Os apreciadores da boa comida japonesa têm um novo spot de paragem obrigatória. Chama-se Ramen Station e é literalmente uma estação, inspirada nos movimentados terminais de comboios do Japão. O restaurante em Benfica abriu a 26 de setembro, mas só foi inaugurado esta quinta-feira, 10 de outubro e é o mais recente projeto dos amigos António Carvalhão e João Azevedo Ferreira, proprietários do Ajitama.
Donos de dois espaços de sucesso em Lisboa, António e João, de 40 e 41 anos, decidiram que estava na hora de “democratizar o ramen”. “Ao contrário do que se possa pensar, é a comida mais consumida no Japão e queremos que em Portugal siga o mesmo caminho, por isso, decidimos criar um conceito que, ao contrário do que acontece no Ajitama, possa ser uma opção para almoçar uma ou mais vezes por semana”, explicam à NiT.
Os dois viveram na Ásia, por diferentes motivos, durante longas temporadas. António morou em Hiroshima, no Japão, em 2006, na sequência de um programa de intercâmbio estilo Erasmus. Já João esteve na China, com idas quinzenais ao Japão, entre 2010 e 2014. Nestes períodos, a dupla apaixonou-se pelo ramen.
“A única forma de provarmos esta receita era quando viajávamos, visto que, na altura, não se encontrava em Portugal. Decidimos então, em dezembro de 2015, criar um projeto em que fosse protagonista, não só para o podermos comer com maior facilidade, mas também porque pensamos tratar-se de uma boa oportunidade de negócio. Podíamos ser os primeiros a trazer a especialidade para cá”, acrescenta.
Para se prepararem, passaram os 13 meses seguintes em testes e a aprender tudo o que podiam, através de livros e vídeos no YouTube. “Fizemos provas em casa todos os fins de semana até considerarmos ter um bom produto para apresentar. Inicialmente, chegávamos ao cliente em formato supper club, com o qual recebemos 12 pessoas em casa, por um ano e meio, todos os sábados.”
O sucesso foi tal que acabaram com mais de 1.800 pessoas em lista de espera. Nesse momento, decidiram que estava na hora de abrir um restaurante. Voltaram ao Japão para tirar um curso profissional de cozinha japonesa e, em janeiro de 2019, o gestor e o economista abriram o primeiro Ajitama. Em 2022, inauguraram a segunda casa, onde a filosofia era a mesma: “fazer tudo de raiz, desde os caldos cozinhados, alguns deles por pelo menos 18 horas, aos temperos caseiros. Sem pozinhos”.
Quando abriram os primeiros espaços, nunca imaginaram tamanho sucesso e, por isso, as cozinhas revelaram-se “curtas” para tanta procura. Antes de equacionarem abrirem um novo restaurante, sabiam que precisavam de um novo “laboratório”. Quando encontraram o espaço em Benfica perceberam que ali, além do novo conceito, poderiam criar a base da cozinha da marca.
Inspirados na experiência japonesa que viveram, criaram um restaurante muito semelhante aos que se veem nas estações de comboio do país. “Por exemplo, em Tóquio, os terminais têm muito comércio e serviços. Há cabeleireiros, mercearias e restaurantes. E em cada um deles, os fatores comuns são o serviço rápido e os preços acessíveis sem pôr em causa a qualidade e os parâmetros exigentes que têm. Muitos dos espaços de restauração são incríveis e alguns até têm estrelas Michelin. Queríamos recriar esse conceito cá”, explicam.
E assim que entramos no Ramen Station parece realmente estamos numa paragem de comboio no meio do Japão. Há pegas suspensas para os clientes se agarrarem antes da viagem pela cozinha asiática. Depois processa-se tudo rápido. Assim que os visitantes chegam, aguardam num dos 24 lugares disponíveis do restaurante. Depois podem ir ao balcão, fazer o pedido, o pagamento e, em oito minutos, recebem a taça na mesa.
“Os pratos têm um preço mais baixo do que nos Ajitama, mas a qualidade não está comprometida. E conseguimos garantir este preço com o mesmo sabor porque não temos o serviço de mesa nem de bebidas. É um conceito muito simples”, referem os proprietários.
Os menus estão espalhados em ecrãs por cima do balcão de serviço. Nas entradas há apenas gyozas, recheadas com frango ou vegetais e servidas com molho caseiro; e edamame. Nas propostas de ramen há apenas três versões: Amazing Shio (9,90€), Incredible Miso (11,50€) e Sublime Vegan (11,50€).
O primeiro é um clássico nas ruas de Tóquio e é feito com noodles frescos de espessura média, barriga de porco, ovo, bambu marinado e um toque de nori com manteiga. O segundo é mais robusto. É preparado com noodles frescos de espessura grossa, tare de miso branco, barriga de porco e ovo. “Nesta opção é possível adicionar três níveis de picante caseiro, com pimentas sancho e togarashi.” O último é feito à base de um caldo de vegetais ao qual acrescentam os noodles, espinafres, cogumelos e baby corn.
Enquanto aguardam pelo pedido, os clientes podem ver como são feitos os noodles, atrás da parede de vidro instalada na loja. “Fazemos diariamente as massas frescas neste espaço e agora a parte positiva é que todos podem apreciar o processo.”
Para sobremesa têm apenas mochis, disponíveis em três sabores distintos: manga e maracujá, chocolate com avelã e outro de framboesa. Com a nova abertura aproveitaram para criar também uma cerveja artesanal (3,95€) que é “uma infusão de uma Pale Ale com alga Kombu”.
“O stock esgotou em três dias, tem sido um sucesso por esta estação.” Mas não é a única opção. Na lista encontra a cerveja japonesa Knrin (3,40€), uma simples imperial (1,75€) ou copos de vinho branco ou tinto por 2,95€. Sem álcool, destacam as limonadas e o chá-verde (1,95€).
O próximo objetivo é abrir um Ramen Station em cada bairro. A paragem seguinte está a ser construída no Campo Pequeno e esperam que esteja em funcionamento ainda em 2024.
