai acrescentando apontamentos diariamente ao espaço — seja uma planta, um quadro ou um animal em madeira. “O Marco adora decoração e todos os dias acrescenta algo novo ao restaurante. Nunca sabemos o que vamos encontrar de novidade quando aqui chegamos”, diz Cecchetti.