Queijo da Serra. É este o ingrediente especial que faz das bifanas do Triângulo da Ribeira um petisco irresistível para portugueses e turistas, conforme atesta a votação da NiT que procurou eleger a melhor das melhores. Os leitores votaram e os resultados não mentem.
A disputa foi renhida. De um total de 11.219 votos, o vencedor conquistou a preferência de 44,89 por cento dos participantes, o que equivale a um total de 5036 votos favoráveis. Em segundo lugar ficou O Sinal, com 44,26 por cento e, no terceiro posto, As Bifanas do Afonso, com 2,67 por cento das avaliações.
Aberto há 40 anos, o Triângulo da Ribeira é um negócio de família. A 28 de agosto de 1984, Victor Creado, então com 16 anos, inaugurou o espaço ao lado dos pais. “O meu pai trabalhava numa fábrica e a minha mãe era dona de casa. Eventualmente, ele acabou por ficar desempregado e havia dois filhos para criar, por isso pensaram em abrir um espaço comercial. Naquele tempo existiam várias empresas que tinham casas para arrendar, eles viram-no lá disponível e aproveitaram”, relembra o proprietário de 57 anos.
Com apenas oito metros quadrados, o espaço em frente ao Mercado da Ribeira, deve o nome ao seu formato triangular. Nos primeiros anos, Victor ainda conciliava o trabalho com os estudos, mas ao completar o 11.º ano teve de deixar a escola para se dedicar ao negócio.
No menu há pregos e um sem fim de salgados, mas as bifanas são as estrelas da casa. O segredo? Está no queijo.
“Um dos fatores que faz grande diferença é o facto de usarmos queijo da Serra na nossa receita”, confessa Victor. Inicialmente, era a mãe quem preparava o prato, inspirado numa receita tradicional da Beira Baixa, de onde era natural. Com o tempo, toda a família aprendeu a confecionar as bifanas e hoje é Victor quem assume a cozinha.
A fama das bifanas começou a crescer há cerca de 10 anos, com a maior afluência de turistas à zona e a abertura de novos negócios vizinhos. Apesar do sucesso do conceito original, o proprietário quis inovar e, há cinco anos, decidiu juntar o queijo da Serra às bifanas.
Atualmente, saem da cozinha cerca de 250 bifanas por dia, o que obriga Victor a comprar aproximadamente 24 quilos de carne diariamente. Entre os clientes, a divisão é equilibrada: “Antes tínhamos muito mais portugueses, mas as pessoas começaram a ir embora e os turistas substituíram-nos.”
Victor acredita que o sucesso está na qualidade da carne e na simplicidade da receita. “Prefiro comprar carne mais cara e garantir que ofereço o melhor produto. A base da nossa receita é o alho, vinho branco e o resto fica na mente das pessoas.” As bifanas são ainda acompanhadas por um “molho secreto”, cuja fórmula o proprietário se recusa a revelar.
Cada bifana custa 2€ e é servida com a “garantia de sabor e frescura”. Contudo, Victor diz que o verdadeiro segredo do Triângulo da Ribeira não está na cozinha. “Nós podemos ter a melhor carne e temperos do mundo, mas sem os nossos clientes não somos nada. O nosso grande e verdadeiro segredo são eles.”